A terapia sexual não existe somente para quem está com problemas! Ela também ajuda o indivíduo a conhecer melhor o seu próprio corpo e obter recursos para aprimorar sua sexualidade e vida sexual. Precisar de terapia sexual não é vergonha!
A cantora brasileira Rita Lee sempre foi musa em quebrar padrões. Em 2003, ela cantou um dos maiores tabus que já existiu: o sexo.
“Sexo é imaginação, fantasia | Amor é prosa | Sexo é poesia”
Amor e Sexo – Rita Lee, 2003
Mesmo com toda a liberdade sexual que os anos 60 promoveu com o movimento hippie e o icônico Woodstock, o tabu com o sexo ainda existe e gera todo o tipo de problemas e preconceitos para falar do assunto e resolver possíveis transtornos.
O médico psiquiatra brasileiro Flávio Gikovate, especialista em sexologia humana, comentou que ainda falta muito para nos livrarmos dos preconceitos que circulam em torno do sexo e de sua prática. Gikovate sempre teve como preocupação desmistificar o tema e trazê-lo de forma didática e familiar para o público.
O que é sexologia?
O sexo está presente na vida do homem desde a sua origem. Nada como uma área específica para estudar a fundo a psicologia humana por trás das manifestações sexuais. A esse área deu-se o nome “sexologia”.
Ela estuda o comportamento, pensamento e emoção humana com foco no desenvolvimento sexual e nos aspectos fisiológicos, psicológicos, médicos, sociais e culturais em que eles atuam. Ela atua nos conhecimentos sobre o sexo e a saúde, prevenção de doenças, controle de natalidade, disfunções, entre outros.
Sexo e Sexualidade
Esses dois termos são geralmente muito confundidos entre os leigos, mas saiba que eles são diferentes! Entende-se por “sexo” as características físicas e fisiológicas que diferem o feminino do masculino. A sexualidade, entretanto, é a conexão afetiva. São as sensações, descobertas, experiências e o prazer gerado a partir delas.
O que é terapia sexual?
A terapia sexual trabalha a sintonia sexual do casal e no conhecimento e desenvolvimento sexual individual. Tem como objetivo proporcionar melhoras da sexualidade como um todo: fisicamente, psicologicamente e emocionalmente.
Além disso, ela ajuda na comunicação com o(a) parceiro(a) e no tratamento de problemas psicológicos. Quando há problemas físicos, o encaminhamento para o médico é recomendado. A terapia sexual não existe somente para quem está com problemas. Ela também auxilia o indivíduo a conhecer melhor o seu próprio corpo e obter recursos para aprimorar sua sexualidade e vida sexual.
Quando o aconselhamento sexual é necessário?
1 – Presença de disfunções
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a saúde sexual é um estado de completo bem-estar físico, emocional, mental associado à sexualidade e não só à ausência de doença ou enfermidade”
O médico neurologista e importante psicólogo austríaco Sigmund Freud (1856-1939), considerado o pai da psicanálise, foi o primeiro a investigar as causas das disfunções e problemas relacionados ao sexo. Ele recebia diversos adultos se queixando de problemas. Sua alternativa, então, foi investigar as origens na infância.
Algumas pessoas possuem disfunções, ou seja, algo de origem orgânica não está funcionando como deveria. Disfunções sexuais femininas incluem: desejo sexual hipoativo, aversão sexual, pertubação de excitação sexual, pertubação do orgasmo, dispaurenia, anorgasmia e vaginismo.
As disfunções sexuais masculinas mais populares são: a impotência sexual, a perturbação de desejo sexual hipoativo, disfunção eréctil, ejaculação precoce, anejaculação, disfunção erétil psicológica, ejaculação retrógrada, ejaculação asténica, ejaculação retardada, inibição do orgasmo masculino e dispaurenia.
Nesse caso, a terapia sexual é fundamental para investigar se as causas dos problemas sexuais estão na área orgânica. O terapeuta irá indicar o paciente para médicos especialistas, como o ginecologista e urologista, para investigar o problema através de exames. A presença de disfunções deve ser tratada conforme as orientações médicas, unida com a terapia cognitiva sexual a fim de auxiliar o paciente a lidar com as consequências dos problemas orgânicos na sua vida sexual.
2 – Sentir dor na hora H
Saúde e Sexologia estão intimamente ligadas. É essencial que o cuidado exista em cada momento da vida, especialmente nessa área tão pessoal e que reflete em todas os outros setores da vida.
Qualquer desconforto ou dor durante o sexo traz grandes consequências psicológicas, emocionais e físicas. Por isso, é preciso compartilhar com o terapeuta sexual como é a dor e em que momento ela aparece. Assim, o profissional irá encaminhar o caso para médicos especialistas e, simultaneamente, acompanhar as análises e tratar da saúde mental desses pacientes.
3 – Estresse na vida pessoal e profissional
O estresse pode ser um grande desestimulante sexual. Quando as preocupações ocupam a mente, sobra pouco espaço para outras áreas da vida, e aquelas relacionadas ao prazer acabam sendo deixadas por último. O estresse e ansiedade no sexo é mais comum do que se pensa.
Se não houver razão orgânica, o terapeuta sexual vai investigar o que pode causar o problema. O estresse profissional e todas as pressões atreladas a ele é um dos maiores causadores de problemas na cama e pode desencadear na falta de desejo sexual. Por isso, sempre comunicar o(a) parceiro(a) sobre as angústias já é um grande passo para a cura. O terapeuta facilitará essa comunicação, promoverá o autoconhecimento e traçará técnicas que façam o estresse ser reduzido.
4- Dificuldade em sentir prazer
Seja por falta de sintonia e perda de interesse no(a) parceiro(a), ou até por conta de disfunções de causa orgânica, a dificuldade em sentir prazer e atingir o orgasmo pode afetar muita gente na hora H.
O Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo (Prosex), realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo concluiu que 55,6% das mulheres têm dificuldade para chegar ao orgasmo. Entre elas, 67% responderam que têm dificuldade para se excitar.
Por isso, não exite em procurar ajuda caso esteja com dificuldade em sentir prazer na hora do sexo. Prazer em primeiro lugar, sempre!
5 – Falta de conhecimento sobre sexo e sobre o próprio corpo
Às vezes, os problemas encontrados em quatro paredes não estão relacionados nem à disfunções e dores ou a estresse. Muita gente não conhece o próprio corpo ou os próprios desejos. Autoconhecimento é fundamental no sexo, já que realizar as fantasias e sentir prazer – assim como proporcionar isso ao outro – é a chave.
A terapia sexual promove esse tipo de autoconhecimento. Ela partilha informações, ensina e desperta a noção corporal e emocional. Muita gente acha que a terapia sexual envolve toque e o ato sexual em si, mas está longe disso. Ela trabalha com o diálogo.
6 – Histórico de traumas
A psicoterapia sexual pode ser feita com o casal ou individualmente, e ambas promovem resultados positivos. Muitas pessoas que sofreram grandes traumas na vida, como abuso sexual ou outros tipos de episódios negativos e marcantes, desenvolvem uma grande trava na hora de se relacionar com outras pessoas ou até mesmo ao despertar a própria sexualidade.
Pessoas que atrelam momentos ruins ao sexo podem se sentir menos, ou completamente, sem vontade de construir uma vida sexual saudável, não por não desejarem, mas por serem obstruídas pelos traumas. A terapia sexual identifica esse histórico e promove, sozinha ou atrelada à outras psicoterapias, uma análise em busca da cura.
7 – Falta de comunicação com o(a) parceiro(a)
Seja por medo do julgamento ou por falta de vontade, muitas pessoas constroem imensos muros entre elas e os(as) parceiros(as). Isso quebra a sintonia do casal e não alimenta nenhum tipo de desejo, pois muitas pessoas sentem medo de compartilhar fantasia por medo de serem julgadas.
Na terapia sexual, os medos são trabalhados e a habilidade em se comunicar com o outro, também.
A sexualidade influencia diversos aspectos da nossa vida: os pensamentos, sentimentos, ações, laços e a saúde física e mental. É por isso que, se algum problema existir nesse quesito, afetará mutias outras áreas da vida. Procurar ajuda é o primeiro passo para uma vida saudável mais prazerosa.
Você também pode descobrir se o seu relacionamento está precisando de terapia de casal. Confira!