Limitações. Essa é a palavra-chave que surge como justificativa para certos impasses para a mulher no mercado de trabalho. Porém, como ainda conseguem defender essas limitações? Afinal, uma simples observação dos dados iria explicar o contrário.
De acordo com o estudo “Estatísticas de gênero — Indicadores sociais das mulheres no Brasil“, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres possuem maior escolaridade que os homens. Na população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo, elas representam 16,9%, enquanto eles 13,5%.
Ainda, ao tratar sobre a situação da mulher no mercado de trabalho, é possível observar que as mulheres trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens – isso inclui trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas.
Mesmo assim, elas ainda recebem 76,5% do rendimento dos homens, na média. A diferença de rendimentos habitual médio mensal é de R$ 542, já que elas recebem R$ 1.764, enquanto eles ganham R$ 2.306.
Então, como explicar essa diferença? O preconceito contra a mulher está evidente, porém, isso não é algo que ocorre somente agora. Para tal, vamos precisar realizar uma análise histórica dos fatos para compreender isso.
O trabalho da mulher na história
Nos dias de hoje, é comum ver a mulher trabalhando em escritórios e grandes empresas, entretanto, o cenário nem sempre foi assim. Ao retratar a relação entre mulher e trabalho, é necessário ter em mente que essa função por muito tempo ocorria somente no âmbito de casa. Ou seja, durante muito tempo, o dever delas era cuidar do lar e da família.
Entretanto, essa situação mudou de forma mais radical na segunda metade do século 18. Durante a Revolução Industrial, as empresas começaram a adotar cada vez mais a mão de obra feminina para conseguir produzir toda a demanda que necessitavam. Além disso, vemos que o preconceito com mulheres e a desvalorização salarial datam já dessa época, uma vez que elas recebiam menos que os homens.
A situação da mulher e o mercado de trabalho no Brasil
Entretanto, como ocorreu a história da mulher brasileira no mercado de trabalho? Bem, apesar desse evento histórico, a completa utilização da sua mão de obra demorou muito mais tempo para ser implementada.
Somente em 1930, o decreto lei n° 24.417 versou sobre a situação das mulheres dentro do mercado de trabalho. Mesmo assim, somente na década de 40 que elas começaram a ocupar diferentes cargos, sendo isso impulsionado pelo aumento das siderúrgicas, petrolíferas, químicas, farmacêuticas e automobilísticas no país.
Entretanto, a participação da mulher no mercado de trabalho ainda era muito pequena. De acordo com dados do censo demográfico do IBGE, em 1950, os homens representavam 80,8% da população economicamente ativa do país, enquanto que as mulheres apontavam somente 13,6% na pesquisa.
As décadas seguintes foram marcadas pela evolução das mulheres no mercado de trabalho, mesmo que de forma gradual. Nesse sentido, o movimento feminista foi importante por conseguir impulsionar a pauta da mulher que trabalha, visando diminuir o tabu que existia.
Ainda, é importante trazer o valor da nova Constituição Federal de 1988. Com ela, foi autorizada a instituição da cidadania e dos direitos humanos para as mulheres brasileiras. Além disso, o país também passou a comemorar o Dia Internacional da Mulher no dia 08 de março.
A inserção da mulher no mercado de trabalho
O poder feminino tem se mostrado acentuado na evolução do mundo. Desde os tempos da indústria, as mulheres vêm ganhando espaço no mercado de trabalho. Nem todas mulheres sonham em ser mães (assim como nem todos os homens sonham ser pais).
Dessa forma, há também uma nova mentalidade feminina: aquela que procura por estabilidade financeira antes de constituir uma família.Essas mulheres lutam na área profissional. Elas são extremamente competentes, assim como qualquer homem, e estão ali não somente para alimentarem uma família, mas para buscarem a sua independência.
Os tempos evoluíram. Os homens não possuem o mesmo comprometimento com as esposas, como em épocas passadas. Logo, esse tipo de situação fez com que essas mulheres “arregaçassem as mangas” e fossem em busca do que acreditam e sonham construir, sem ter ninguém para sustentá-las.
Machismo no mercado de trabalho
Mesmo assim, o preconceito no mercado de trabalho continua. Uma pesquisa realizada pelo Brookings Institution mostrou que as mulheres formadas em tecnologia são melhores que os homens no desempenho de seus papéis.
Enquanto elas marcaram 48 pontos em um teste lógico, eles fizeram 45 pontos. Entretanto, as moças ocupam menos de 30% dos cargos da área e quase nenhuma na posição de liderança de equipe.
Dessa forma, é possível perceber inúmeros setores em que a inclusão das mulheres ainda é algo complicado. Desse modo, essa questão também é facilmente percebida na escolha das profissões pelos estudantes. Ainda existe certo estigma com as garotas que decidem cursar matérias de tecnologia, o que é refletido no número desproporcional de gênero dentro dessas classes universitárias.
A relação entre as mulheres e o trabalho
Como vimos, o mercado de trabalho para as mulheres é mais difícil. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os salários das mulheres são em média 24% inferiores aos dos homens que ocupam a mesma posição.
Isso ocorre principalmente por causa das crenças culturais que não se modificaram na sociedade. Ainda há o preconceito quanto a gravidez, a jornada dupla de trabalho, a ausência por se preocupar mais com a família do que com o emprego e as demais “mazelas” femininas.
No Brasil, as mulheres se dedicam mais aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas. De acordo com um dado de 2016 do IBGE, elas trabalharam cerca de 73% a mais de horas nessas atividades do que os homens (18,1 horas contra 10,5 horas).
Esse comportamento cultural se reflete na evolução da mulher no mercado de trabalho. Elas precisam conciliar o trabalho remunerado com essas atividades, o que, em muitos casos, resultam em trabalhos com carga horária reduzida.
O que pode ser feito pela mulher no trabalho para se destacar
Em primeiro lugar, seja honesta consigo mesma: você sabe o quanto vale e o quanto investiu em sua carreira. Tenha a coragem de pedir o justo. Em um emprego, a empresa não está fazendo favor nenhum favor. Aliás, vocês possuem uma relação mútua: enquanto você presta um serviço de qualidade, eles pagam pelo que você traz a eles. Lembre-se sempre disso.
Então, para diminuir a desigualdade no mercado de trabalho, acabamos selecionando alguns conselhos que podem ajudar o trabalho feminino a ganhar mais destaque:
- Se mantenha atualizada e com foco no estudo constante;
- Dê opinião. Mesmo que alguém tente te cortar, peça a palavra educadamente e com respeito para prosseguir com seu pensamento;
- Não se cale diante de assédios;
- Atue com respeito. Não faça piadas machistas, nem dê liberdade para tal;
- Deixe claro sua vontade quanto ao profissional;
- Busque apoio psicológico para cuidar da sua saúde mental.
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