“Daqui 2 anos ele vai ser outra pessoa, vai chegar aqui e nem vai reconhecer a gente”.
A frase retirada do filme Benzinho, de Gustavo Pizzi, retrata a preocupação do pensamento de uma mãe que se vê diante da partida de um dos seus filhos de casa.
Vencedor como melhor filme no Festival de Málaga, Benzinho aborda o medo da mãe em ver seu filho longe de casa. Mas esse sentimento de medo vai muito além das preocupações normais, ele chega ao ponto de desespero e depressão, caracterizando assim a Síndrome do Ninho Vazio.
É a sensação de perda e solidão. São tantos anos da vida dedicados à família que muitas pessoas não pensam na possibilidade de algum dia estarem sozinhas. E é com este sentimento de vazio que muitos pais se deparam ao verem seus filhos crescer e deixarem o lar.
As maiores vítimas dessa síndrome são as mulheres, que se dedicam com maior afinco aos filhos e à sua formação. Perder a rotina de diálogos e cuidados com seus filhos deixa um vazio que muitas vezes não é fácil de controlar e atinge proporções que causam problemas psicológicos, desestabilizando o emocional da pessoa.
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Ninho Vazio – Psicologia
Ninho Vazio – NV, diz respeito ao período em que os filhos deixam a casa de seus pais para seguirem seus objetivos de vida.
Síndrome do Ninho Vazio – SNV, corresponde ao sofrimento que esses pais terão por ter seus filhos longe do lar, é algo além de uma simples saudade dos filhos.
Vale ressaltar também que pais com mais de um filho podem desenvolver a síndrome até mesmo quando somente um dos seus filhos saiu de casa e os outros permanecem.
O que é Síndrome do Ninho Vazio
Essa síndrome se caracteriza pelo início de um quadro depressivo ao ter que lidar com a partida dos filhos, ou seja, quando eles não ocupam mais a mesma moradia que os pais.
Os pais perdem a sua função antes exercida na criação dos filhos, e isso pode afetar diretamente o psicológico deles. A maturidade embora tenha sido desejada durante o processo de amadurecimento dos filhos, passa a ser motivo pelo qual estes pais se veem na solidão, e muitas vezes sem perspectiva do que fazer para seu futuro, perdendo até mesmo a visão do casamento depois dos filhos irem embora, já que todos os planos englobavam a participação de seus filhos, pois esta foi a rotina por muitos anos.
Sentir saudades de filho distante não é algo fora do comum, e se preocupar também não. Porém quando falamos da síndrome, estes sentimentos são na verdade de sofrimento e depressivos, onde se tornam recorrentes e causam até mesmo dores e reações físicas nos pais.
A psicóloga mestra no assunto, Adriana Sartori, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, realizou um estudo onde identificou que a cultura influencia muito na decorrência da síndrome, pois em países onde os pais crescem com a consciência da separação de seus filhos, o número de pessoas atingidas pelo problema é muito menor, não causando grandes conflitos quando os filhos vão embora de casa.
Entretanto, o mesmo estudo aponta que em culturas onde a mulher é a principal influência familiar, e a mesma dedica a sua vida a criar seus filhos, a Síndrome do Ninho Vazio se torna mais comum. Contudo esses dados não excluem as mães que trabalham fora de casa de desenvolverem a síndrome, pois o que importa não é somente a rotina e sim o vínculo de dependência e responsabilidade criados durante o crescimento das crianças. Por esses motivos, a mulher também é a mais atingida com a síndrome.
Outras ocorrências naturais da vida também podem impactar e se tornarem auxiliadoras no desenvolvimento da Síndrome de Ninho Vazio pois elas costumam acontecer durante o mesmo período em que os filhos se separam de seus pais, como por exemplo a menopausa e a aposentadoria.
Notou-se também com a pesquisa que o número de homens afetados com a Síndrome do Ninho Vazio aumentou nos últimos anos.
Síndrome do Ninho Vazio – Casamento
O casamento pode ser afetado com a Síndrome do Ninho Vazio caso este não foi bem estruturado.
Adriana Sartori, também explica:
“Não é difícil haver divórcios nessa fase porque muitos não suportam a pressão de se verem frente a frente com o parceiro. Perderam a intimidade, não sabem o que o outro gosta e só se enxergam como pai e mãe. Tudo isso faz o casamento perder sentido.”
Mas há também casais que se tornaram mais fortes com a experiência de estarem a sós novamente, pois souberam buscar no tempo livre atividades em comum para realizarem.
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Síndrome do Ninho Vazio – Sintomas
A Síndrome do Ninho inicia com uma leve tristeza, que se agrava cada vez mais ao decorrer dos dias, tornando-se assim geralmente, um quadro depressivo. Não é necessário que todos os sintomas apareçam para se caracterizar com a síndrome, porém os mais comuns são:
- depressão;
- vício em jogo;
- vício em álcool;
- transtornos de impulsividade;
- cansaço excessivo;
- dores musculares extremas.
Síndrome do Ninho Vazio – Tratamento
O principal fator que acarreta essa dor de perda sentida pelos pais que desenvolvem a Síndrome do Ninho Vazio é a falta de preparo antes que isso aconteça. Ou seja, é importante que todo pai crie a consciência de separação ao decorrer da criação de seus filhos.
Antes de qualquer conselho de tratamento, é importante que todos pais já façam desde o início a prevenção, a qual pode ser realizada por meio de modos mais saudáveis de vida como: saída com amigos, continuar fazendo planos para eles mesmos desde viagens a estudos nas áreas de interesse.
Síndrome do Ninho Vazio – como lidar
Mas, para quem está em crise emocional e quer saber como superar a Síndrome do Ninho Vazio, é imprescindível a procura de um psicólogo e a participação de todos os envolvidos no tratamento. Portanto, os filhos também terão um papel fundamental na conscientização de seus pais sobre o seu novo modo de vida e objetivos. Os pais terão que procurar também novas atividades e foco em suas vidas, e compreenderem que este momento é, na verdade, uma transição necessária que beneficia a todos da família, pois é a prova de que o filho amadureceu e é a hora deles retomarem seus planos mais pessoais.
Não há muitos estudos sobre a Síndrome do Ninho Vazio no Brasil, o que dificulta ainda mais o seu diagnóstico, mas qualquer sintoma de dor e tristeza excessiva com a saída do filho de casa, recomenda-se a procura de um psicólogo para o tratamento adequado.