Um dos maiores inimigos da AIDS é o preconceito. Entenda a diferença entre HIV e AIDS, do que se trata a doença e seu tratamento.
Quem assistiu Freddie Mercury se apresentar nos palcos, nunca esqueceu a energia e o poder que sentiu daquele cantor que marcou uma geração. O Queen foi uma das maiores bandas de todos os tempos e Freddie se consagrou como cantor, produtor, compositor e um showman como poucos antes ou depois de seu tempo. Farrokh Bulsara era o nome que constava em sua certidão de nascimento, mas ao adotar Freddie Mercury, foi genial em tudo o que fez: sua voz alcançava notas surpreendentes e, principalmente, o coração das pessoas. Apesar de toda a sua energia e vigor, ele teve um inimigo mortal: a AIDS.
Embora soubesse que o seu destino poderia estar selado, afinal, na década de 80 a AIDS ainda não tinha tratamento, Freddie decidiu que a doença poderia levar a sua vida, mas não a sua luz e protagonismo. Ele manteve o diagnóstico em segredo da mídia e dos fãs por anos e só confidenciou o seu quadro à banda e pessoas próximas: “Vocês provavelmente sabem qual é o meu problema. Bem, é isso. Eu não quero que isso faça qualquer diferença. Eu não quero que as pessoas saibam disso. Eu não quero falar sobre isso. Eu só quero trabalhar até cair. E eu gostaria que vocês me apoiassem.” O guitarrista do Queen e amigo de Freddie, Brian May, explica que essa foi a única conversa que tiveram sobre o assunto. “Mentimos descaradamente para proteger sua privacidade, conta May.
Não há tempo para nós, não há lugar para nós. O que é essa coisa que constrói nossos sonhos e vai para longe de nós? Quem quer viver para sempre? Quem quer viver para sempre? (Who Wants to live forever – Queen)
Houve um tempo em que descobrir que se tinha o vírus da AIDS era receber um atestado de óbito. Em 1981, a AIDS foi reconhecida como doença, embora ela seja bem mais antiga do que isso, com pesquisas desde antes de 1930. O primeiro caso de morte por AIDS comprovado foi em 1959 e a primeira droga criada para auxiliar o tratamento da doença, o AZT, só foi criada em 1987, ou seja, a AIDS teve tempo de sobra para que fazer milhares de vítimas. Freddie Mercury foi uma delas. O cantor teve broncopneumonia, acarretada pela AIDS e faleceu 24 horas após fazer um comunicado oficial informando a mídia e os fãs de sua doença.
“Seguindo a enorme comoção da mídia nas últimas duas semanas, eu gostaria de confirmar que fui testado como soropositivo e tenho AIDS. Eu senti que era melhor manter isso privado até agora para proteger a mim e aqueles ao meu redor. No entanto, chegou a hora de meus amigos e meus fãs saberem a verdade, e espero que todos se juntem a mim e aos meus médicos na luta contra essa terrível doença. Minha privacidade sempre foi importante para mim e sou famoso por minha falta de entrevistas, por favor, entendam que essa política continuará”.
Qual a diferença entre HIV e AIDS?
O que é ser soropositivo? o que é AIDS? O que é HIV? Essas são as perguntas mais frequentes, já que há muita confusão entre os termos.
O portal do Dr. Drauzio Varella explica:“AIDS, ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é uma doença infecto-contagiosa causada pelo vírus HIV (Human Immunodeficiency Virus), que leva à perda progressiva da imunidade. A doença – na verdade uma síndrome – caracteriza-se por um conjunto de sinais e sintomas advindos da queda da taxa dos linfócitos CD4, células muito importantes na defesa imunológica do organismo. Quanto mais a moléstia progride, mais compromete o sistema imunológico e, consequentemente, a capacidade de o portador defender-se de infecções”.
Ou seja, há diferença entre ter HIV e ter AIDS. Uma pessoa pode ser portadora do vírus HIV mas não desenvolver a doença, AIDS.
HIV = vírus da imunodeficiência humana
AIDS = síndrome da imunodeficiência adquirida
AIDS e transmissão
Um dos maiores inimigos da AIDS e do HIV é o preconceito. É importante dar início a esse artigo chamando a atenção para um grande equívoco sobre o tema: AIDS não é sinônimo de libertinagem.
O tabu cultural acerca da doença perfaz o pensamento de que somente o comportamento libertino e daqueles que não mantêm um relacionamento estável estão sujeitos a virarem soropositivo. O que é completamente errôneo, já que indivíduos em um relacionamentos estáveis e duradouros, ao confiarem totalmente em seus parceiros, deixam de se prevenir e podem descobrir que são portadores do vírus HIV e, desenvolverem a AIDS.
Pessoas portadoras do HIV não estão nessa condição por falta de caráter ou má conduta, pois são vítimas da ignorância da sociedade em que estão inseridas.
A transmissão do HIV depende do contato com as mucosas ou com alguma área ferida do corpo. Diferentemente do que muita gente pensa, o vírus “não se transmite por suor, beijo, alicates de unha, lâminas de barbear, uso de banheiros públicos, picadas de mosquitos ou qualquer outro meio que não envolva penetração sexual desprotegida, uso de agulhas ou produtos sanguíneos infectados. Existe também a possibilidade da transmissão vertical, ou seja, da mãe infectada para o feto durante a gestação e o parto (aids congênita)”, explica o portal de Drauzio Varella.
AIDS e tratamento
Freddie Mercury morreu em 1991. Quatro anos depois, em 1995, o coquetel de medicamentos para tratar a AIDS começou a ser prescrito. “A possibilidade de associar várias drogas diferentes, entre elas o AZT, mudou por completo o panorama do tratamento da aids, que deixou de ser uma moléstia uniformemente fatal para transformar-se em doença crônica passível de controle”, informa o Dr. Drauzio Varella.
Infelizmente, a AIDS não tem cura. Mesmo que a pessoa seja somente portadora e não desenvolva AIDS, ela viverá para sempre com o vírus no corpo, ou seja ela poderá transmitir a doença para todos aqueles com quem tiver relação sexual sem proteção ou contato de alguma maneira com seu sangue, sêmen e fluidos vaginais.
Com a contaminação, o corpo do indivíduo passa a ter baixa imunidade pois o vírus ataca as células, principalmente a CD4, que se instala nelas e se multiplicam juntamente com elas.
O remédio mais popular para o tratamento são popularmente conhecidos como coquetéis e são responsáveis por inibir o avanço da proliferação do vírus, causando também o seu enfraquecimento. Atualmente, com os coquetéis e avançados métodos de tratamentos, os HIV-positivos podem conviver com o vírus por longos anos.
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Sintomas de AIDS
Quais os sintomas do HIV e sinais de AIDS? Tomar alguns sintomas como base para diagnosticar a doença não é recomendado. Não há como confiar nos sintomas para saber se tem ou não a AIDS. “Muitas pessoas que estão infectadas com o HIV não têm nenhum sintoma durante 10 anos ou mais. Algumas pessoas que estão infectadas com o HIV relatam ter sintomas semelhantes aos da gripe de 2 a 4 semanas após a exposição”, explica o UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS ) Os sintomas podem ser:
- Febre
- Aumento dos gânglios linfáticos
- Garganta inflamada
- Erupção cutânea / assadura
“Estes sintomas podem durar alguns dias ou várias semanas. Durante este tempo, a infecção pelo HIV pode não aparecer em um teste de HIV, mas as pessoas que o têm são altamente contagiosas e podem espalhar a infecção para outras pessoas”, explica a organização. O essencial é procurar uma entidade médica e realizar o teste de HIV.
Em 2017, cerca de 36,9 milhões de pessoas em todo o mundo viviam com HIV. O número ainda assusta, mas a boa notícia é que os coquetéis têm se provado bastante efetivos. Para que o número diminua, a prevenção deve existir com o uso da camisinha nas relações sexuais e a utilização de seringas descartáveis.
Freddie sempre foi muito mais do a sua doença. Embora tenha sido vítima da AIDS, ele nunca quis se tornar o que a doença causava. Sua luta contra a AIDS, assim como o preconceito, ainda ecoam nos dias de hoje e inspiram milhares de pessoas a se protegerem e a lutarem contra a doença. Mais do que apenas sobreviver, Freddie ensinou a viver, apesar do grave problema de saúde, afinal, como ele mesmo cantou, o show tem que continuar.