Última atualização em 17 de outubro de 2019
Anorgasmia pode ter causas psicológicas. Saiba como a terapia pode ajudar a tratar o problema!
No Brasil, 30% das mulheres confessaram que não têm orgasmo e 78,8% relataram alguma insatisfação na vida sexual. Parece assustador que tantas mulheres passem pelo problema, não? O dado divulgado pela psiquiatra e sexóloga brasileira Carmita Abdo coloca em questão um problema muito vivido, mas pouco discutido. E por quê não se discute sobre sexo, sendo que o sexo é um dos grandes pilares sociais desde que a humanidade é humanidade?
Para estudar o comportamento, pensamento e emoção humana com foco no desenvolvimento sexual e nos aspectos fisiológicos, psicológicos, médicos, sociais e culturais em que eles atuam é que a sexologia humana foi concebida. Ela atua nos conhecimentos sobre o sexo e a saúde, prevenção de doenças, controle de natalidade, disfunções, entre outros.
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Mas o fato é que, por mais que se tenham estudos, pesquisadores e especialistas para tentar solucionar as mais diversas disfunções sexuais, ainda há barreiras muito grandes, como o medo, vergonha e preconceito. Muitas mulheres fingem orgasmo para não desapontar o(a) parceiro(a); muitos homens escondem problemas sexuais por medo de ferir sua masculinidade. Esse pensamento embutido culturalmente e historicamente contribui para mais pessoas passando por problemas do tipo.
No dado exposto pela sexóloga Carmita Abdo, percebemos que milhares de brasileiras têm dificuldade de chegar ao orgasmo, o que representa uma grande parcela da sociedade que tem uma disfunção sexual e que não procura ajuda. A anorgasmia é real, existe e possui tratamento!
Anorgasmia: O que é? Quais as causas?
“A anorgasmia é a dificuldade recorrente e persistente, atraso ou falta, de se chegar ao orgasmo após estimulação sexual”, definem os médicos Lawrence C. Jenkins e John P. Mulhall. Dentre as possíveis causas da anorgasmia estão os fatores biológicos e psicológicos. Com relação aos fatores biológicos (orgânicos), o aparecimento de doenças sexualmente transmissíveis que causam incômodo, ardência ou dor na região genital, podem contribuir para a dificuldade de atingir o orgasmo. No caso da anorgasmia feminina, a falta de lubrificação também pode ser um contra.
Entretanto, causas psicológicas são as grandes vilãs da história e causam toda a sorte de situações incômodas para os pacientes, sejam eles homens ou mulheres. “O caminho para chegar lá requer uma profunda investigação de si: dos seus valores, das suas crenças, da sua história de vida e do jeito de se relacionar com os significados que dá para o sexo. Muitas vezes, achamos que estamos fazendo algo de errado ao ir para cama. Ou ao se masturbar. Essa é uma visão antiga, lá da Idade Média, época em que o sexo só era permitido para procriação e sentir prazer era considerado algo errado e sujo”, defende a sexóloga Laura Miller em seu artigo no portal da Bayer.
A sexóloga brasileira também aponta outra causa psicológica para a dificuldade de chegar ao orgasmo: a falta de conhecimento do próprio corpo, dos seus mecanismos de prazer e do jeito que a pessoa mais se sente confortável e estimuladas. “Descobrir esse jeito é algo feito mais facilmente durante a masturbação. Mas isso nos lança à outra dificuldade: cerca de um terço das mulheres, coincidentemente, acham que é errado se masturbar. No passado, até acreditava-se que a masturbação era uma prática nociva. Hoje sabemos que é algo saudável e importante para encontrar o caminho para o orgasmo. Mas, claro, ninguém é obrigada a se masturbar, não é mesmo? Vale para quem sente vontade”.
E quem é o especialista mais indicado para esses casos onde os fatores psicológicos são a fonte do problema? Laura Miller responde essa também: “Para ajudar em todas essas investigações necessárias, o especialista mais indicado é o psicólogo. Vale se encorajar e marcar uma consulta. E quanto ao relacionamento do casal, será que a falta de orgasmo feminino atrapalha? Pode até ser que sim, mas o importante aqui é a mulher não colocar mais esse item na lista de preocupações. Calma! Busque o tratamento necessário, não se cobre nem se culpe tanto, e seja mais feliz”.
Benefícios da ajuda psicológica para a anorgasmia
O tratamento psicológico para ajudar a combater a dificuldade de chegar ao orgasmo é pautado na investigação de causas, traumas, histórico e desejos do paciente. Durante esse processo cujo tempo não pode ser delimitado — tudo depende da linha da psicologia escolhida pelo especialista — é importante que o paciente se sinta confortável e disposto e colocar em prática as mudanças despertadas.
Quebra tabus sobre o sexo
Como apontamos anteriormente, um dos grandes impasses para o tratamento de transtornos e disfunções sexuais é a comunicação deles. Muitos homens sentem medo de perder sua masculinidade ao conversar sobre problemas enfrentados na hora h, enquanto as mulheres, sentem vergonha de falar sobre o assunto ou medo de desapontar. Como Laura Miller apontou, os dias atuais não precisam mais ter todo o estigma da Idade Média acerca dos pudores, corpo e sexualidade. Podemos e devemos desconstruir preconceitos e conhecer mais do que pode ser ou não saudável para o corpo e no ato sexual.
Trabalha questões passadas, como traumas e arrependimentos
Muitas pessoas que carregam qualquer trauma relacionado ao ato sexual ou puramente à sexualidade, sentem dificuldade de se desvencilhar desses episódios, por mais antigos e batidos que eles possam ser. Muitas vezes o paciente nem faz ideia que carrega um trauma. O abuso psicológico e sexual também dão as caras de maneiras sutis, fazendo vítimas sem que elas percebam.
Na terapia, o psicólogo vasculha esse passado e se aprofunda nas questões que podem ser o cerne do problema. Essa descoberta é fundamental para que o profissional possa aplicar as técnicas mais direcionadas àquele tipo de problema.
Promove o autoconhecimento
Quando um indivíduo tem consciência de suas próprias vontades, desejos e do funcionamento destes atrelados ao próprio corpo, ele se empodera. O empoderamento que o autoconhecimento promove faz com que menos pessoas sintam medo e vergonha de falar sobre seus corpos e sua sexualidade. Faz com que se sintam livres para experimentar e procurar meios em que o prazer consentido seja alcançado.
Com o autoconhecimento, o paciente sabe reconhecer quando algo não vai bem, quando alguma disfunção aparece e quando o corpo não responde da maneira esperada.
Trabalha a autoestima
A autoestima é a visão que temos de nós mesmos, ainda que inconsciente. É o valor e qualidades que relacionamos a nós mesmos, o conhecimento que temos de nossos potenciais e a maneira com que lidamos com as dificuldades diárias sem deixar para trás pedaços de nossa essência.
Trabalhar a autoestima faz com que o indivíduo tenha plena noção de seus potenciais, qualidades, possibilidades e talentos. Abraçam as oportunidades novas como merecedores delas e não duvidam de sua capacidade em aproveitá-las. O medo vira coadjuvante e a realização pessoal e sexual ganham valor.