Na obra “História da loucura” de Michel Foucault, o autor discorre sobre como aquilo que conceituamos como loucura foi sendo construído ao longo da história. O filósofo defende que o que chamamos de louco não é algo necessariamente biológico, mas sim reflexo de valores de determinada sociedade.

Na Grécia antiga, por exemplo, a loucura estava relacionada com a capacidade da pessoa conseguir comunicar-se com os deuses. Ou seja, não havia nenhuma necessidade de tratamento ou controle, pois essas pessoas eram consideradas visionárias e, até certo ponto, respeitadas.

A visão da loucura ao longo do tempo

A partir da Idade Média, na Europa, a loucura passou de um dom para castigo. As pessoas eram vistas como possuídas por seres infernais. Isso se devia, pois, uma nova moral estava sendo estabelecida, o cristianismo.

Na época do Renascimento, a loucura passou a ser considerada a expressão das forças da natureza. Entretanto, seu entendimento também sofreu transformações. Mais tarde, foi entendida como o reverso da razão e, depois, ainda chegou a ser designada como um conjunto de vícios, tornando-se adjetivo desqualificador.

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Já no século XVII, com o advento da Revolução Industrial, o lema era disciplina e produtividade. Nesse sentido, quem não cumprisse com tais ideais era visto como insano. Dessa forma, surgiram locais para poder internar essas pessoas.

Vale ressaltar que vários grupos também passaram por isso, como os pobres, mendigos, inválidos, pervertidos e criminosos. Basicamente, utilizavam dessa mecânica para todos aqueles que se enquadravam como escória da sociedade.

A loucura vista pela medicina

Nos séculos XVIII e XIX, a loucura passa a ser catalogada como uma doença oficial pela medicina. O “indivíduo louco” era vigiado constantemente e os castigos e punições eram em formas de correção.

Já no século XX chegam as formas de “novos tratamentos”, como: eletrochoques, banhos, afogamentos, surras, dentre outros. Houve também a introdução da lobotomia e o uso de sedativos para controlar o surto dos pacientes.

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Após a segunda guerra mundial, é inaugurada a era da psicofarmacologia por meio dos antipsicóticos e antidepressivos. Por volta da década de 1960 e 1970 surgem as lutas antimanicomiais, que somente foi sendo possível por meio da humanização dos tratamentos. Então, surgem as comunidades terapêuticas.

Terapia é coisa de louco?

Após esse brevíssimo histórico sobre como a loucura foi sendo vista ao longo do tempo, examinemos a seguinte pergunta: psicólogos só atendem quem está louco? É importante dizer que os psicólogos também auxiliam os chamados doentes mentais.

No entanto, a psicoterapia é boa para todas as pessoas, independentemente de serem portadoras de algum transtorno psiquiátrico grave ou não. Por meio dela, o autoconhecimento é a via possível.

Durante as sessões, as pessoas começam a falar de si e percebem como funcionam. O terapeuta vai ser de extrema ajuda a guiar nesse processo que não é nada fácil. Tanto um como o outro estão caminhando lado a lado. Um se revela e o outro aponta, assim constroem sentidos únicos para poder compreender a vida do paciente.

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É como se entrassem em um local escuro com uma lanterna. Cada faceta do ser vai sendo “iluminado e conhecido”. Dessa forma, será possível saber lidar melhor com a existência. Afinal, como lutar se não conhecemos as armas e nem recursos disponíveis?

Muitas pessoas não conseguem compreender as perturbações psíquicas. A depressão, por exemplo, é vista como preguiça ou vagabundagem. Submeter-se a um processo de psicoterapia, muitas vezes, é encarado como uma espécie de fraqueza. Conforme já dito, outros já associam imediatamente à loucura. E, infelizmente, os estigmas seguem.

Por outro lado, muitos desses preconceitos diminuíram. Atualmente, há muita informação nos meios de comunicação esclarecendo melhor sobre o processo de psicoterapia. A maneira de combater o preconceito é o conhecimento.

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Há vários métodos que os psicoterapeutas utilizam para tratar de seus pacientes. As abordagens mais conhecidas são os diversos ramos das psicanálises, a terapia cognitivo-comportamental e as linhas humanistas. Basicamente, cada uma delas parte de uma compreensão e visão de como é o ser humano e utiliza métodos diferentes nos tratamentos.

Mais do que a abordagem, uns dos fatores que mais importam no processo de psicoterapia é o vínculo e profissionalismo estabelecidos entre o psicólogo e paciente. O processo de entrega é muito delicado e exige tempo, dedicação, envolvimento e abertura.

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Desde que me formei em Psicologia em 2002, já iniciei meus atendimentos em consultório, onde estou até hoje. Logo em seguida fiz cursos na área clínica em Gestalt-Terapia e Psicoterapia Existencial. Dediquei-me também aos estudos de mestrado e doutorado voltados a Psicologia Social, Sexualidade e Envelhecimento. Além disso, sou plantonista voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) desde 1998, prestando apoio emocional, psíquico e prevenção do suicídio. É importante mencionar que atuei cinco anos como Psicólogo Clínico no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Quando solicitado, palestro em escolas, ONGs, etc. Em 2013 lancei o livro "Travestis Envelhecem?" e em 2017 o meu segundo, intitulado "Homofobia Internalizada: o preconceito do homossexual contra si mesmo" ambos pela editora Annablume. Atuo como Psicólogo voluntário em uma ONG que presta amparo ao LGBTQIAP + idoso dentre outras. Também leciono no Centro Universitário São Roque. Atendimento a partir dos 18 anos de idade.

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