O vaginismo, de acordo com DSM-V, é um espasmo involuntário do músculo vaginal que interfere na relação sexual. Além disso, atualmente é também compreendido como incapacidade de ter relação sexual por meio vaginal/penetração, dor genitopélvica e medo de penetração.
De modo geral, é considerado um distúrbio de penetração, em que qualquer modo de penetração vaginal, como dilatadores vaginais, absorventes internos, exames ginecológicos e relação sexual, é doloroso ou impossível.
Precisamos falar sobre o vaginismo
Segundo pesquisas elaboradas pela Revista Brasileira de Sexualidade Humana, a taxa de incidência do vaginismo varia entre 11,7% e 42%. No entanto, sabe-se que cada vez mais as mulheres chegam em serviços públicos e privados com queixas de dores durante a relação sexual.
Contudo, a disfunção, na maioria das vezes, pode ocorrer na primeira relação sexual (vaginismo primário) mas também atinge uma parcela de mulheres que já praticavam atividades sexuais e consideravam prazeroso (vaginismo secundário).
Todavia, este transtorno tem causas de origem físicas e também psicológicas. No entanto, pode ter relação com abusos sexuais e até mesmo com educação sexual rígida. Isso pois, a satisfação sexual depende de fatores ligados a crenças e interpretações religiosas de diversas culturas.
Os aspectos emocionais que podem influenciar no surgimento do transtorno
Aspectos emocionais podem contribuir para o surgimento do vaginismo porque a dor nem sempre é percebida por causa de uma lesão real em uma parte do corpo. Processos psicológicos e estresse também podem provocar sensações de dor.
Em suma, isso acontece quando o sistema nervoso central interpreta erroneamente os sinais do corpo e cria a sensação de dor, mesmo na ausência de danos físicos.
No entanto, é comum mulheres com condições mentais pouco desenvolvidas não conseguirem transformar aspectos psicológicos em representações. Assim passam por um processo psicossomático em que suas dores emocionais viram dores físicas.
A relação entre religião e vaginismo
Sabe-se que a sexualidade humana, o sexo antes e depois do casamento é tratado de diferentes maneiras pelas diversas religiões. No entanto, a condenação do ato sexual antes do casamento, comum na maioria das religiões, parece despertar sentimento de culpa em algumas mulheres.
Mesmo respeitando as normas religiosas é natural que as mulheres sintam o desejo sexual e isso parece ser suficiente para sentirem- se culpadas. Portanto o seguimento religioso, independentemente do tipo de religião, pode interferir na satisfação sexual de algumas mulheres.
A vivência da sexualidade através da relação sexual fica associada ao sentimento de culpa que pode ter como consequência o vaginismo. Sendo assim, mulheres que pertencem a famílias que percebem a relação sexual como pecado ou tabu possuem diretamente uma concepção de sexualidade deturpada.
Causas e tratamento
Situações traumáticas e crenças religiosas podem desenvolver vaginismo porque a forma de ver a relação sexual fica associada a algo violento, vergonhoso e, portanto, que deve ser evitado. Logo, o vaginismo passa a ser o legado, o trauma psicológico que deve ser, portanto, superado para uma vida sexual satisfatória.
Nesse sentido, a psicoterapia está entre as formas para tratar o vaginismo, além de fisioterapia, cuidados médicos, uso de dilatadores, aconselhamento de casal e psicoeducação.
No entanto, os tratamentos para vaginismo com psicólogo visam:
- Compreender as causas;
- Reduzir a ansiedade e medo das relações sexuais;
- Resgatar a auto estima;
- Superar os traumas físicos e emocionais existentes;
- Promover educação sexual para o paciente;
- Ensinar estratégias de enfrentamento.