Dormir bem é essencial. No momento em que colocamos a cabeça no travesseiro e embarcamos no sono, o organismo desempenha importantes funções, como a consolidação da memória. Além disso, seu efeito restaurador é essencial para a saúde do organismo e age na capacidade dos indivíduos sentirem-se bem durante o dia. Isso acontece porque, durante o sono, o corpo remove do cérebro proteínas tóxicas, as beta-amiloides. Se não forem removidas, interferem com o funcionamento do cérebro.
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O problema é que, com a chegada da modernidade, o barulho nas cidades aumentou, assim como a tecnologia e os gatilhos do estresse, como o trabalho, trânsito e hábitos sedentários. Mas o corpo não está acostumado com essas mudanças e todo esse cenário abriu espaço para um aumento no número de distúrbios do sono.
Cerca de 45% da população mundial sofrem com distúrbios do sono, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Os distúrbios do sono no Brasil já atingem cerca de 72% da população, segundo um estudo da Royal Philips. Entre os brasileiros, a insônia é a primeira da lista de queixas, seguida da apneia do sono.
“O trabalho é um grande gerador de estresse. Os congestionamentos transformam a volta para casa em uma aventura e as metrópoles são barulhentas a qualquer hora da noite”, explica Susan Redline, pesquisadora da Harvard Medical School. “Esses fatores, somados, podem inviabilizar uma boa noite de sono.”
Os distúrbios do sono consistem em alterações nos padrões ou nos hábitos de dormir. Essas dificuldades relacionadas ao sono incluem a insônia, ronco e apneia do sono, sonambulismo, bruxismo, síndrome das pernas inquietas e narcolepsia, segundo o Instituto do Sono, em São Paulo.
O que é apneia do sono?
O ciclo do sono é fundamental para o funcionamento do organismo.
A importância das fases 1, 2 e 3 do sono são enormes para a saúde física do corpo, pois nelas ocorrem a restauração dos tecidos, o aumento da massa muscular e a liberação do hormônio do crescimento. Já na fase R.E.M. acontece a consolidação da memória e do aprendizado. Por isso, quando o sono é afetado, essas funções são interrompidas ou não são desempenhadas propriamente.
A apneia do sono é um distúrbio que afeta 30% da população mundial, cerca de 1 bilhão de pessoas. Do que se trata essa síndrome do sono? Imagine estar dormindo e, de repente, parar de respirar durante o sono. Agora imagine que esse processo pode ser repetir até 35 vezes durante 1 minuto. Parece desesperador, não? É o que acontece com alguém que possui apneia do sono.
“Ela compreende episódios de oclusão parcial ou também completa das vias respiratórias superiores durante o sono e provoca a cessação da respiração (definida como um período de apneia >10 s)”, explica o Manual MSD.
Esse bloqueio ocorre pois os músculos da parte de trás da boca relaxam e obstruem a passagem de ar na garganta. A falta de oxigênio afeta o sistema nervoso, comprometendo até a pressão arterial, o que pode ocasionar diversas doenças cardiovasculares.
“Entende-se por apneia a interrupção completa do fluxo de ar através do nariz ou da boca por um período de pelo menos dez segundos e, por hipopneia do sono, uma redução de 30% a 50% desse fluxo”, ensina o Dr. Drauzio Varella em seu portal.
O ronco, um dos sinais mais marcantes e barulhentos do distúrbio, é resultado das vibrações que as estruturas da garganta fazem por estarem comprimidas devido à obstrução do ar. Ou seja, o que causa o ronco, é justamente esse processo em que se dá o relaxamento dos músculos e o bloqueio da passagem do ar.
Para descobrir se o indivíduo tem esse transtorno do sono, é preciso realizar a polissonografia, um exame para apneia do sono e outras síndromes. O procedimento mede a atividade respiratória, cerebral e muscular durante o descanso noturno.
Fatores de risco
O Manual MSD observa alguns fatores de risco principais para a apneia: “Os anatômicos envolvem obesidade, uma orofaringe ‘repleta’ por encurtamento ou retrusão da mandíbula, base da língua ou tonsilas proeminentes, cabeça arredondada e pescoço curto, circunferência do pescoço >43 cm, paredes faríngeas laterais espessas, ou presença de almofadas de gordura parafaríngeas laterais”.
Podemos listar, então, os seguintes fatores de risco:
- obesidade;
- estruturas anatômicas desfavoráveis, como pescoço curto, paredes faríngeas laterais, entre outros;
- histórico familiar;
- menopausa;
- envelhecimento;
- uso de bebidas alcoólicas e/ou sedativos;
- entre outros.
Tipos de apneia
- Apneia obstrutiva do sono (AOS)
- Apneia central do sono (ACS)
- Apneia mista do sono
Prevalência
Pessoas obesas têm mais chances de desenvolver a apneia do sono. A prevalência da doença é mais comum em homens, obesos e idosos.
Mas quem pensa que apneia é coisa de gente grande, está enganado. A apneia do sono infantil pode ocorrer em 1% a 3% dos jovens. O Manual MSD explica: “Em crianças, hipertrofia de amígdalas ou adenoides, alguns quadros dentários (como uma sobremordida grave), obesidade e algumas deficiências congênitas (como um maxilar inferior anormalmente pequeno) podem causar apneia obstrutiva do sono. Quase todas as crianças afetadas roncam”. Nesses casos, a síndrome costuma provocar sono agitado, xixi na cama, respiração pela boca e agressividade.
Sintomas da apneia do sono
- Dispneia, ou seja, dificuldade para respirar;
- sono em excesso durante o dia;
- sensação de sufocamento durante o sono;
- ronco;
- despertares recorrentes;
- privação do sono;
- respiração ruidosa;
- respiração pela boca;
- dor de cabeça;
- irritação;
- alterações de humor;
- entre outros.
Consequências da apneia do sono
A síndrome da apneia obstrutiva do sono pode causar muitos danos à saúde. “Muitos indivíduos com AOS apresentam doenças como hipertensão, diabetes, acidente vascular encefálico (AVE), doença de refluxo gastresofágico, angina noturna, insuficiência cardíaca, acromegalia e hipotireoidismo. A AOS também pode estar associada a arritmias cardíacas (p. ex., fibrilação atrial)”, informa o Manual MSD.
Confira as consequências da apneia:
- causa doenças cardiovasculares;
- aumenta o ritmo cardíaco;
- prejudica os dentes;
- prejudica a audição;
- abala a ereção;
- afeta a imunidade;
- contribui para o aparecimento de pneumonia;
- causa irritabilidade;
- altera o humor;
- causa cefaleia;
- pode engatilhar doenças psicológicas como ansiedade e depressão,
- entre outros.
Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, observaram que os níveis dos neurotransmissores GABA e glutamato, moduladores das emoções, de quem sofre de apneia se encontravam acima do normal. Isso pode explicar no desenvolvimento das doenças psicológicas como depressão, ansiedade e estresse.
Como tratar apneia do sono?
O tratamento para apneia pode se dar através de aparelhos, máscara CPAP e, nos casos refratários, cirurgia. Uma reavaliação da higiene do sono também fundamental.
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A terapia também é uma ótima aliada nos casos em que há a comorbidade entre apneia e depressão, ansiedade ou estresse. Assim, o psicólogo auxiliará na redução dos gatilhos e em terapias que ajudem a melhorar o sono.