Sentir-se esgotada psicologicamente não é normal! Deixe a capa de super-heroína de lado e vista a causa da saúde mental porque Burnout materno é coisa séria!

Dizem que quando nasce um bebê, nasce uma mãe junto. Mas entre nascer e saber tudo o que há para se saber do dia para a noite existe uma grande diferença. As mães costumam ser vistas como super-heroínas, verdadeiras mulheres maravilha que conseguem dar conta da casa, do trabalho, da maternidade, das emoções e da vida social. Ah, e não vamos esquecer também que elas precisam cuidar da vida sexual, da saúde, da cobrança social em estar em dia com a balança e mais milhares de lembretes diários de que ela é obrigada a ser mil em uma só. Mas precisa ser assim?

O estresse materno é uma questão pouco discutida e que, ao ser deixada na escuridão, silencia cada vez mais mães que estão à beira de um colapso. E, quando falamos em um colapso, significa realmente chegar a um nível tão intenso de estresse que o esgotamento mental, físico e emocional tomam conta. O problema é chamado de síndrome de Burnout materno e tem origem na Síndrome de Burnout original referente ao ambiente profissional.

O que é Síndrome de Burnout?

O significado da palavra Burnout vem lá do inglês com os termos burn (queimar) out (por inteiro). Com uma nomenclatura dessas não podemos esperar nada muito otimista, não? O burnout é uma doença listada no Grupo V da CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde).  Ela acontece no ambiente de trabalho e caracteriza uma estafa profissional profunda cuja sensação de sufocamento e incapacidade de realizar as tarefas solicitadas tomam conta. A pressão psicológica é tão intensa que traz a sensação de incompetência e frustração e, por conta disso, a pessoa pode desenvolver esgotamento físico também.

“A Síndrome de Burnout acontece principalmente por razões externas, como um ambiente de trabalho sobrecarregado, que propicia um estresse emocional intenso. Por vezes a pessoa ocupa seu cotidiano com afazeres, tendo pouco tempo livre para atividades prazerosas”, explica o portal oficial do Hospital São Camilo.

A Síndrome de Burnout agora é listada como doença crônica pela OMS. Confira a explicação da Milene Rosenthal, psicóloga e co-fundadora Telavita:

Burnout materno

A carga mental das mulheres mães é pesada e cobrada pela sociedade como se fosse normal para um só ser humano dar conta de tantas demandas e sem limite de horário. É um trabalho sem fim, não existe “bater o ponto” ou “pedir demissão”. Ser mãe é um trabalho para a vida toda e ninguém nasce sabendo como ser mãe, mas também não há curso, oficina ou workshop que as ensine.

Assim como acontece no âmbito profissional, a síndrome de Burnout pode dar as caras na vida das mães que se sobrecarregam de obrigações, conflitos, responsabilidades e sentimentos. O desenvolvimento da síndrome de Burnout acontece quando o ambiente exige muito mais do que o indivíduo pode exercer. Ou seja, é uma carga alta de estresse emocional gerado em decorrência de exigências elevadas.

Toda mulher passa por um processo de transformação quando tem um bebê. Além das mudanças físicas e hormonais, ela é conflitada por questões internas que precisa descobrir e lidar: “Quem é essa nova mulher?”, “Quem eu sou agora que sou mãe? Continuo a mesma mulher?”. Essas reflexões aliadas ao estresse da vida materna não fazem com que muitas mães desenvolvam distúrbios psicológicos como depressão pós-parto, ansiedade e o Burnout, protagonista deste artigo.

Em entrevista para o site Bebê, a psicóloga clínica e perinatal Juliana Benevides explica que “a maioria das mulheres é submetida ao esgotamento porque se espera que elas estejam preparadas para serem mães, profissionais e donas de casa. Muitas não dão conta e não têm coragem de externar a dificuldade, pois se sentem constantemente julgadas. Isso vai se acumulando dentro delas e, em um momento, vem a sensação de que a vida está anulada, pois nada que fazem é para elas, não há um momento de ócio. Tudo é para os outros ou para os filhos. Não há mais sentido e prazer naquilo”.

Alguns dos sinais de Burnout materno envolvem irritação, cansaço, tristeza, afastamento, isolamento, baixa autoestima, não cumprimento de tarefas diárias, sejam elas simples ou complexas, despersonalização e desmotivação. Esse comportamento não afeta somente a mãe, mas também a criança, já que o tipo de relação estabelecido desde o nascimento dita o desenvolvimento cognitivo desse bebê.

Por tomarem a carga mental excessiva como “normal”, muitas mulheres não procuram ajuda e dificultam o diagnóstico e tratamento da doença. O diagnóstico do transtorno só pode ser realizado por um profissional de saúde mental, seja ele psicólogo ou psiquiatra. Felizmente, o Burnout tem cura e, as formas de tratamento envolvem medicação e psicoterapia. Com o acompanhamento psicológico mais indicado para cada caso, o profissional é capaz de identificar os sintomas e auxiliar o paciente a transformar o pensamento e o comportamento perante as situações que possam engatilhar uma crise de Burnout.

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