Imagine acordar dentro de um caixão fechado só com um celular e um isqueiro em mãos? Foi essa a situação que o personagem de Ryan Reynolds viveu no filme “Enterrado Vivo”. Para quem tem claustrofobia, assistir a filmes como esse é um verdadeiro tormento. O medo de lugares fechados e situações sufocantes toma conta e abre espaço para crises.
O que é claustrofobia?
O significado de claustrofobia, na etimologia, destaca o termo “fobia”, que vem do grego e significa “medo”. A claustrofobia, portanto é o medo, a fobia de lugar fechado.
A fobia é “um medo irracional e neurótico diante de uma situação ou objeto que não apresenta qualquer perigo. Pessoas fóbicas sentem tanto medo que evitam determinadas situações, pessoas e lugares para não se expor ao perigo. Quando expostos ao objeto causador da fobia, esses indivíduos apresentam uma série de sintomas físicos: falta de ar, taquicardia, tremedeira e ataques de pânico”, explica a SBIE (Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional)
Segundo o Dr. Drauzio Varella, a claustrofobia é considerada um tipo de fobia e um transtorno de ansiedade. “É a pessoa que entra num ambiente e sente que está presa naquele lugar. Isso não precisa acontecer necessariamente em ambientes completamente fechados, como elevadores. Isso pode acontecer em túneis comuns da cidade que a gente sabe que estão abertos com todos os carros passando, e essas crises de claustrofobia podem disparar”, afirma o médico.
O medo de estar confinado em um ambiente desconhecido, com muita gente e/ou aparentemente sem saídas é desesperados para quem sofre desse tipo de fobia. As crises de ansiedade na claustrofobia, ou ataques de claustrofobia, podem acontecer nos mais variados ambientes e a partir de diversos gatilhos. O medo de avião, é um exemplo. Mas não o medo do transporte, em si, mas sim de estar confinado nele. O mesmo acontece com o medo de elevador, como citado pelo Dr. Drauzio Varella.
Claustrofobia: sintomas
A fobia paralisa. Ela impede que o indivíduo prossiga com atividades, interferindo diretamente em sua vida. Como o medo de elevador citado anteriormente: a pessoa com fobia não pegará o elevador, e utilizará as escadas. Esse é um dos sinais claros que que algo não está indo bem: a pessoa não dá continuidade a uma atividade pelo medo de enfrentar o objeto e/ou situação causadores da fobia.
Segundo a SIAH (Sociedade InterAmericana de hipnose), esses são alguns dos sintomas de claustrofobia mais comuns:
- falta de ar;
- sudorese;
- taquicardia;
- tontura;
- desmaios;
- náuseas;
- tremedeira;
- sensação de asfixia;
- calor ou calafrios.
“Algumas pessoas relatam, ainda, zumbido no ouvido, formigamento e desorientação. O medo de perder o controle ou desmaiar toma conta, levando a um pavor intenso”, explica a entidade.
Ansiedade, impotência e frustração também podem ser causados pela fobia. Em casos mais graves, a pessoa pode até desenvolver estresse e depressão.
“Esses sintomas devem ser tratados logo porque a tendência deles é atingir várias situações. Imagine uma pessoa que tem uma crise de claustrofobia dentro de um elevador. O elevador é claustrofóbico mesmo, especialmente quando está cheio de gente. Aí alguém que nunca teve crise nenhuma, mas que entra num elevador cheio de gente e que, por alguma razão, começa a ter essa sensação horrível. Essa sensação vai se repetir se não for tratada adequadamente, e não só em elevadores”, observa o Dr. Drauzio Varella. Segundo ele, “esses quadros podem se tornar incapacitante”.
Claustrofobia Vs. Crises de pânico
Como já explicamos lá no início do texto, a claustrofobia é um tipo de transtorno de ansiedade, assim como a Síndrome do Pânico.
Existem diversas maneiras da síndrome do pânico se manifestar, mas geralmente são crises e transtornos de ansiedade inesperadas, no qual o indivíduo possui um desespero e medo intenso. Ele acha que a qualquer minuto algo ruim pode acontecer, mesmo que não exista perigo ou motivo para tais sentimentos.
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Ou seja, “a fobia de ambientes fechados pode desencadear uma crise de pânico. Porém, quem sofre com crises de pânico não tem, necessariamente, medo de locais fechados. Os sintomas físicos podem, sim, ser confundidos”, explica a SIAH.
Em um ataque de pânico ou crise de ansiedade, o medo surge repentinamente e, assim, a pessoa começa a sentir fobia desses lugares que engatilharam a crise e passa a evitar esses ambientes. “Isso provoca um sintoma muito semelhante a Síndrome do Pânico: as mãos ficam geladas, o coração dispara,mal estar intenso e a sensação de morte iminente”, explica o médico Drauzio Varella.
Claustrofobia: tratamento
“As técnicas vão desde medicamentos e terapias de relaxamento, até o uso de tecnologias. O procedimento específico para o claustrofóbico chama-se Terapia Cognitiva Comportamental, usada também em outras fobias, fazendo com que o paciente vença o problema gradativamente”, informa a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
A terapia ensina como controlar a claustrofobia e identifica as causas do transtorno. “A primeira fase passa pelo controle da respiração e pelo relaxamento. Logo depois, o paciente deve aprender a pensar no objeto que causa a fobia, vendo fotos e filmes ou lendo livros, para se acostumar com a presença deste”, relata Antonio Egídio Nardi, professor-adjunto do Instituto de Psiquiatria e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
As novas tecnologias também auxiliam no tratamento da fobia com simulações “ele irá representar a entrada do claustrofóbico em um metrô. Porém, como uma forma de perceber a evolução do tratamento, o aparelho passará a ser comandado pelo próprio paciente, tomando decisões sobre entrar ou sair do metrô, por exemplo”, informa o professor.
Também existem os medicamentos para a claustrofobia, que só devem ser prescritos por médicos especialista. Eles podem ser: inibidor seletivo de recaptação de serotonina (ISRS), que alivia sintomas de depressão e ansiedade; antidepressivos, que previnem ou aliviam a depressão e regulam o humor e os sedativos, que provocam sonolência, calma e sentidos entorpecidos.
Existem meio de como tratar a claustrofobia e outros tipos de fobia e transtornos de ansiedade. O importante é procurar ajuda o quanto antes para que ela não se torne incapacitante e os sintomas não evoluam.