Você conhece alguém com transtornos mentais? Bem, a chance é muito alta. De acordo com o Manual MSD, cerca de 50% dos adultos tendem a sofrer com transtornos da mente em algum ponto da vida. E mesmo assim não falamos disso no dia a dia.
Aliás, no cotidiano esses problemas não são tratados como deveriam. A depressão é um transtorno mental, por exemplo. E, com certeza, já ouvimos frases como “As coisas não estão tão ruins assim” ou “Você precisa se animar” para essa situação.
O pior é quando enxergam o próximo como “louco”. A forma como as diferentes mídias abordam o assunto, corrobora com essa visão. Mas, a depressão é transtorno mental, lembra? Sob esse ponto de vista, o Brasil seria um hospício. A cada 20 indivíduos, um sofre com a doença.
Os efeitos desse comportamento são devastadores. Infelizmente, essa cultura colabora com apenas cerca de 20% das pessoas com transtorno mental procurarem assistência médica. E o pior: vários transtornos mentais tem cura. Ou seja, somente cria estigmas e atrapalha na saúde da população.
O estigma de todos os transtornos mentais
Compreender o que ocorre, então, torna-se fundamental. Não somente tratar do viés do preconceito, mas saber como essas atitudes refletem nas pessoas que são agredidas. Procurando entender isso, o estudo “Understanding the impact of stigma on people with mental illness”, publicado no “World Psychiatry”, busca compreender o impacto causado pelo estigma da sociedade em pessoas com transtorno psicossocial.
O interessante, nesse sentido, é que os autores apontam duas formas de estigma. O primeiro, estigma público, é a reação que a população no geral possui desses indivíduos. O segundo, é o “auto-estigma”, que, em decorrência do anterior, provoca um preconceito da própria pessoa com transtorno mental que se volta contra si.
“Muitas pessoas com doença mental grave são desafiadas duplamente. Por um lado, eles lutam com os sintomas e deficiências que resultam da doença. Por outro lado, eles são desafiados pelos estereótipos e preconceitos que resultam de equívocos sobre doenças mentais”, afirma o estudo.
Por conta disso, o artigo revela, tais indivíduos acabam sendo privados de oportunidades que caracterizam uma boa qualidade de vida. Eles não conseguem bons empregos, tem um acesso mais difícil a melhores moradias e não realizam o tratamento para transtornos mentais.
Psicofobia: o que é?
Você pode até não conhecer a palavra “psicofobia”, mas o seu significado, com certeza. Afinal, estamos tratando do preconceito contra pessoas com transtornos mentais. E é fundamental existir uma designação específica para isso.
“A palavra ‘psicofobia’ é fruto de um contexto em que as pessoas são diagnosticadas e têm vergonha de se tratar. Foi preciso classificar o preconceito que essas pessoas sofrem, na mesma linha da homofobia e xenofobia”, afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da APAL (Associação Psiquiátrica da América Latina).
A luta contra o preconceito é difícil, mas nomear problemas já é um grande avanço. Conscientizar as pessoas, então, torna-se fundamental para evitar a propagação de ideias nocivas e errôneas.
Nessa linha, foi criado o Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia, comemorado em 12 de abril. A data foi idealizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pretende dar visibilidade para o tema. Combatendo o preconceito e informando corretamente a população com o objetivo de conscientizar: transtorno mental tem cura, preconceito não.