Os ciclos marcantes da vida, como a infância, adolescência e fase adulta, trazem mudanças biológicas e emocionais. O envelhecimento gera um certo grau de estresse por adaptação, porém, algumas pessoas podem apresentar mais sofrimento ou passar por uma crise existencial.
Em cada faixa etária, sabemos que existe um estereótipo, ou seja, um padrão de comportamentos esperados pela sociedade. Entretanto, muitas pessoas não se encaixam nessas cobranças sociais e ficam expostas a comparações e julgamentos, o que pode gerar conflitos internos.
Nessa travessia do tempo, podemos enfrentar dificuldades emocionais e até físicas que afetam nosso organismo. Dessa forma, é importante conhecer esse assunto para se prevenir ou ajudar alguém que precise.
O que é a crise de idade?
Antes de tudo, preciso deixar claro que não existe somente uma crise de idade. Aliás, ela pode acontecer em diversos momentos da vida e até vários estudos procuram compreender o que elas significam.
Sendo assim, podemos pensar tanto num conflito interno que acontece no início da vida adulta (dos 20 aos 30 anos) ou até na clássica “crise de meia-idade”, que aparece, geralmente, por volta dos 40 anos.
Dessa forma, as crises ocorrem, pois não vemos o nosso momento de vida da forma que gostaríamos – ou como a sociedade coloca como o correto. Então, somos tomados por uma frustração imensa e começamos a repensar diversos conceitos.
Nas nossas diferentes idades, desejamos ter certa estabilidade física, mental, financeira e afetiva, porém, quando essas áreas não se desenvolvem como gostaríamos, eis que surgem conflitos internos típicos, como pensamentos de autocritica e insatisfações pessoais.
Nesse sentido, é comum verificar diferentes sintomas nas pessoas que estão passando por tais crises existenciais. Episódios frequentes de ansiedade, preocupações excessivas com o futuro, angústia e até falta de esperança aparecem nesses momentos.
Mesmo assim, essas crises não significam uma doença. Trata-se de um período de maior intensidade emocional, de revisão interna de prioridades e preparação para um novo estágio que se aproxima: o envelhecimento.
Fatores de crise ao envelhecer
Observo nos atendimentos o quanto o envelhecimento causa muito desconforto. Inclusive, nos momentos de crises existenciais, os depoimentos, geralmente, trazem as inseguranças e medos das pessoas.
A parte mais complicada ao envelhecer é saber lidar com as perdas naturais desse processo. Sendo assim, é preciso entender os reflexos disso na saúde física, psíquica, sexual, na autonomia, função social e financeira, que não serão iguais para sempre.
Nesse sentido, os fenômenos do envelhecimento se tornaram até um tabu, pois as pessoas procuram se esquivar do assunto ao invés de discutir os seus acontecimentos. Aliás, isso ainda é muito reflexo de uma sociedade que cultua a juventude acima de tudo.
Entretanto, a idade chega para todos. Então, ao nos depararmos com uma idade avançada ou de um familiar nesta condição, somos obrigados a pensar no tema e em como gerenciar uma vida com limitações, além de começar a refletir sobre a lei natural da finitude.
Não é fácil entrar em contato com estas questões tão delicadas do ser humano. Nesses momentos, somado aos fatores descritos, podemos vir a enfrentar um abalo emocional, em que a ajuda familiar e de um psicólogo deve ser indicada.
E como lidar com isso?
Os motivos de uma crise existencial não dependem só da idade, aliás, estudos apontam que durante a vida iremos passar por vários níveis de sofrimento emocional. Nesse sentido, perdas significativas, traumas psicológicos, novas responsabilidades ou estresse elevado podem influenciar a ocorrência de uma crise de idade.
Desse modo, um protocolo muito eficaz é conversar com alguém da sua confiança. Falar mais a respeito alivia e liberta parte da angústia, podendo até prevenir crises. Esse mecanismo permite olhar outras possibilidades para esses ciclos marcantes que atravessamos durante a vida.
Sendo assim, planeje-se em ações que melhorem sua qualidade de vida e bem estar, pois colocamos as neuroquímicas do organismo a nosso favor. Mudanças simples podem fazer toda a diferença ao enfrentar esses períodos.
Além disso, contar com o suporte de amigos e familiares é um diferencial para monitorar e prevenir um grau elevado de sofrimento. O convívio social e o afeto das relações são fatores terapêuticos importantes e já comprovados pela ciência.
Então, ao identificar uma crise de idade mais intensa, lembre-se de que o sofrimento e prejuízos estão presentes e que você não precisa passar por isso sozinho. Não se trata de frescura ou falta de vontade, procure ajuda profissional para superar essas emoções conflituosas.