A chegada de um bebê é motivo de muita alegria e expectativa. Os filmes românticos e as novelas das 9 sempre mostram cenas bonitas e emocionantes do momento em que um filho chega ao mundo. Mas nem os filmes e nem as novelas contam que a maternidade na vida real é muito mais profunda e complexa do que isso. Dizem que a mulher vira mãe mesmo antes do parto, mas nem sempre é assim. Antes de ser mãe, a mulher tinha toda uma vida que era só dela: gostos, hobbies, trabalho, vida social, amigos e sonhos. Quando o bebê vem ao mundo, essa mulher precisa assimilar que aquela mulher que existia antes do parto precisa assumir uma nova identidade: ser mãe.
Não é saudável sentir vazio emocional. ENTENDA
Somado a isso, ainda tem uma série de sentimentos que essa nova mulher precisa lidar, como a preocupação se será uma boa mãe, as angústias que a nova rotina traz, a frustração em muitas vezes não conseguir conciliar as coisas e o conflito interno entre “eu amo o meu filho, mas preciso ficar sozinha um pouco”. A tristeza profunda pode acometer essas mulher e levá-la ao que chamamos de depressão pós parto.
O que é depressão pós parto?
Mais de 2 milhões de casos de depressão-pós parto são registrados por ano no Brasil, segundo o portal do Dr. Dráuzio Varella. Embora seja um grande número de mulheres que passam pelo problema, ele ainda é velado pelo preconceito que carrega e impede que o tratamento seja realizado. A depressão pós-parto se caracteriza por sentimentos de profunda tristeza, melancolia e desespero que tomam conta da mulher após a chegada do bebê, e não necessariamente acontece em decorrência de complicações durante a gestação ou na hora do parto. Muitas vezes a criança nasceu saudável e perfeita, mas a mãe entra em desespero e melancolia. É importante ressaltar que é normal que a nova mamãe se sinta perdida e constantemente preocupada, mas quando o quadro se intensifica e se mostra constante, é bom investigar.
“A tristeza pós-parto é quase fisiológica. Dependendo da estatística, de 50% a 80% das mulheres apresentam certa tristeza, certa disforia e irritabilidade que têm início em geral no terceiro dia depois do parto, dura uma semana, dez, 15 dias no máximo, e desaparece espontaneamente. Já a depressão pós-parto começa algumas semanas depois do nascimento da criança e deixa a mulher incapacitada, com dificuldade de realizar as tarefas do dia a dia”, explica o Dr. Frederico Navas Demetrio em entrevista para o portal do Dr. Drauzio Varella.
Em consequência da depressão pós-parto, muitas mães podem ter problemas em criar vínculos com o bebê, o que deixa os laços afetivos comprometidos. Esse primeiro contato com a criança é fundamental para que o seu desenvolvimento social, afetivo e cognitivo aconteça de maneira saudável. Com a depressão pós-parto, os primeiros contatos podem ser afetados, assim como o próprio desenvolvimento da criança e da mãe.
No CID, a depressão pós-parto consta na categoria “F53 – Transtornos mentais e comportamentais associados ao puerpério, não classificados em outra parte”. Muitas pessoas se questionam quanto tempo dura a depressão pós-parto. Tudo depende do caso e se essa mulher está sendo tratada, ou não. Há casos em que a depressão pós parto pode aparecer após 1 ano do nascimento do bebê. Ou seja, todo cuidado é pouco.
Entenda o que é a depressão aqui!
Depressão pós parto: sintomas
Os sintomas típicos de depressão pós-parto envolvem a desmotivação, tristeza profunda, melancolia e isolamento. O Ministério da Saúde divulgou a lista de outros sintomas comuns e que ajudam em como identificar a depressão pós-parto.
- Perda de interesse ou prazer em atividades diárias.
- Perda de interesse ou prazer em atividades/coisas/pessoas que antes gostava.
- Pensamento na morte ou suicídio.
- Vontade súbita de prejudicar ou fazer mal ao bebê.
- Perda ou ganha de peso.
- Vontade de comer mais ou menos do que o habitual.
- Dormir muito ou não dormir o suficiente.
- Insônia.
- Inquietação e indisposição constante.
- Cansaço extremo.
- Sentimento de indignação ou culpa.
- Dificuldade de concentração e tomada de decisões.
- Ansiedade e excesso de preocupação.
O Ministério da Saúde também chama atenção para a psicose pós-parto, um quadro mais grave “mais suscetível de afetar as mulheres que têm distúrbio bipolar ou histórico de psicose pós-parto. Os sintomas, que começam geralmente durante as primeiras três semanas após o parto, incluem:
- Desconexão com o bebê e pessoas ao redor.
- Sono perturbado, mesmo quando o bebê está dormindo.
- Pensamento confuso e desorganizado.
- Vontade extrema de prejudicar/fazer mal ao o bebê, a si mesma ou a qualquer pessoa.
- Mudanças drásticas de humor e comportamento.
- Alucinações, que podem ser visuais, auditivas ou olfativas.
- Pensamentos delirantes e irreais”.
Saiba quais são os sinais de depressão aqui.
O que causa depressão pós parto
Existem diversos fatores que podem desencadear a depressão pós-parto, desde problemas que aconteceram durante a gestação ou parto, como a violência obstétrica, até ao próprio histórico de outros problemas e transtornos mentais da mãe, como depressão e ansiedade, por exemplo. O estilo e qualidade de vida também são elementos que podem contribuir para que a depressão pós-parto surja. Confira abaixo mais gatilhos para a depressão pós-parto:
- Isolamento social;
- Má qualidade do sono ou a falta dele/
- Má alimentação;
- Sedentarismo;
- Transtornos mentais, como depressão, ansiedade, estresse ou bipolaridade, por exemplo;
- Falta de apoio familiar;
- Vícios;
- Entre outros.
Depressão pós parto como ajudar?
Não é fácil admitir ou reconhecer que está com depressão pós-parto, afinal, como comentamos no início desse artigo, a romantização da maternidade faz com que as mulheres se calem por conta da culpa e do medo do julgamento. Se você conhece alguém que está com DPP, saiba quais atitudes você pode tomar, segundo a campanha da Medley:
- Reafirme que ela vai melhorar
- Ouça e aceite seus sentimentos; entenda que ela não pode controlar os sentimentos negativos
- Ofereça-se para cuidar do bebê para que ela tenha espaço para atividades relaxantes, como uma caminhada ou uma massagem, sem culpa
- Encontre um parente, amigo ou babá para cuidar do bebê por algumas horas, para que ela tenha a oportunidade de dormir
- Ajude com as tarefas básicas e atividades do dia-a-dia, para tirar algumas das responsabilidades das costas da nova mamãe.
FONTE: Medley
Depressão pós parto: tratamento
Depressão pós parto e psicologia devem andar de mãos dadas. O primeiro passo é admitir que existe um problema e que ele precisa de acompanhamento profissional. A rotina de uma mãe é uma jornada que não tem fim e as exigências são cobradas a cada segundo, por isso, essa mulher precisa das técnicas de um profissional capacitado para conseguir driblar os gatilhos e entender a sua condição. A psicoterapia é um desses meios. “Como a depressão em geral tem múltiplos fatores determinantes, isto é, não é provocada só por condições biológicas, mas tem fatores sociais e familiares envolvidos, a psicoterapia individual ajuda a mulher a lidar melhor com o problema e a descobrir que tem um potencial que precisa ser estimulado’, informa o portal do Dr. Dráuzio Varella.E, se te falta tempo ou tem dificuldades para ir até um consultório, afinal, sabemos que um bebê exige cuidados 24 horas por dia, conte com a Telavita.
A depressão pós-parto tem cura, mas se não for tratada logo, pode perdurar por meses. Além da terapia, o médico pode prescrever remédios para a depressão pós-parto, como os tricíclicos e os inibidores de recaptura da serotonina. “Durante a gestação, esses medicamentos não interferem na formação da criança, porque dentro do útero ela não faz esforço respiratório. Depois que nasce, porém, seu efeito sedativo pode passar pelo leite e o perigo existe. Por isso, são indicados alguns antidepressivos específicos que passam menos para o leite materno e o esquema é discutido com a mulher. Uma das sugestões é desprezar o leite colhido algumas horas depois de tomada a medicação, aquele em que os componentes da droga estão mais concentrados, e oferecer o colhido mais tarde. Isso diminui a exposição da criança ao antidepressivo e permite utilizá-lo durante o aleitamento”, aponta Varella.
A depressão pós-parto é um assunto sério e delicado que faz mais vítimas a cada dia. Felizmente, a informação está conseguindo quebrar as barreiras do preconceito e fazendo a sociedade entender que mães não são heroínas o tempo todo, são seres humanos e que precisam de atenção, cuidados e amor.