A educação sexual é uma ferramenta fundamental para promover o conhecimento da diversidade entre os seres humanos, das diferentes formas de organização da vida social e dos papéis e relações entre mulheres e homens, além das diversas estruturas familiares.
Portanto, essa abordagem também desempenha um papel crucial na prevenção de doenças, no controle da reprodução, no entendimento do próprio corpo e na mitigação de comportamentos violentos ou sexistas entre os gêneros.
O objetivo de educar sexualmente as pessoas
Educar sexualmente as pessoas vai além de simplesmente fornecer informações sobre anatomia e reprodução. Logo, a educação sexual integral busca promover o reconhecimento do corpo como um todo, enfatizando a importância do carinho, cuidado e valorização de todas as suas dimensões.
Nesse contexto, a relação com o próprio corpo e o movimento são reconhecidos como elementos essenciais na construção da identidade pessoal. Além disso, a educação sexual visa sistematizar saberes e práticas que contribuam para o cuidado da saúde pessoal e coletiva, incluindo a saúde sexual e reprodutiva, numa perspectiva integral.
Entretanto, uma estratégia eficaz de educação sexual é a implementação de programas de prevenção que capacitam os jovens a intervirem diante de situações de agressão sexual que presenciam.
Esses programas não apenas fornecem informações sobre como reconhecer e reagir a essas situações, mas também incentivam uma postura proativa na prevenção de violência sexual.
Iniciativas da UNESCO dentro das escolas
Desde 2008, a UNESCO tem se dedicado ao aprimoramento dos programas de orientação sexual ministrados nas salas de aula. Esses esforços envolvem considerações detalhadas sobre as particularidades de cada grupo-alvo da educação sexual, com base em estudos conduzidos por especialistas.
Contudo, entre os estudos realizados pela UNESCO, destacam-se as “Diretrizes técnicas internacionais sobre educação sexual” e o “Estudo de custo e custo/efetividade de programas de educação sexual”.
Entretanto, o primeiro é direcionado a profissionais e tomadores de decisão nos setores de saúde e educação, visando facilitar o desenvolvimento e implementação de materiais e programas educacionais nas escolas.
Já o segundo estudo fornece informações que evidenciam a importância do investimento em programas de educação sexual escolar, destacando sua relevância na prevenção do HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
A pedagogia da sexualidade
A complexidade da educação sexual é evidente quando olhamos para as várias iniciativas políticas e didático-pedagógicas ao longo da história. Visto isso, diferentes modelos ou abordagens foram propostos para lidar com esse assunto, refletindo uma diversidade de ideologias, teorias e visões sobre sexualidade e os conteúdos a serem ensinados.
Todavia, esses moldes são essencialmente formas de organizar tradições, discursos e práticas relacionadas à educação sexual. Logo, existem diferentes modelos de educação sexual:
- moralista (baseado em normas e valores);
- biológico (enfocando aspectos físicos e reprodutivos);
- patológico ou de risco (destacando problemas de saúde ligados à sexualidade);
- e o paradigma dos direitos e integralidade (enfatizando direitos sexuais, reprodutivos e uma visão ampla da sexualidade).
O tabu em relação a educação sexual
O tabu em relação à educação sexual frequentemente está ligado à visão moralista, que geralmente tem raízes na tradição católica. Logo, essa visão normatiza a sexualidade em termos de conceitos como “santidade-pecado” ou “santidade-perversão”, promovendo a ideia de que a sexualidade é destinada principalmente à reprodução da espécie humana.
Como uma proposta educativa, essa abordagem enfatiza a formação de valores, como a valorização da união do casal heterossexual, a importância da família e da religiosidade, e a defesa dos direitos familiares e da liberdade de educação.
A Declaração Universal dos Direitos Sexuais
No XIII Congresso Mundial de Sexologia, realizado em 1997 em Valência, Espanha, foi formulada a Declaração Universal dos Direitos Sexuais.
No documento, o direito à sexualidade reconhece o direito à liberdade de orientação sexual das pessoas e da sua diversidade, bem como a proteção desses direitos sexuais.
Dessa forma, os direitos sexuais, alinhados com os princípios da legislação internacional de direitos humanos, são refletidos nas declarações da ONU sobre direitos reprodutivos e saúde reprodutiva.
Dentro dos direitos sexuais estão presentes:
- O direito à liberdade sexual;
- O direito à autonomia sexual, à integridade sexual e à segurança do corpo sexual;
- O direito à privacidade sexual;
- O direito à igualdade sexual (equidade sexual);
- O direito ao prazer sexual;
- O direito à expressão sexual emocional;
- O direito à livre associação sexual;
- O direito de tomar decisões reprodutivas livres e responsáveis;
- O direito à informação baseada no conhecimento científico;
- O direito à educação sexual geral;
- O direito aos cuidados clínicos de saúde sexual.
Sexualidade e genitalidade
A redução da sexualidade à genitalidade é um equívoco prejudicial que afeta a saúde e o bem-estar das pessoas. Portanto, embora a genitalidade seja uma parte significativa da sexualidade, ela vai além disso, abrangendo aspectos emocionais, psicológicos, sociais e culturais.
Infelizmente, é comum simplificar a sexualidade, limitando-a apenas à atividade sexual e à reprodução. Sendo assim, essa visão estreita muitas vezes leva à recusa de alguns pais em permitir que seus filhos recebam educação sexual na escola. Isso pois, temem que o tema os encoraje a se envolver em comportamentos sexuais precoces.
No entanto, a educação sexual vai além de simplesmente transmitir informações sobre anatomia e reprodução. Ela aborda questões fundamentais como consentimento, relacionamentos saudáveis, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, respeito mútuo e diversidade sexual.
Ao proporcionar uma compreensão mais ampla da sexualidade, a educação sexual pode capacitar os jovens a tomar decisões informadas e responsáveis sobre sua saúde sexual.