A tecnologia avançou, as formas de trabalho mudaram. Desde a primeira revolução industrial, uma série de metodologias mudaram. Hoje, nos preocupamos mais com a gestão de pessoas e com as condições de trabalho. No entanto, algo não mudou: os mais velhos ainda são vistos com descaso no mercado de trabalho, representando o famoso “etarismo”.
A palavra etarismo, por sua vez, representa o preconceito em relação à idade de uma pessoa. Contudo, é mais comum quando falamos nos indivíduos da terceira idade, porém, também acontece com os mais jovens, mesmo que em pequena porcentagem.
Em 2019, uma pesquisa do IBGE apontou que a população entre 60 e 64 anos são as mais afetadas pela depressão. No entanto, Mirian Goldenberg, especialista no assunto, salienta em entrevista para o G1, que os números chegam às estimativas alarmantes pois alimentamos a crença de que a autonomia dessa população diminui conforme a idade chega.
Como o etarismo afeta a saúde mental
Para entender como o etarismo afeta a saúde mental, precisamos fazer um exercício de empatia e se colocar no lugar da pessoa que sofre tal tipo de discriminação. Pense bem, você trabalha há anos em uma empresa, e com o passar do tempo, começa a ser tratado diferente. Pior ainda, corre o risco de ser demitido.
O motivo? Idade. Os olhares começam a ser diferentes e o tratamento se destoa dos demais. O etarismo começa sutilmente, mas toca em uma instância psíquica de extrema importância para o indivíduo: o respeito e a sua autonomia.
A pessoa que sofre com o etarismo se sente invalidada. Contudo, passa a se ver também pelos olhos do outro. Dessa forma, vive na angústia da limitação. Tarefas que antes eram feitas diariamente passam a não ser mais encarregadas para o indivíduo e seu nome já não carrega mais tanta utilidade e importância para as pessoas. Como lidar com isso?
O etarismo nas empresas
Nas organizações não é diferente. O etarismo nas empresas tem aumentado cada vez mais e, pessoas que passam de uma determinada idade, já não conseguem mais emprego, por exemplo.
A partir disso, algumas empresas criaram ações que visam a maior disponibilidade de vagas para pessoas com mais de 50 anos. O problema é iminente e necessita de atenção. Além disso, dentro das próprias corporações também há a discriminação com aqueles que já atingiram a terceira idade.
Para o idoso, permanecer trabalhando, às vezes, se torna um fardo. Um ambiente de trabalho tóxico pode levar o indivíduo a depressão, ansiedade e ao estresse crônico. Uma pessoa na terceira idade exposta a esses tipos de problemas dentro de uma organização fica vulnerável e exposta emocionalmente.
Como identificar o etarismo dentro de uma organização
O preconceito com a idade pode aparecer de forma sutil. No entanto, dá para percebê-lo nos simples atos do cotidiano do colaborador. Apesar de ser sutil, age de forma sorrateira na vítima, fazendo a mesma questionar suas habilidades. Dessa forma, fique atento se:
1. Nas reuniões, a opinião do idoso for invalidada
Quando há debate e exposição de novas ideias, como a equipe se comporta? É importante saber se há uma escuta ativa independente da pessoa que faz o comentário. Quando há o preconceito com a idade, as ideias podem ser invalidadas e pouco ouvidas pelos mais jovens, que consideram a opinião dos mais velhos ultrapassada e de pouco valor para o momento.
2. Piadas de mau gosto acontecerem
A discriminação em relação a idade pode aparecer também em forma de piadas. Às vezes, são tão sutis que nem mesmo soam como preconceituosas. Porém, não se deve permitir que outras pessoas sejam zombadas e caçoadas no trabalho. Falas sobre envelhecimento, aparência e incapacidade devem ser evitadas ao comunicar-se com qualquer pessoa da terceira idade. O respeito precisa ser um valor sólido nas empresas.
3. Haver a exclusão da pessoa
Uma característica pertinente do preconceito, é a exclusão e isolamento da pessoa. Quando você tem aversão a algo, pretende não ficar perto pois não concorda com o indivíduo e não se conecta com ele. Sendo assim, caso o etarismo seja presente, é possível que a pessoa seja afastada das conversas, happy hours e fique de fora da “panelinha” da equipe.
Como erradicar os comportamentos preconceituosos
Ter uma empresa que seja conivente com esse tipo de comportamento não é o sonho dos empreendedores. Afinal, os valores da empresa determinam sua cultura organizacional e impulsiona também o seu crescimento no mercado.
Logo, uma organização que deixa situações como o etarismo acontecer, perde reputação no mercado e também ganha em rotatividade. Afinal, um ambiente tóxico no trabalho afasta as pessoas da corporação.
No entanto, para acabar com o problema, é necessário o monitoramento do nível de engajamento, motivação e questões psicológicas dos funcionários. Dessa forma, é possível ter um diagnóstico empresarial e saber de que maneira você pode evitar o agravamento da situação.
Para isso, temos o nosso Programa de Saúde Emocional, um projeto que auxilia a gestão de pessoas das empresas contratantes e traz resolutividade para os problemas enfrentados pela corporação.