Última atualização em 29 de abril de 2022

“Um olhar vale mais do que mil palavras”. Você com certeza já ouviu essa frase, mas por que um simples olhar basta para dizer o que pensamos ou sentimos acerca de algo ou alguém? A premissa por trás da frase pode ter fundamentações teóricas da psicologia com a cognição social e os estudos do psicólogo Paul Ekman. 

No filme da Disney-Pixar “Divertida Mente”, as emoções são a base de todo o processamento mental da garotinha Riley. É a partir da Alegria, Medo, Raiva, Nojo e Tristeza que se dá a percepção da menina acerca das mais variadas situações, dos outros e dela mesma. O filme explica como as emoções consolidam as memórias, moldam a personalidade, criam sinapses e são os principais elementos da cognição social.

Confira o que o filme Divertida Mente explica sobre a mente humana!

Agende agora uma consulta com psicólogo

Cognição Social

A cognição social é um conceito da psicologia que surgiu em meados dos anos 70 e se caracteriza pelo conjunto de habilidades que um indivíduo tem para perceber, interpretar, conhecer e prever os mais variados estímulos, gerando respostas condizentes a eles. “Procura compreender e explicar como é que as pessoas percebem a si próprias e aos outros, e como é que essas percepções permitem explicar, prever e orientar o comportamento social”, explicam especialistas do Instituto Universitário de Lisboa.

Paul Ekman, psicólogo americano, foi pioneiro no estudo das emoções e expressões faciais acerca do modo como interpretamos o mundo e como, consequentemente, somos interpretados por ele. Se lembra das emoções do filme “Divertida Mente”? Ekman adicionou mais duas emoções – surpresa e desprezo – para a conta, tornando, então, sete expressões faciais universais. Em suas pesquisas, o psicólogo encontrou concordância de 70% entre as expressões, fazendo a sua teoria das expressões universais ainda mais forte.

A premissa para que as expressões faciais, de fato, mostrem o que sentimos, é a cognição social. Para que uma expressão facial possa ser entendida, o indivíduo receptor deve ter a habilidade de reconhecer a expressão, interpretar o seu significado, entender a sua motivação e responder a ela. Esse processo todo em que acontece essa comunicação não-verbal é a cognição social.

Quais são as 7 expressões faciais básicas

Segundo os estudos de Ekman, existem sete expressões faciais básicas reconhecidas pela grande maioria das pessoas, independente de sua origem ou cultura.

  • Expressão de alegria –  é a única emoção positiva básica, atrelada ao prazer; 
  • Expressão de tristeza –  relacionada à perda;
  • Expressão de raiva – quando um fator externo realiza interferência no indivíduo;
  • Expressão de medo – ligada a situações de perigo;
  • Expressão de nojo – percepção de um objeto possivelmente tóxico e que pode contaminar e exercer perigo;
  • Expressão de surpresa– é a emoção mais breve e sempre seguida de outra, positiva ou negativa;
  • Expressão de desprezo – sentimento de desdém.

Expressões faciais e a interação social

Já explicamos que a cognição social é uma das habilidades mais importantes para conhecer o que os outros indivíduos nos sinalizam acerca de suas intenções ou emoções. Numa conversa, se o outro nos sinaliza uma expressão facial negativa, já conseguimos entender que devemos mudar de assunto ou encerrar o diálogo se não quisermos que nenhuma situação desagradável suceda.

“Expressões faciais são cruciais no desenvolvimento e na regulação das relações interpessoais”, afirma Ekman. Ele explica que indivíduos cuja cognição social não é desenvolvida, ou seja, que não conseguem perceber, interpretar e responder aos sinais, como as expressões faciais, têm maior dificuldade em estabelecer laços e interações sociais.

Ao analisar indivíduos com paralisia facial,  o resultado foi uma menor prevalência de interações sociais desses pacientes, já que a expressão do rosto não consegue refletir as emoções e intenções.  Em pessoas com autismo, essa habilidade também é reduzida, tornando a tarefa de integração social mais difícil.

No que diz respeito ao autismo, um dos grandes impactos negativos e prejudiciais é o déficit na intencionalidade do outro, o que o psicólogo Simon Baron-Cohen intitulou de “cegueira mental”, pois os indivíduos autistas possuem enorme dificuldade de relacionar estados mentais diferentes dos seus, fazendo-os faltar com a percepção às emoções alheias e não responder a eles conforme o esperado.

Conheça a Telavita

Leitura facial e a mentira

O rosto das pessoas exprimem emoções. Ekman estudou à fundo as expressões fisionômicas para saber identificar os tipos de expressões e sinais faciais. Devido ao sucesso de suas pesquisas em microexpressões, o psicólogo inspirou a série de televisão americana Lie to Me, em que um especialista em identificar mentirosos trabalha para o FBI. 

“Quando você coça o queixo, torce as mãos ou mexe o nariz, o Dr. Cal Lightman (Tim Roth) sabe que você está mentindo. Ele não apenas imagina, ele sabe. Sua incrível capacidade de observação o fez se tornar o maior especialista em identificar enganações do país. Um detector de mentiras ambulante, Cal descobre os maiores segredos e desvenda os casos mais complicados para o FBI, corporações e indivíduos privados (Adoro Cinema).

Ou seja, a nossa capacidade de “ler as pessoas” é, na verdade, saber identificar as expressões faciais básicas. Essa leitura do rosto ajuda a detectar mentirosos e também as verdadeiras intenções das pessoas, auxiliando no processo de interação e na consolidação de laços sociais. 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.