Início Comportamento Por que as expressões faciais são importantes, segundo a psicologia?

Por que as expressões faciais são importantes, segundo a psicologia?

expressao facial

“Um olhar vale mais do que mil palavras”. Você com certeza já ouviu essa frase, mas por que um simples olhar basta para dizer o que pensamos ou sentimos acerca de algo ou alguém? A premissa por trás da frase pode ter fundamentações teóricas da psicologia com a cognição social e os estudos do psicólogo Paul Ekman. 

No filme da Disney-Pixar “Divertida Mente”, as emoções são a base de todo o processamento mental da garotinha Riley. É a partir da Alegria, Medo, Raiva, Nojo e Tristeza que se dá a percepção da menina acerca das mais variadas situações, dos outros e dela mesma. O filme explica como as emoções consolidam as memórias, moldam a personalidade, criam sinapses e são os principais elementos da cognição social.

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Cognição Social

A cognição social é um conceito da psicologia que surgiu em meados dos anos 70 e se caracteriza pelo conjunto de habilidades que um indivíduo tem para perceber, interpretar, conhecer e prever os mais variados estímulos, gerando respostas condizentes a eles. “Procura compreender e explicar como é que as pessoas percebem a si próprias e aos outros, e como é que essas percepções permitem explicar, prever e orientar o comportamento social”, explicam especialistas do Instituto Universitário de Lisboa.

Paul Ekman, psicólogo americano, foi pioneiro no estudo das emoções e expressões faciais acerca do modo como interpretamos o mundo e como, consequentemente, somos interpretados por ele. Se lembra das emoções do filme “Divertida Mente”? Ekman adicionou mais duas emoções – surpresa e desprezo – para a conta, tornando, então, sete expressões faciais universais. Em suas pesquisas, o psicólogo encontrou concordância de 70% entre as expressões, fazendo a sua teoria das expressões universais ainda mais forte.

A premissa para que as expressões faciais, de fato, mostrem o que sentimos, é a cognição social. Para que uma expressão facial possa ser entendida, o indivíduo receptor deve ter a habilidade de reconhecer a expressão, interpretar o seu significado, entender a sua motivação e responder a ela. Esse processo todo em que acontece essa comunicação não-verbal é a cognição social.

Quais são as 7 expressões faciais básicas

Segundo os estudos de Ekman, existem sete expressões faciais básicas reconhecidas pela grande maioria das pessoas, independente de sua origem ou cultura.

  • Expressão de alegria –  é a única emoção positiva básica, atrelada ao prazer; 
  • Expressão de tristeza –  relacionada à perda;
  • Expressão de raiva – quando um fator externo realiza interferência no indivíduo;
  • Expressão de medo – ligada a situações de perigo;
  • Expressão de nojo – percepção de um objeto possivelmente tóxico e que pode contaminar e exercer perigo;
  • Expressão de surpresa– é a emoção mais breve e sempre seguida de outra, positiva ou negativa;
  • Expressão de desprezo – sentimento de desdém.

Expressões faciais e a interação social

Já explicamos que a cognição social é uma das habilidades mais importantes para conhecer o que os outros indivíduos nos sinalizam acerca de suas intenções ou emoções. Numa conversa, se o outro nos sinaliza uma expressão facial negativa, já conseguimos entender que devemos mudar de assunto ou encerrar o diálogo se não quisermos que nenhuma situação desagradável suceda.

“Expressões faciais são cruciais no desenvolvimento e na regulação das relações interpessoais”, afirma Ekman. Ele explica que indivíduos cuja cognição social não é desenvolvida, ou seja, que não conseguem perceber, interpretar e responder aos sinais, como as expressões faciais, têm maior dificuldade em estabelecer laços e interações sociais.

Ao analisar indivíduos com paralisia facial,  o resultado foi uma menor prevalência de interações sociais desses pacientes, já que a expressão do rosto não consegue refletir as emoções e intenções.  Em pessoas com autismo, essa habilidade também é reduzida, tornando a tarefa de integração social mais difícil.

No que diz respeito ao autismo, um dos grandes impactos negativos e prejudiciais é o déficit na intencionalidade do outro, o que o psicólogo Simon Baron-Cohen intitulou de “cegueira mental”, pois os indivíduos autistas possuem enorme dificuldade de relacionar estados mentais diferentes dos seus, fazendo-os faltar com a percepção às emoções alheias e não responder a eles conforme o esperado.

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Leitura facial e a mentira

O rosto das pessoas exprimem emoções. Ekman estudou à fundo as expressões fisionômicas para saber identificar os tipos de expressões e sinais faciais. Devido ao sucesso de suas pesquisas em microexpressões, o psicólogo inspirou a série de televisão americana Lie to Me, em que um especialista em identificar mentirosos trabalha para o FBI. 

“Quando você coça o queixo, torce as mãos ou mexe o nariz, o Dr. Cal Lightman (Tim Roth) sabe que você está mentindo. Ele não apenas imagina, ele sabe. Sua incrível capacidade de observação o fez se tornar o maior especialista em identificar enganações do país. Um detector de mentiras ambulante, Cal descobre os maiores segredos e desvenda os casos mais complicados para o FBI, corporações e indivíduos privados (Adoro Cinema).

Ou seja, a nossa capacidade de “ler as pessoas” é, na verdade, saber identificar as expressões faciais básicas. Essa leitura do rosto ajuda a detectar mentirosos e também as verdadeiras intenções das pessoas, auxiliando no processo de interação e na consolidação de laços sociais. 

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