O impacto do diagnóstico assusta. A orientação psicológica é vital para que a pessoa autista e seu familiar se sintam mais informados, guiados e confortáveis com o espectro.
70 milhões. Esse é o número que a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima de pessoas com autismo em todo o mundo. Para se ter uma ideia, esse é quase o número de habitantes de países como França, Tailândia e Reino Unido! Embora os dados mostrem que o autismo é mais comum do que se pensa, as ações de inclusão e informação para a conscientização do problema ainda são escassas.
O autismo no Brasil também já está na casa do milhão: são 2 milhões de pessoas com autismo, ou seja, uma em cada 88 crianças apresenta traços de autismo, sendo a prevalência cinco vezes maior nos meninos.
O que é Autismo
O autismo é um problema psiquiátrico que se dá por conta de desordens durante a fase do desenvolvimento cerebral. O distúrbio afeta a comunicação, cognição, aprendizado e relacionamento, mas no autismo não há problemas no desenvolvimento físico. Os sinais podem ser detectados já nos primeiros meses de vida, porém, como há diversos graus do distúrbio, há casos que levam mais tempo para que os sintomas sejam notados.
Não há cura para o autismo. É por isso que o preconceito e os obstáculos devem ser quebrados para que as pessoas autistas, tais quais aqueles que os cercam, consigam ser inseridos na sociedade. Por exemplo: pessoas autistas, dependendo do grau do transtorno, não gostam de ser tocadas e têm enorme sensibilidade ao barulho e sons ao redor. Pense em como deve ser difícil para eles pegar o transporte público ou ir ao cinema? Atividades que parecem comuns para quem não tem o distúrbio são um verdadeiro desafio para os autistas.
Confira também nossa websérie sobre o autismo e entenda melhor sobre esse Espectro:
“Em todo o mundo, as pessoas com transtorno do espectro autista são frequentemente sujeitas à estigmatização, discriminação e violações de direitos humanos. Globalmente, o acesso aos serviços e apoio para essas pessoas é inadequado”, informa a OMS (Organização Mundial da Saúde). Estamos longe da inclusão total, mas há iniciativas, grupos e ONGs que lutam para que o autismo seja visto com um olhar mais sensível e de inserção.
O impacto do autismo nos pais
Estamos longe de viver em uma sociedade inclusiva e livre de preconceitos, e isso provoca medo nos pais de pessoas autistas, já que eles sabem que o mundo não será nada fácil para seu filho. Ao receberem o diagnóstico, os pais precisam lidar com inúmeros sentimentos, pensamentos e questionamentos, e muitos deles podem levar à culpa.
É difícil lidar com o diagnóstico quando, durante a gravidez, idealizava-se o futuro mais bonito possível. Os pais imaginavam as brincadeiras que fariam, os olhares que trocariam e as primeiras conversas. Os passeios ao cinema, as viagens e o primeiro dia de aula. É claro que tudo isso pode ser possível com a doença, já que existem diversos níveis e tipos de autismo, mas pode ser que obstáculos e dificuldades se apresentem.
O personagem da série da Netflix “Atypical”, o garoto autista chamado Sam, confessou em um dos episódios: “Às vezes não entendo o que os outros querem dizer e acabo me sentindo só, mesmo com outros ao meu redor”. A socialização e criação de laços são extremamente difíceis para os autistas. Além disso, eles costumam realizar comportamentos repetitivos e parecem viver num mundo completamente privado e isolado, o que pode fazer com que que eles não demonstrem interesse no que há fora desse universo particular.
É por isso que muitos pais vêem suas expectativas e desejos frustrados quando chega o diagnóstico, já que os sintomas do autismo podem envolver hiperatividade, choro, agressividade, dificuldade em estabelecer contato visual, repetição de palavras e ações, impulsividade, gritos e interação social diferente do padrão.
Sintomas de Autismo
É importante ficar atento para o autismo e suas características:
- Inabilidade para interação social;
- Defasagem para dominar a língua e se comunicar;
- Comportamentos repetitivos;
- Vive voltado para si;
- Não estabelece contato visual;
- Entre outros.
É importante ressaltar que muitos autistas possuem inteligência normal ou até superior, mas não conseguem organizar essas informações a ponto de estabelecer comunicação ou aplicá-las em várias áreas.
A criança autista é mais fácil de ser identificada, já que em casos mais graves, a discrepância em seu comportamento é notável. Mas o transtorno se apresenta em diversos graus. Em casos de autismo leve, como na síndrome de Asperger, onde não há problemas da fala e da inteligência), é preciso sempre estar de olho em qualquer sintoma aparente. Nas formas graves, o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal e é portador de comportamento agressivo.
Veja mais sinais do autismo aqui!
A orientação psicológica é vital
A orientação psicológica para a família daqueles que precisam lidar com o autismo diariamente proporciona um olhar diferente para o caso. O psicólogo fornece conhecimento, explicações e tratamento, além de diferenciar diversas características e detalhes da doença.
Através de acompanhamento, é possível não só identificar os principais sintomas apresentados pelo paciente, mas também analisar o contexto em que ele está inserido e como isso pode influenciar em suas atitudes. Isto é, as histórias familiares, pessoas que convivem frequentemente, aspectos culturais, socieconômicos, entre outros.
Objetivo da orientação psicológica para os familiares
O processo não tem finalidade de erradicar os sintomas do paciente, afinal, o autismo não tem cura. O objetivo do acompanhamento psicológico para os pais é ampliar o olhar sobre determinadas situações e fazer um apanhado de sua origem para que saibam se comportar e ajudar quando as crises surgirem.
Além disso, os pais, familiares e pessoas de convivência são fundamentais tanto para a terapia do próprio portador de autismo, como também para receber dicas e conselhos. A partir disso, a família passa a ser o ponto de partida para as mudanças e melhora do paciente.
Desde o diagnóstico de autismo, os familiares enfrentam diversas situações de crise, seja pelo medo relacionado ao convívio como também por terem que lidar com a doença e as ameaças externas que podem causar ao filho. Esse cenário traz consequências emocionais como ansiedade, angústia, depressão e, em algumas situações, síndromes específicas.
O diagnóstico é feito através de exames clínicos e se dá a partir do histórico e sintomas do paciente de acordo com os critérios estabelecidos por DSM–IV (Manual de Diagnóstico e Estatística da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria) e pelo CID-10 (Classificação Internacional de Doenças da OMS).
Não se tem conhecimento sobre as causas de autismo precisamente, mas pesquisas indicam que a predisposição genética seja uma delas. Outros estudos também comentam que fatores ambientais e infecções durante a gravidez podem ter papel importante no desenvolvimento do transtorno.
Por que optar pela orientação psicológica familiar?
O autismo e psicologia estão intimamente ligados. Na série da Netflix, “Atypical”, Sam (Keir Gilchrist) é diagnosticado dentro do espectro de autismo e faz acompanhamento psicológico com a especialista Julie (Amy Okuda). Mas foi no momento em que a terapia precisou parar que as crises de Sam voltaram.
A psicologia é capaz de identificar o que mais alegra e incomoda os familiares da pessoa com autismo, e em meio a tudo isso, a grande dificuldade é fazer os familiares enxergarem como sua participação pode fazer com que os quadros de surtos diminuam.
Além disso, eles têm a oportunidade de expor sentimentos e sair de uma zona comum de culpabilização, o que gera a sintonia de pensamentos e atitudes para que a vida da pessoa com autismo se desenvolva através da atenção e das ações necessárias no momento certo.
Autismo tem cura? Por ser um distúrbio crônico, o autismo não tem cura. Ele não enxerga gênero ou classe social para dar as caras. O tratamento para autistas não segue um padrão pré-estabelecido e se dá de acordo com as necessidades e restrições de cada caso.
O acolhimento psicológico é uma forma da família entender o quão importante é a presença de cada indivíduo como ferramenta de apoio e desenvolvimento do autista. É vital a compreensão de todos os ciclos, o entendimento dos pensamentos e atitudes de todos os familiares para que, juntos, possam cuidar de momentos difíceis e vivenciá-los da forma mais natural possível.
A Telavita é uma plataforma de psicologia online pronta para acolher os pais que precisem de orientação e apoio. Segundo as normas do CFP (Conselho Federal de Psicologia), a psicologia online não pode atender pessoas no espectro do autismo, porém estamos prontos para ajudar qualquer um que necessite lidar com o convívio de uma pessoa querida e autista.
Bom dia, gostei muito do seu artigo sobre autismo. Tenho 71 anos e sou avô do Theo de 6 anos, ele e minha filha moram comigo e minha esposa de 78 anos. Minha filha tem 43 anos, não trabalha e vice só para o Theo, pois ele é hiper ativo e não pode ficar sozinho. Eu tenho uma lojinha e passo o dia todo na loja, não podendo ajudá-la. Minha esposa cuida da casa e da cozinha, além de ter depressão e tem sofrido muito com o mal do Theo. Ele é um menino maravilhoso, carinhoso, muito inteligente (já lê tudo) mas, por ser hiperativo não para, mexe em tudo, pula nas camas, sobe na mesa para pular, as vezes se irrita se não deixamos ele fazer o que quer e joga as coisa para cima, fica irritado grita, e isto deixa minha mulher nervosa, implica com ele, fecha o quarto para ele não entrar, ai ele fica batendo na porta, etc. Estas coisas está deixando todos nós nervoso e irritados, minha mulher já não se entende bem com a filha e vice versa.
Theo faz acompanhamento numa clínica multidisciplinar, com terapia ocupacional, com neuropediatra, psicócolagas, etc, mas não vejo muito progresso. Moramos em Gravatá interior de Pernambuco e precisamos muito das orientações de vocês. Obs.: O grau de autismo do Theo é leve. Obrigado e umm abraço.