Tem gente que morre de medo dela, já outros, lidam com extrema maestria. Se você faz parte do mercado de trabalho, com certeza já se deparou com ela alguma vez na vida. Estou falando da dinâmica de grupo. Há quem pense que elas são completamente inúteis, já outros, defendem que é na dinâmica de grupo que uma importante competência é avaliada: a habilidade social. É claro que nas dinâmicas de grupo as pessoas não conseguem demonstrar totalmente a sua competência social, até porque o nervosismo e a pressão da situação interferem em como elas agem. Porém, é através dessa situação que o contratante pode ter uma ideia do que aquele profissional é capaz como um ser social.
Mas não é só no ambiente corporativo que as habilidades sociais são colocadas à prova. Muito pelo contrário, é ao longo do nosso dia a dia que a testamos. A todo o tempo somos expostos às mais variadas situações e obrigados a lidar com elas. Por exemplo, quando você pega o metrô e vê aquele sujeito folgado sentar-se desnecessariamente no assento preferencial, o que você faz? Ou quando você aguarda pacientemente na fila e alguém passa na sua frente, como você reage? Esse são apenas alguns exemplos de habilidades sociais e a resposta dessas perguntas é a sua capacidade social à prova. O modo como processamos essas situações e reagimos a elas ditam se possuímos ou não habilidades sociais. Mas como saber se você tem ou não essas tais habilidades sociais de que tanto falamos?
O que é habilidade social?
No Brasil, os primeiros autores a se aprofundarem no extenso universo das habilidades sociais foram os psicólogos e especialistas Zilda Aparecida Pereira Del Prette e Almir Del Prette. Em 2001 eles lançaram o livro “Psicologia das Habilidades Sociais – Terapia e Educação” (2001) em que abordam definições de competência social, habilidade social e o avanço na área de Treinamento de Habilidades Sociais (THS).
Para os autores, existem diversos comportamentos sociais desejáveis segundo a cultura e comunidade do indivíduo. Esses comportamentos desejáveis, quando manifestados, se tornam habilidades sociais. “Manifestar respeito e empatia, expressar opiniões, discordância e sentimentos positivos e negativos, fazer, aceitar e rejeitar críticas, falar em público, fazer amizades, abordar autoridades, etc.” Quando o indivíduo consegue realizar tais comportamentos de forma contextualizada, assertiva e natural, diz-se que ele possui tais habilidades e, consequentemente é um ser competente socialmente.
Habilidades sociais x Competências sociais
Antes de mais nada, vamos diferenciar competência de habilidade como um todo, segundo o dicionário. “Competência e habilidade são dois conceitos que estão relacionados. A habilidade é conseguir pôr em prática as teorias e conceitos mentais que foram adquiridos, enquanto a competência é mais ampla e consiste na junção e coordenação de conhecimentos, atitudes e habilidades.”
Ou seja, há a diferença entre habilidade e competência social em seu conceito. É fácil de entender: quando alguém consegue desempenhar as habilidades sociais esperadas para determinado contexto e cultura, diz-se que o indivíduo possui competência social. Se procurarmos no dicionário “que é competência?”, acharemos a seguinte definição: “Competência é o substantivo feminino com origem no termo em latim competere que significa uma aptidão para cumprir alguma tarefa ou função.”
Tipos e classes de habilidades sociais
Del Prette & Del Prette organizaram classes e subclasses de habilidades sociais:
- Comunicação: Iniciar e manter conversação, fazer e responder perguntas, pedir e dar feedback, elogiar e agradecer elogio, dar opinião, etc;
- Civilidade: Cumprimentar e/ou responder a cumprimentos (ao entrar e ao sair de um ambiente), pedir “por favor”, agradecer, desculpar-se e outras formas de polidez normativas na cultura, em sua diversidade e suas nuanças.
- Fazer e manter amizade: Iniciar conversação, apresentar informações livres, ouvir e fazer confidências, demonstrar gentileza, manter contato (sem ser invasivo), expressar sentimentos, elogiar, dar feedback, responder a contato, enviar mensagens, convidar/aceitar convites, manifestar solidariedade diante de problemas, etc.
- Empatia: Manter contato visual, aproximar-se do outro, escutar (evitando interromper), tomar perspectiva (colocar-se no lugar do outro), expressar compreensão, incentivar a confidência (quando for o caso), demonstrar disposição para ajudar, compartilhar alegria e realização do outro, etc.
- Assertivas: Por se tratar de uma classe ampla com muitas subclasses, são aqui destacadas entre as mais importantes:
- Defender direitos próprios e direitos dos outros;
- Questionar, opinar, discordar, solicitar explicações sobre o porquê de certos comportamentos, manifestar opinião, concordar, discordar;
- Fazer e recusar pedidos;
- Expressar raiva, desagrado e pedir mudança de comportamento;
- Desculpar-se e admitir falha;
- Manejar críticas: aceitar, fazer e rejeitar;
- Etc.
6. Expressar solidariedade: Identificar necessidades do outro, oferecer ajuda, expressar apoio, engajar-se em atividades sociais construtivas, compartilhar alimentos ou objetos com pessoas deles necessitadas, cooperar, expressar compaixão, participar de reuniões e campanhas de solidariedade, fazer visitas a pessoas com necessidades, consolar, motivar colegas a fazer doações;
7. Manejar conflitos e resolver problemas interpessoais: Acalmar-se exercitando autocontrole diante de indicadores emocionais de um problema, identificar comportamentos de si e dos outros associados à manutenção ou solução do problema, elaborar alternativas de comportamentos, propor alternativas de solução, escolher, implementar e avaliar cada alternativa ou combinar alternativas quando for o caso;
8. Expressar afeto e intimidade (namoro, sexo): Aproximar-se e demonstrar afetividade ao outro por meio de contato visual, sorriso, toque, fazer e responder perguntas pessoais, dar informações livres, compartilhar acontecimentos de interesse do outro, cultivar o bom humor, partilhar de brincadeiras, manifestar gentileza, fazer convites, demonstrar interesse pelo bem-estar do outro, lidar com relações íntimas e sexuais, estabelecer limites quando necessário.
9. Coordenar grupo: Organizar a atividade, distribuir tarefas, incentivar a participação de todos, controlar o tempo e o foco na tarefa, dar feedback a todos, fazer perguntas, mediar interações, expor metas, elogiar, parafrasear, resumir, distribuir tarefas, cobrar desempenhos, explicar e pedir explicações, verificar compreensão sobre problemas.
10. Falar em público: Cumprimentar, distribuir o olhar pela plateia, usar tom de voz audível, modulando conforme o assunto, fazer/responder perguntas, apontar conteúdo de materiais audiovisuais, usar humor, relatar experiências pessoais, acontecimentos, agradecer a atenção ao finalizar.
FONTE: “Competência social e habilidades sociais: Manual teórico-prático” ( Zilda A. P. Del Prette, Almir Del Prette)
Essas são as dez classes e subclasses gerais mais relevantes ao longo da vida. É importante ressaltar que a cultura, o contexto e os papéis que cada indivíduo representa podem ter alterações em cada habilidade.
E quando há a falta de habilidade social?
Lembra quando mencionamos os comportamentos sociais desejáveis? Da mesma maneira, os autores Del Prette e Del Prette também enunciaram comportamentos sociais indesejáveis e que resultam em problemas e transtornos psicológicos. Vamos a eles:
- Agredir;
- Coagir;
- Manipular;
- Desrespeitar;
- Enganar;
- Isolar-se;
- Omitir-se;
- Autodepreciar-se;
- Submeter-se;
- Etc.
Indivíduos com timidez extrema, fobia social ou qualquer outro transtorno precisam de ajuda para tratar esses problemas e desenvolver as competências e habilidades sociais que lhe faltam. Um psicólogo, por exemplo, pode auxiliar no tratamento de transtornos psicológicos, mas seu papel não diz respeito apenas às patologias.
É comum que as pessoas procurem acompanhamento psicológico somente durante crises, mas se esquecem que a função do psicólogo também está no desenvolvimento do autoconhecimento e inteligência emocional, peças-chave no desenvolvimento pessoal de cada ser humano. Ele também é o profissional que pode te ajudar a descobrir quais habilidades sociais você ainda não tem e te auxiliar no desenvolvimento delas.
Autoconhecimento é a chave para descobrir em si mesmo a mudança e ser um indivíduo cada vez mais capaz de resolver seus próprios conflitos e os conflitos do ambiente. Agende uma consulta com os psicólogos da Telavita e coloque em prática suas habilidades sociais, afinal, inteligência emocional é vital tanto para a vida pessoal, quanto para a vida profissional.