A aura que reveste o proibido é irresistível. As pessoas que são seduzidas por ele não se contentam enquanto não realizam os desejos que as situações não permitidas despertam. E, se não conseguem realizá-los, caem no eterno questionamento: “e se eu tivesse feito?”, vivendo para sempre nessas ilusões.
Segundo a psicologia, é natural que as pessoas queiram cessar a curiosidade e, principalmente, experimentar coisas novas, pois o sentimento de liberdade, segurança e independência são os mais saborosos. Assim como a história bíblica que diz que Eva não resistiu à tentação e provou do fruto proibido, nós também temos sempre muitos frutos proibidos que despertam vontades e constantemente imaginamos o prazer que eles podem nos proporcionar.
Isso acontece desde o nascimento em que, a cada momento, o ser humano está em constante aprendizado acerca dos limites morais, éticos e sociais, cada qual com seus valores e regras. Assim, a criança desde sempre já aprende o que é certo ou errado e as primeiras pessoas que ditarão esse caminho são os pais e, logo em seguida, a sociedade, que continua injetando limites e pontos que não podem ser ultrapassados.
Consequentemente, a nossa própria condição e proibição nos leva a experimentos e a nos atrair pelo que é negado, afinal, o proibido é mais gostoso. Isso porque precisamos sempre conhecer mais e testar até que ponto podemos chegar, conhecer novos ares, se aventurar, mesmo que depois nos deparemos com a avaliação das consequências.
A infância e o instinto do novo
Tudo se inicia na infância: o mundo é feito de novidades e tudo que queremos é conhecê-lo. Por isso, estamos interessados no que nos rodeia: as experiências nas relações, as descoberta do corpo, palavras, sensações, etc. Consequentemente, vamos levar esses momentos para toda a nossa vida, pelo sentimento de adrenalina e curiosidade que tudo isso nos causou.
Por isso, a psicologia também sugere que não se deve proibir uma criança, mas criar alternativas que sejam atraentes o suficientes para direcionar a curiosidade e intenção.
Adolescência e o instinto de independência
Com essa fase, a autoafirmação acompanha todas as atitudes. É o momento de se afirmar e descobrir a si mesmo e, por isso, normalmente os adolescentes procuram ser diferentes do padrão dos pais e definem a sua própria maneira de agir e de pensar. É nessa fase também que toda a atenção do mundo ainda será pouco, porque o processo de amadurecimento estará acontecendo e o jovem precisa ter o próprio espaço para conseguir tomar todas as decisões.
Nesta etapa, a proibição será ainda mais tentadora, será motivo para questionar e imaginar milhões de situações. O proibido, assim, se torna extremamente perigoso, mas ao mesmo tempo é um modo único, diferente e corajoso de se reafirmar, sem contar os sentimentos de satisfação e adrenalina.
A vida Adulta: uma questão de escolha
E assim, se inicia a maturidade, responsabilidade e compromissos. É o momento em que a pessoa poderá decidir sua vida livremente, desde que tenha ciência de todas as consequências e mudanças. É por isso que nesta fase, toda proibição causa uma certa rejeição, com o objetivo de cumprir os valores e a aparência, mas se torna algo cada vez mais atraente, e, principalmente da premissa de que somos donos das nossas próprias vidas e ninguém deve decidir por nós.
A proibição gera diversos sentimentos e atitudes e,consequentemente, comportamentos contrários aos pretendidos. Isso porque sentimos a necessidade do novo, de nos encantar e de, principalmente, achar outras maneiras para se expressar e sentir.
Uma frase que vai ao encontro da matéria é: “Entrada Proibida” pela lógica se é proibida porque há porta para onde haverá público? Assim como caixas de delivery perto do público presencial! Parece que há um sadismo ou provocação para o proibido estar próximo, até quando o dedo “ostentando” aliança, bem visível, parecendo o (a) comprometido (a) se “isentando” da atração mútua! Mas, não é raro o “proibido” evitar o manifesto do “ser contra”, como muitas religiões atrelam aos seus dogmas ou “crenças” a razão da heteronormatividade!