Fobia é doença e já atinge cerca de 20% da população mundial, segundo o Instituto Nacional de Saúde americano.
O medo faz parte da vida e desde muito cedo, somos ensinados conviver com ele. Seja através das histórias de ninar ou dos contos populares como o bicho-papão, boi da cara preta e lobo mau, o objetivo é colocar medo nas crianças a fim de frear atitudes imprudentes e ensinar alguma moral. Sentir medo é normal pois, em níveis equilibrados, ele doutrina a mente em como agir em determinadas situações.
No início da vida humana na Terra, o medo era a emoção que nos manteve vivos diante de situações de perigo e permitiu a evolução da espécie. Assim, o medo de morrer foi fundamental para a sobrevivência e agiu quase como um fator instintivo.
O que é medo?
O medo é uma emoção desagradável, porém necessária. É a resposta bioquímica do nosso corpo frente ao perigo e envolve sudorese, aumento da frequência cardíaca e níveis elevados de adrenalina. É um sinal que o organismo dá para que consigamos fugir ou lutar contra esse perigo.
A resposta emocional ao medo depende de indivíduo para indivíduo. Alguns, se sentem bem com a adrenalina produzida diante de situações perigosas. Outros, entretanto, evitam esses episódios a qualquer custo.
O medo na psicologia freudiana é entendido como um sentimento desencadeado pela ameaça de castração, pelos desejos reprimidos e mal resolvidos na infância e pelos processos primitivos de pensamento. O psicanalista austríaco Sigmund Freud, considerado o ” pai da psicanálise”, explica a tese a partir de Hans, um menino que sente enorme medo de cavalos. Mas a partir de sua análise, o psicanalista concluiu que não era o medo direto dos cavalos a fonte da fobia, afinal, os medos nos fazem confrontar outras angústias que nos corroem desde o nascimento.
O que é fobia?
A fobia e seu significado etimológico mora em raízes gregas através do termo “medo”. Na mitologia, ela é representada pelo deus Fobos, filho de uma união pra lá de poderosa: Ares, o deus da guerra, e Afrodite, a deusa do amor. Fobos acompanha o pai nos campos de batalha e seu objetivo é despertar o medo nos corações dos inimigos para que paralisem e fujam.
A fobia, na psicologia, se trata de um transtorno de ansiedade e está classificado como transtorno fóbico-ansioso no CID 10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde). A condição já atinge cerca de 20% da população mundial, segundo o Instituto Nacional de Saúde americano.
Segundo o Manual MSD, “as fobias específicas são o tipo mais comum de transtorno de ansiedade. As pessoas que têm uma fobia específica evitam as situações ou os objetos específicos que desencadeiam sua ansiedade ou medo, ou os suportam sob intensa angústia, o que algumas vezes resulta em ataque de pânico. No entanto, reconhecem que sua ansiedade é excessiva e, por essa razão, estão conscientes de que têm um problema”.
A fobia é caracterizada por um medo irracional. “Pessoas fóbicas sentem tanto medo que evitam determinadas situações, pessoas e lugares para não se expor ao perigo. Quando expostos ao objeto causador da fobia, esses indivíduos apresentam uma série de sintomas físicos: falta de ar, taquicardia, tremedeira e ataques de pânico“, explica a SBIE (Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional)
Fobia: sintomas
Além do medo incontrolável, o corpo também sofre os efeitos da fobia. Durante um ataque de fobia, a pessoa pode sofrer taquicardia, tremedeira, suor excessivo, falta de ar, tontura, ansiedade e até desmaios. A fobia é paralisante e incapacitadora, impedindo que as pessoas levem uma vida normal.
Tipos de fobia
Segundo o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), existem alguns subtipos de fobia referentes à sua classificação:
- Tipo Animal : causado por animais ou insetos. Geralmente tem início na infância;
- Tipo Ambiente Natural: referentes a aspectos da natureza, como: tempestade, água, altura;
- Tipo Sangue – Injeção – Ferimento: a presença desses elementos desperta a fobia;
- Tipo Situacional: causado por uma situação específica, como andar de avião, pegar transporte público, passar por pontes e túneis, entre outros;
- Outros tipos.
As fobias mais comuns são:
- Acrofobia: medo de altura;
- Agorafobia: medo de espaços abertos ou com multidões;
- Aracnofobia: medo de aranhas;
- Catastrofobia: medo de catástrofes e aspectos ambientais;
- Claustrofobia: medo de lugares fechados;
- Fobia social: medo de pessoas e da exposição;
- Glossofobia: medo de falar em público;
- Hematofobia: medo de sangue, injeções e feridas;
- Monofobia: medo de ficar sozinho;
- Nictofobia: medo da noite ou do escuro;
- Tanatofobia: medo da morte;
- Zoofobia: medo de animais.
Existem outros tipos na lista de fobias e que também podem ser bem frequentes.
Medo X Fobia
O limite entre medo e fobia está na intensidade em que eles aparecem. O medo é uma sensação de receio e ansiedade frente a uma situação de perigo, enquanto a fobia é um medo específico, intenso e muitas vezes irracional e que pode paralisar. Quando expostos aos objetos que causam a fobia, os indivíduos podem sentir falta de ar, taquicardia, tremedeira e ataques de pânico.
Tratamento para Fobia
Superar medos não é tarefa fácil. Indivíduos com medo de tudo ou de coisas específicas podem procurar auxílio na terapia. Os especialistas podem analisar as possíveis causas e diminuir os efeitos do medo na vida do paciente, a fim de cortá-los para sempre de sua mente.
“As técnicas vão desde medicamentos e terapias de relaxamento, até o uso de tecnologias. O procedimento específico para o claustrofóbico chama-se Terapia Cognitiva Comportamental, usada também em outras fobias, fazendo com que o paciente vença o problema gradativamente”, informa a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Um outro tipo de orientação psicológica é a chamada terapia de exposição, cujo objeto ou situação causadora da fobia é exposto gradualmente ao paciente até que ele se acostume e aprenda a lidar com eles.
A terapia ensina como controlar a fobia e identifica as causas do transtorno. “A primeira fase passa pelo controle da respiração e pelo relaxamento. Logo depois, o paciente deve aprender a pensar no objeto que causa a fobia, vendo fotos e filmes ou lendo livros, para se acostumar com a presença deste”, relata Antonio Egídio Nardi, professor-adjunto do Instituto de Psiquiatria e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O tratamento medicamentoso é possível, mas somente com prescrição médica. Ele envolve o uso de “inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina, drogas antidepressivas e ansiolíticas que regulam as concentrações de neurotransmissores relacionados ao bem-estar e ao estresse no cérebro.
Como qualquer doença, a fobia precisa ser tratada e ser levada a sério. Consulte um psicólogo e não permita que o medo seja protagonista na sua vida.