Tratar sobre sexualidade nem sempre é fácil, afinal, não estamos falando sobre algo que acabou de ser descoberto, mas de algo antigo e finalmente nomeado. E esse é o caso do queer, que ainda causa muitas dúvidas nas pessoas.

O termo está presente na sigla LGBTQIAP+, entretanto, apesar da visibilidade louvável, existe certo desconhecimento sobre o que significa ser queer. Dessa forma, é necessário falae e elucidar tal questão.

Dessa forma, iremos compreender não somente o significado do termo, mas como surgiu e as implicações de sua utilização. Então, vamos conhecer um pouco mais sobre as pessoas queer?

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O que é queer?

O termo queer, em português pode ser traduzido como “estranho”, “ridículo”, “excêntrico”, “raro”, “viado”, “bicha”, “extraordinário” ou “esquisito”. Entretanto, sua conotação em inglês é mais ofensiva. Isso ocorre, pois é utilizado como uma injúria que identifica a pessoa como desviante, anormal, defeituosa e impura. 

Nesse sentido, o queer, geralmente, é usado como insulto, pois procura denunciar no indivíduo “a esquisitice” estreitamente ligada à sexualidade, bem como a detectável “inadequação” ao gênero e orientação afetivo sexual consideradas normais socialmente. 

Tal “xingamento” imputa aos assim designados, certa marginalidade quanto à sua forma de ser, segundo o sistema de valores morais daquele que profere o insulto. Dessa forma, exclui os indivíduos que são caracterizados como tal.

O surgimento da expressão queer

No campo teórico, o livro “Between Men: English Literature and Male Homosocial Desire” da educadora norte-americana Eve Kosofsky Sedgwick, publicado em 1985, pode ser tomado como um marco dos estudos queer.  

A autora partiu de ideias de filósofos franceses, como Michel Foucault, Jacques Derrida e Gilles Deleuze, como preceito para seus estudos. Tais autores procuram escapar dos binarismos rigidamente estabelecidos e desnaturalizar identidades, gêneros e corpos. 

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Com tal base teórica, a palavra queer passa a mudar de sentido e começa a colocar-se contra qualquer tipo de normatização como: “a mulher”’, “o homem”, “o homossexual”, “o corpo”, “o sexo”, “a travesti” e “o idoso”. 

Sendo assim, é possível designar queer como aquela pessoa que não se encaixa nas ideias tradicionais de gênero ou sexualidade. Desse modo, percebem que a rotulação restringe a amplitude e a vivência da sexualidade.

Basicamente, o queer questiona as noções de dualidade. Nesse sentido, indaga relações como:  sexo-gênero, masculino-feminino, ativo-passivo, homossexualidade-heterossexualidade, normal-patológico, jovem-idoso, homem-animal e natureza-cultura.

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A quebra da “sexualidade compulsória”

Podemos perceber ao longo da história, que a sociedade procura formar todos para serem heterossexuais e organizarem suas vidas a partir de um modelo que parece ser absolutamente “coerente, superior, lógico e natural”. É institucionalizada assim, a heterossexualidade obrigatória e compulsória. 

Neste sentido, um dos maiores esforços reside na crítica ao que se convencionou chamar de heteronormatividade homofóbica, defendida por aqueles que veem no modelo heterossexual, conhecido também como heteronormatividade compulsória, como o único correto e saudável. 

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Por isso, os primeiros trabalhos dos teóricos queer apontam que este modelo foi construído para normatizar as relações sexuais, segundo conveniências complexas de organização social. Assim, pesquisadores e ativistas pretendem desconstruir o argumento de que a sexualidade segue um curso natural.

A teoria queer desafia a sociologia a não estudar mais aqueles que rompem as normas, nem os processos sociais que os criaram como desviantes. Ao invés disso, insiste em focar nos processos normatizadores marcados pela produção simultânea do hegemônico (neste caso, heterossexuais) e do subalterno (neste caso, os homossexuais). 

Tais estudos se preocupam em criticar os processos normatizadores. Portanto, os estudos queer procuram desvelar mecanismos de naturalização e essencialização dos termos e relações por eles significados.

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Desde que me formei em Psicologia em 2002, já iniciei meus atendimentos em consultório, onde estou até hoje. Logo em seguida fiz cursos na área clínica em Gestalt-Terapia e Psicoterapia Existencial. Dediquei-me também aos estudos de mestrado e doutorado voltados a Psicologia Social, Sexualidade e Envelhecimento. Além disso, sou plantonista voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) desde 1998, prestando apoio emocional, psíquico e prevenção do suicídio. É importante mencionar que atuei cinco anos como Psicólogo Clínico no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Quando solicitado, palestro em escolas, ONGs, etc. Em 2013 lancei o livro "Travestis Envelhecem?" e em 2017 o meu segundo, intitulado "Homofobia Internalizada: o preconceito do homossexual contra si mesmo" ambos pela editora Annablume. Atuo como Psicólogo voluntário em uma ONG que presta amparo ao LGBTQIAP + idoso dentre outras. Também leciono no Centro Universitário São Roque. Atendimento a partir dos 18 anos de idade.

1 COMENTÁRIO

  1. Na prática, o homo sapiens passou pelo “crivo” da reprodução em si, ou seja, namoro, noivado e casamento, eram como etapas da “maturação sexual”, tanto que virgindade era como um “troféu feminino” para habilitação da mulher a mãe dos filhos, do marido que a escolheu! Só que o advento dos banheiros por gênero, introduzido na chamada vida urbana, trouxe a fase que os animais “conhecem” fora do período de acasalamento ( também chamado de “cio”), ou seja, fase “entre iguais” quando por exemplo, dois cachorros ao se encontrarem, um deles faz aquele proceder de acasalar no outro! E no caso dos homens e mulheres, os banheiros por gênero vão da escola ao trabalho passando pelo shopping! Como apregoar, em especial, a dois homens que são maridos, a expressão “macho alfa” se ao compartilharem banheiro, eles percebem ter a chamada “complementariedade”, a luz da procriação, assimilada/hetera: penetrado/penetrar e, longe de qualquer machismo, mas por atração: bunda, pênis e/ou vagina!!!

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