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Cuidados emocionais no retorno ao trabalho após a licença maternidade

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O retorno ao trabalho após a licença maternidade é um momento de transição significativa na vida de uma mãe. É um período que pode estar repleto de emoções complexas e desafios, tanto pessoais quanto profissionais.

Neste sentido, os cuidados emocionais nessa fase desempenham um papel crucial, não apenas para o bem-estar da mãe, mas também para a produtividade e ambiente de trabalho. 

Como funciona a licença maternidade?

A licença maternidade no Brasil permite que mães cuidem dos seus bebês por um período de 4 a 6 meses. Em contrapartida, em outros lugares do mundo essa condição pode ser maior ou menor. Nos EUA, por exemplo, a licença maternidade é de 12 meses e não é remunerada. Chile e Cuba aparecem como os países com a maior licença da América Latina, com 156 dias. 

Além disso, na Europa, temos muitos exemplos de licença parental (mãe e pai), ou seja, equidade de períodos de licença entre os responsáveis pela criança, como é o caso dos países:

  • Reino Unido (12 meses);
  • Noruega (11 meses);
  • Alemanha (dois anos, divididos entre os pais, da forma que preferirem);
  • Espanha (quatro meses). 

No Brasil, a licença paternidade varia de acordo com a convenção coletiva em que pertence o trabalhador, e que costuma variar entre 5 dias com exceções de até 1 ano

O retorno ao trabalho após a licença maternidade 

O sofrimento das mães ao voltar ao trabalho está marcado pela desigualdade de gênero instituída culturalmente, que determina que a mãe deva ser a responsável pelos cuidados com o bebê. 

Dessa forma, mulheres assumem a maior responsabilidade com os afazeres domésticos trabalhando até 10 horas a mais do que os homens. 

A licença maternidade é um período de muito trabalho, adaptação, ansiedade, mudanças hormonais, comportamentais e de muita culpa.  Durante esse período 1 a cada 4 mães tendem a se deprimir.

Cuidados emocionais antes do retorno ao trabalho

A importância dos cuidados emocionais no contexto do retorno ao trabalho após a licença maternidade não pode ser subestimada. A romantização da maternidade frequentemente coloca uma pressão adicional sobre as mães para que demonstrem uma imagem de controle e satisfação inabaláveis, o que pode levar à negação das mudanças em seus corpos, mentes e comportamentos.

Nesse sentido, uma mãe que se encontra imersa nas demandas do bebê pode facilmente negligenciar sua própria saúde emocional e física. Ela pode não perceber os sinais de exaustão, ansiedade, depressão pós-parto ou outros desafios emocionais que possam surgir durante a transição de volta ao trabalho.

Antes de voltar ao trabalho, é necessário cuidar da saúde mental. Isso inclui conversar abertamente sobre sentimentos, buscar ajuda de profissionais de saúde mental, quando necessário, e encontrar maneiras de equilibrar as necessidades do bebê com as suas próprias.

4 dicas para o retorno das mães ao trabalho

Uma das etapas mais significativas no percurso da maternidade é o retorno ao trabalho. Este momento marca uma transição importante, em que as mães enfrentam uma série de mudanças emocionais, logísticas e sociais que podem ser desafiadoras de gerenciar.

Nesse contexto, é importante reafirmar que:

1. Licença maternidade não é férias

É muito comum que familiares, amigos e vizinhos venham visitar nos primeiros dias do nascimento do bebê. No entanto, a maioria das pessoas volta às suas vidas normais logo depois, deixando a mãe sozinha, com cólicas, choros, fraldas e muito medo.

Para evitar que isso aconteça, é importante fazer uma escala de dias e horários com os familiares e amigos, para que eles possam ajudar a mãe com as tarefas domésticas e com os cuidados com o bebê. A mãe precisa sentir que não está sozinha, e que tem pessoas em quem pode confiar.

Quanto ao pai, é importante que ele também participe das responsabilidades com o bebê, mesmo que esteja trabalhando durante o dia. Dividir as tarefas é fundamental para o bom desenvolvimento da criança e para o bem-estar da família. Além disso, ajuda o casal a se preparar para o retorno ao trabalho da mãe.

2. É possível negociar novos formatos de trabalho

Para isso, você pode pensar em dias de trabalho home office ou trabalho híbrido. Em alguns casos, também pode ser possível estudar mudanças nas suas tarefas. Trabalho presencial e trabalho em casa em períodos alternados também pode ser uma opção, desde que você tenha alguém na sua casa para ficar com o bebê.

O objetivo é que você esteja próxima do bebê, possa amamentar e possa trabalhar. É importante não tentar fazer tudo ao mesmo tempo, pois isso pode gerar ainda mais estresse.

3. O período de amamentação requer cuidados

Antes do retorno ao trabalho após a licença maternidade, fazer pesquisas sobre o tema e preparar o bebê para o caminho escolhido pela mãe é fundamental. Organizar, preparar, congelar leite, treinar e orientar as pessoas que ficarão responsáveis por isso evitará comentários que poderão perturbar esse momento. 

A culpa pelo possível mal estar do bebê pode gerar conflitos como: “ eu não sou boa mãe”,“ que vida é essa que estou proporcionando para meu filho?” ,“Será que estou fazendo a coisa certa?” e até mesmo a culpa por ter que voltar ao trabalho pode pairar.

4 . Autocuidado sempre é importante 

Mulheres têm o dobro de chance de desenvolverem transtornos mentais. A maternidade é marcada por excesso de trabalho, responsabilidade e culpa. No entanto, delegar as atividades domésticas e ter um tempo para si é fundamental.

O autocuidado pode vir por meio de exercícios físicos, leituras, filmes, dormir, comer com tempo, ficar em silêncio e muitas outras atividades.

Como a psicoterapia pode ajudar uma mãe no retorno ao trabalho? 

A escuta dos medos, ansiedade e culpa é fundamental para mapear os valores que sustentam a forma como a situação está sendo interpretada. É comum após a licença maternidade, haja a constatação da frustração com a sociedade, com o parceiro e com o próprio trabalho. 

Nesse sentido, o psicólogo para gestantes pode ajudar a olhar para as expectativas com relação ao momento, ato fundamental para revisar e buscar outras alternativas. Além disso, compreender quais sentimentos e comportamentos são comuns para essa fase pode acolher essa mãe que muitas vezes se sente sozinha e assustada com tantas mudanças. 

Quando é possível compreender que existem padrões comuns para essa fase, a culpa diminui e o sentimento de segurança vai aos poucos sendo retomado. 

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