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O impacto do retorno presencial ao trabalho na saúde mental

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A pandemia apresentou uma nova realidade no mundo. A vida pessoal, o trabalho e as interações sociais sofreram mudanças drásticas, entretanto, trouxe impactos inegáveis com o retorno presencial ao trabalho.

Após a quarentena, muitos continuaram a produzir presencialmente, mas boa parte adotou o sistema de trabalho remoto. Então, resta uma questão sobre como será esse novo momento pós-pandemia. Por conta disso, precisamos falar sobre o retorno gradual às atividades presenciais e, principalmente, sobre a relação das pessoas com os próprios empregos. 

A adaptação ao trabalho remoto

De acordo com uma pesquisa da McKinsey, realizada entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, o trabalho remoto proporcionou um aumento significativo da produtividade individual e das equipes. Além disso, segundo alguns executivos, a satisfação dos clientes também cresceu, apesar do momento delicado.

A adaptação ao trabalho remoto gerou bastante angústia, ansiedade, depressão e, sobretudo, estresse. Isso ocorreu, principalmente, com àqueles que dependem emocionalmente da interação social em suas profissões e trabalho prático.

Por um lado, foi observado um aumento significativo de reuniões por videoconferência e de volume de trabalho. Entretanto, o trabalho remoto também promoveu as formações online, estudos em geral, aumento de intimidade e convívio com os mais íntimos.

Nesse sentido, a pandemia desafiou as empresas e colaboradores para serem mais assertivos e inovadores na comunicação, de modo a trazer uma aproximação entre profissionais, líderes e clientes.

O trabalho remoto e o impacto nas pessoas

Mesmo diante da transformação digital demandada nos últimos meses, precisamos lembrar que o maior ativo das empresas são as pessoas. Sendo assim, o cuidado e trato com elas precisa ser muito bem planejado.

Uma questão ficou evidente: ainda existe, e muito, a necessidade de interação socioprofissional presencial; afinal, essa proximidade contribui para o bom funcionamento das funções cerebrais.

Devido ao período pandêmico, acabamos nos privando dessas importantes práticas, o que trouxe consequências para nossas relações. O contato ‘olho no olho’ promove o desenvolvimento de afinidades, confiança mútua, além de possibilitar a escuta ativa e o acolhimento. 

A ressignificação do trabalho

Entretanto, esse período também trouxe uma ressignificação do trabalho e da produtividade. Dessa forma, muitas famílias precisaram lidar com um novo modelo de espaço de convivência e privacidade.

Nesse sentido, constatamos nos atendimentos psicológicos online, que a maioria das pessoas precisaram se adaptar às condições do distanciamento social e isso trouxe novas configurações para a vida como um todo.

O que chama a atenção, no entanto, é a quantidade de pessoas que se mudaram para novos espaços. Existem aqueles que foram para lugares maiores com a família, enquanto outros voltaram a morar com seus familiares.

Qual é a necessidade de retomar as atividades presenciais?

Quando pensamos em pessoas, funcionários e colaboradores como os principais ativos para as empresas, como mencionado, podemos levar em conta a necessidade de troca de saberes e de afeto.

A interação presencial jamais será substituída pela virtual. Sempre haverá espaço para compartilhar em conjunto as conquistas, os problemas, as demandas, o conhecimento e as tendências.

Muito se fala sobre vida e trabalho pós-pandemia, mas pouco se sabe quando ela acabará. O que se constata é que houve uma ‘normalização’ da dor, do luto e da doença. Infelizmente, tratam-se essas questões como uma roleta russa em que alguns se apagam neste jogo da vida.

Por outro lado, é possível observar um outro grupo de pessoas. Tratam-se daquelas que entram em conflito por não conseguirem se adaptar à ideia de atividades presenciais ou mesmo híbridas.

De qualquer modo, novas adaptações em tão pouco tempo serão necessárias. Sendo assim, precisaremos nos despedir gradualmente da intimidade intensa familiar, do chinelo, da roupa folgada e do tempo economizado no deslocamento.

O retorno presencial ao trabalho é benéfico?

Os relatos recebidos nos atendimentos mostram que os benefícios das atividades presenciais podem não compensar esse retorno. Esse mundo repleto de interação, trânsito, gastos com roupas, acessórios, alimentação fora de casa, muitas vezes, pode ter o efeito contrário nessa balança.

O sistema híbrido pode ser uma opção para muitas empresas e negócios que podem lucrar com a redução de custos com espaços físicos para comportar os postos de trabalho presencial. Além disso, essa opção pode também trazer um conforto tanto às pessoas que não se adaptaram ao trabalho remoto, quanto aos que priorizam as atividades à distância.

A pesquisa da McKinsey, inclusive, mostra que o futuro do trabalho será mais híbrido. Entretanto, o estudo aponta que 21% a 80% das atividades laborais serão presenciais e de uma a quatro vezes por semana.

O que a saúde mental tem a ver com o retorno?

A maior parte dos transtornos mentais provém da interação do indivíduo com o ambiente, assim como com a predisposição genética para o desenvolvimento dos mesmos. Na Psicologia, sabemos também que as identificações de um indivíduo com o papel social são fontes abundantes de neuroses.

Dessa forma, quando não existe um equilíbrio entre o que as pessoas desejam e o que necessitam, poderemos observar muitos conflitos emocionais internos. De acordo com a pesquisa da consultoria, muitos profissionais não querem o retorno presencial das atividades.

Além disso, 29% dos entrevistados afirmam que poderão mudar de emprego, caso a empresa exija o trabalho apenas presencial. Sendo assim, o modelo híbrido de trabalho e de vida aparece como uma forma mais benéfica para garantir as interações, a economia, a produtividade e a saúde mental.

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