Apesar dos avanços da atualidade, ainda é um tabu falar da saúde mental do homem. O estigma negativo sobre os sentimentos masculinos prevalece, enquanto a condição emocional deteriora.
Dessa forma, é necessário discutirmos mais sobre o tema, pois, assim, será possível romper o preconceito instalado, tratar sobre as dificuldades masculinas e ajudar no processo de transformação da sociedade.
Ao abordarmos sobre a saúde mental do homens, conseguimos desconstruir ideias machistas e estimular o falar das próprias emoções nos homens, o que contrapõe ao padrão cultural deles somente buscarem ajuda quando a situação já está grave – e isso se buscarem.
“Homem não chora”
Quantas vezes já não escutamos essa frase? Apesar de totalmente inadequada, ela continua sendo ensinada nos dias atuais. O ditame foi sendo repassado pelo tempo, porém, dificilmente as pessoas notam a problemática do seu significado.
A principal ideia por trás da expressão é de que o homem não pode apresentar fragilidade ou expor suas emoções. Bem, fica claro nessa proposição uma amostra da masculinidade tóxica e um padrão cultural de sufocar os sentimentos.
Então, até quando vamos seguir ignorando este silêncio e omitindo que existe uma repressão de emoções? Perpetuar com tal ensinamento somente aumenta a chance de os homens desenvolverem comportamentos destrutivos e transtornos psicológicos.
Sendo assim, romper este silêncio é uma forma de aproximá-los de uma afetividade real. Basta observar a qualidade de como é expresso os afetos nas relações sociais, familiares, e amorosas. Então, avalie a maturidade emocional dos homens do seu convívio mais íntimo.
Fatores de risco para a saúde mental do homem
Além do desafio mais comum em falar muito pouco dos sentimentos, existem situações de risco capazes de influenciar no surgimento de sintomas prejudiciais à saúde masculina. Tais fatos podem ocorrer por conta de uma visão distorcida que associa adoecimento psíquico como sinal de fraqueza dentro do universo do homem.
Sendo assim, é mais comum observar insônia, irritabilidade, isolamento e quadros de depressão, ansiedade, pânico e até suicídio dentro desse quadro. Nesse sentido, vejamos alguns fatores que podem afetar o sofrimento dos homens:
- Doenças graves: podem prejudicar a autonomia da pessoa, o que incorre num declínio da saúde mental;
- Disfunções sexuais: são observados como fator de risco para o aparecimento de complicações mentais e sofrimento psíquico acentuado por afetar diretamente a autoestima;
- Desemprego ou aposentadoria: muitos relatam angústia por não terem uma função social e não se sentirem úteis. Este cenário, associado ao isolamento social e pensamentos de desesperança pode contribuir para o surgimento de um quadro psiquiátrico;
- Abuso de álcool e substâncias: se destacam nos serviços de saúde e nas relações familiares como um comportamento que causa inúmeros prejuízos, influenciando diretamente na resolução de conflitos de forma agressiva;
- Situações de violência: as diferentes formas de abuso também prejudicam a saúde mental masculina.
Atuando na prevenção do declínio mental nos homens
Para atuar na prevenção dos problemas psicológicos nos homens, a identificação precoce é fundamental. Dessa forma, ela ajuda na sensibilização para o diálogo e permite a reflexão vinda de pessoas de maior convívio.
Caso seja identificado o abandono das relações, rotinas e sintomas já descritos, será necessária uma conversa séria, pois, na maioria das vezes, é o familiar que percebe o problema e consegue mostrar para seu ente a necessidade de uma consulta de avaliação.
De qualquer forma, é importante o envolvido pensar junto com a sua rede de apoio quais são as ações possíveis para minimizar esses fatores. Uma alternativa interessante é a terapia online.
A psicoterapia pode auxiliar neste processo de desconstruir a ideia de que os homens não podem demonstrar sentimentos, afinal, falar é parte do remédio para prevenir adoecimentos mais graves.