Sexualidade não é doença. Muito menos sinal de algo a ser consertado. Entretanto, o preconceito é sim um causador de sofrimentos como ansiedade, depressão e muito mais.
No atendimento ao público LGBTQIA+, nota-se que a grande maioria do sofrimento relatado gira em torno do quanto essas pessoas sofrem com uma família intolerante e com situações sociais que causam dor.
O público LGBTQIA+ vem buscando a psicoterapia como um recurso adicional para entender questões relacionadas ao contato com o próximo. Além disso, procura saber lidar com as demandas que surgem como resultado dessa relação.
A psicoterapia é um espaço que vai além das demandas patológicas. Trata-se de um espaço de protagonismo em direção a autonomia, autoconhecimento, elaboração de novos caminhos e, principalmente, de ressignificação para questões dolorosas.
Dessa forma, podemos entender que a terapia é um espaço para todas as pessoas que buscam se entender internamente. No entanto, também é um lugar para compreender a nossa interação com o outro.
A sociedade e o público LGBTQIA+
É bastante comum escutar notícias tristes sobre preconceito e, às vezes, até mesmo ofensas e agressões nos jornais contra essa população. Esse é um fato que por si só pode despertar um pouco de ansiedade nas pessoas, porém, imagine o impacto que isso possui nas pessoas LGBTQIA+.
O preconceito existe e esses indivíduos sofrem marcas por isso. A falta de respeito, a intolerância, a ausência de empatia e a não compreensão de uma parcela social deixam cicatrizes invisíveis, mas bem dolorosas.
Ambientes de trabalho, amigos, grupos religiosos e, até mesmo, locais públicos, por vezes, manifestam comportamentos preconceituosos e intolerantes. Inevitavelmente, isso gera ansiedade, medo e diversos outros sentimentos que precisam ser trabalhados para não causar mais sofrimento.
A questão familiar
Além disso, a grande maioria apresenta questões de uma família que não consegue aceitar um membro da forma como ele é, por exemplo. Isso resulta em uma ansiedade presente das interações sociais e que precisa ser trabalhada em terapia.
O ambiente familiar é um ambiente de muito significado na vida das pessoas que procuram fazer terapia. Nele, acontecem diversas situações que geram demandas a serem exploradas no atendimento psicológico.
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Um dos motivos para isso acontecer é a expectativa. Torna-se fácil perceber que antes de uma pessoa nascer, a família já vem nutrindo expectativas sobre ela. E isso cria uma moldura sobre a imagem da pessoa.
Sendo assim, já se formam imagens pré-concebidas de como deveria ser o cabelo, as roupas, a profissão, as escolhas, a sexualidade, o time de futebol, o posicionamento político e, até mesmo, o que estudar na graduação.
Dessa forma, notamos que todas as decisões de uma pessoa que acaba fugindo dessa “moldura” geram frustração para todo o núcleo familiar. Afinal, ele vinha nutrindo um modelo pronto na vida desse indivíduo.
A família e o público LGBTQIA+
Pensar no público LGBTQIA+ é pensar em pessoas que desejam se entender. Porém, além disso, tratam-se de indivíduos que gostariam de compreender as situações sociais nas quais estão inseridos.
E a família está inserida nessa ótica pela forma como vê, interage e, às vezes, até determina seus membros. O núcleo familiar é um ambiente de muita expectativa entre os que ali estão inseridos. Entretanto, esse é um caminho para a frustração de várias pessoas envolvidas.
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Nesse sentido, a família ao perceber que a pessoa se posiciona num caminho contrário às expectativas depositadas, pode ter dificuldades de aceitação. Essa questão é problemática, principalmente, pois esse núcleo, que deveria ser de apoio, às vezes, tenta modificar o outro.
Naturalmente, esses esforços geram sofrimento psíquico em ambos os lados da situação e causam marcas. Essas marcas tornam-se pauta em diversas sessões de terapia e precisam ser administradas emocionalmente para que não se tornem demandas maiores.
O atendimento psicológico ao público LGBTQIA+
Os membros de uma família disfuncional acabam fazendo com que um ambiente que deveria ser acolhedor se torne o oposto de tudo isso. Então, como você acha que fica a saúde emocional de uma pessoa que não se sente respeitada, aceita e compreendida dentro da própria casa? Com certeza isso deixa marcas.
Entretanto, todo esse enredo não para por aqui. Existe também o preconceito de uma sociedade que nem sempre está pronta para lidar com o outro e que se manifesta intolerante à diversidade de gênero.
Dentro de um ambiente de terapia deve existir acolhimento e, principalmente, respeito. Não podemos patologizar a sexualidade de uma pessoa somente por ela ser diferente da nossa. As demandas que surgem nos atendimentos psicológicos com o público LGBTQIA+ são demandas criadas no contato com outras pessoas.