A sessão de terapia trabalha com as emoções das pessoas. E isso nunca é fácil. Falar sobre sentimentos e nos abrir para o outro traz uma vulnerabilidade necessária para o processo de autoconhecimento. Entretanto, a forma como reagimos a isso quando saímos do consultório do psicólogo varia de pessoa para pessoa.
Nesse sentido, é possível observar que muitos saem aliviados e com uma boa sensação no peito quando acaba a terapia. Por outro lado, algumas pessoas não se sentem tão bem após a sessão. Porém, será que essa sensação é normal?
Inclusive, esse é um medo que ainda permeia entre aqueles que nunca fizeram um acompanhamento psicológico. Dessa forma, vale desvendar por que isso ocorre e o que isso também significa para a pessoa e o procedimento.
É normal se sentir mal depois da terapia?
Trata-se de uma situação desconfortável. Você vai para a terapia para lidar com as suas emoções e se sentir bem em relação a elas, mas acaba acontecendo o contrário. Afinal, o que rolou durante a sessão que pode ter gerado isso?
Segundo o psicólogo Andrew Keefe, “há uma infinidade de razões pelas quais você pode se sentir pior depois de iniciar a terapia. O mais comum é que ela o coloca em contato com o que você realmente sente”.
Tal situação acontece, pois somos expostos a emoções que tínhamos ignorado como forma de proteção. “O problema é que os sentimentos, pensamentos e memórias que tentamos bloquear não desaparecem quando fazemos isso. Eles continuam a influenciar nosso humor e comportamento, mesmo se não estamos cientes deles”, complementa Keefe.
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Inclusive, “algumas sessões de terapia são particularmente desafiadoras e podem até provocar reações físicas como dores musculares, de cabeça e de estômago, fadiga, sonolência e até dificuldade para pensar e agir”, comenta a psicóloga Márcia Zuzarte.
Entretanto, para terapeuta Candice Christiansen essa situação é normal e do próprio acompanhamento psicológico. “Tudo isso faz parte da cura e, com o tempo, eles chegarão a um lugar onde se sentirão mais confortáveis para lidar com seu desconforto”, analisa.
Além disso, a psicóloga procura acolher os pacientes e mostrar que passar por esse desconforto também faz parte do processo. “Eu respondo de maneira solidária, normalizando seus sentimentos e assegurando-lhes que, ao longo do processo de terapia, haverá momentos em que, após as nossas sessões, eles continuarão a processar o desconforto”, comenta Christiansen.
Por que isso acontece?
Trazer à tona emoções e pensamentos gera repercussões dentro da pessoa. Para entender melhor isso, Keefe explica que “é como se seus sentimentos tivessem sido congelados e a terapia derrete esse gelo, sendo assim, os sentimentos voltam a vida e despertam. Este é o primeiro passo para a recuperação, mas pode ser um primeiro passo doloroso”.
E isso faz parte do acompanhamento psicológico. “Começar a falar com um psicólogo traz esses sentimentos à superfície, pois o processo terapêutico traz essas questões de volta para sua atenção. Dessa forma, você se torna mais consciente deles e começa a vivenciá-los diretamente, em vez de ficar zangado ou chateado com situações externas”, complementa.
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Nesse sentido, não é preciso ter medo caso você saia da terapia se sentindo mal. Trata-se de um processo e os resultados irão aparecer conforme o tempo. Nessas situações, é sempre interessante comentar com o psicólogo que isto está ocorrendo, pois, assim, ele poderá te auxiliar da melhor forma possível.