Sexo na adolescência. Só de ler a frase, algumas pessoas já ficam receosas, porém, não é necessário ter medo disso. Aliás, precisamos conversar sobre sexo. Até os 18 anos, metade das garotas já terão iniciado a vida sexual, enquanto que para os garotos a proporção sobe para ¾.

Então, por que o medo? A relação sexual na adolescência continuará acontecendo – com ou sem tabu. A educação sexual para jovens, dessa forma, torna-se fundamental. Apesar da abordagem escolar, o tema também ganha destaque dentro do ambiente familiar.

O tabu em relação ao sexo

Uma pesquisa realizada pela Bayer em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), procurou discorrer sobre o tema com as jovens brasileiras. Os resultados demonstraram que 59% das entrevistadas possuem um diálogo aberto com os pais sobre sexo. Além disso, daquelas que não falam sobre sexualidade em casa, 67% gostaria de ter essa oportunidade.

Nesse sentido, Dr. Afonso Nazário, Coordenador da Pós-Graduação do Departamento de Ginecologia da Unifesp, comenta que “a conversa aberta com os pais é extremamente importante para as jovens (…). São eles que podem fazer com que um assunto complicado se torne simples e natural, trazendo conforto e confiança para quem está iniciando a vida sexual”.

Enxergar o assunto sob a ótica da “sexualidade precoce” é desprezar a realidade e não tratar o tema como ele merece: com diálogo e confiança. Sendo assim, é necessário compreendermos a importância da educação sexual e de conversar sobre a sexualidade na adolescência.

A importância da educação sexual 

A educação sexual é um pilar essencial no desenvolvimento humano e na construção de sociedades saudáveis e informadas. Desde cedo, somos confrontados com questões relacionadas à sexualidade, mas como visto, nem sempre temos acesso à informação adequada e educativa para entendermos plenamente esses aspectos fundamentais da nossa vida.

Seja por medo de falar sobre o sexo na adolescência ou vergonha, a importância da educação sexual vai além de simplesmente transmitir conhecimentos biológicos; ela abrange a capacitação de indivíduos para tomarem decisões informadas e responsáveis sobre sua saúde sexual e reprodutiva, assim como para desenvolverem relações interpessoais baseadas no respeito mútuo e na compreensão da diversidade.

Logo, alguns benefícios de educar sexualmente os adolescentes são:

1. Gerenciamento de expectativas

Um estudo realizado pela Universidade de Middlesex pretendeu entender os efeitos da exposição de conteúdos pornográficos em crianças e adolescentes. O resultado: mais de ¾ dos entrevistados entenderam aquilo como um representação fiel de sexo. Além disso, 39% dos jovens de 13 a 14 anos queriam copiar o comportamento que tinham visto.

Conhecimento é saber o que esperar. Conversar sobre sexo na adolescência permite alinhar expectativas e tirar dúvidas. Num contexto cada vez mais digital, ter um contato próximo e aberto com os filhos pode ser crucial para evitar comportamentos inadequados.

2. Amadurecimento com o tema

“A educação sexual ajuda a iniciar a vida sexual quando se sentir já pronto, já mais amadurecido. Comparando-se a idade daqueles jovens que tiveram educação sexual com aqueles que não tiveram, percebeu-se que existe uma diferença de seis meses na média da iniciação na vida sexual, isso significa que os jovens que receberam esse conhecimento aguardam o momento mais adequado”, afirma a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP).

Dessa forma, ao ensinar e deixar de tratar o tema como tabu, a pessoa se sente mais confortável consigo mesma e com o assunto. Logo, a pressão social pela primeira experiência sexual é dissipada. Além disso, o conhecimento permite uma relação mais saudável e prazerosa.

3. Explorar a sexualidade

Explorar a sexualidade na adolescência é um processo natural e fundamental para o desenvolvimento saudável e consciente dos jovens. A abordagem positiva e educativa sobre a sexualidade desde cedo é crucial para que os indivíduos compreendam e respeitem seus próprios corpos, assim como os limites e desejos dos outros.

Ao fornecer uma educação sexual abrangente, que inclui temas como consentimento, comunicação sexual saudável e a diversidade de experiências sexuais e de gênero, os jovens são capacitados a explorar sua identidade sexual de maneira segura e respeitosa.

4. Evitar abusos

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar apontou que 4% dos alunos do 9º ano já foram forçados a fazer sexo. O estudo mostra uma realidade de adolescentes entre 13 e 15 anos. Diante dessa preocupante estatística, discutir abertamente sobre sexualidade na adolescência não apenas educa, mas também serve como um alerta crucial.

É essencial esclarecer o que constitui um comportamento aceitável e o que é abusivo desde cedo. Educar sobre consentimento e ensinar a importância de estabelecer limites claros são medidas preventivas fundamentais.

5. Necessidade da proteção sexual

75% dos jovens brasileiros já tiveram uma relação sexual desprotegidos. Os dados  refletem a importância da educação sexual na adolescência. Portanto, é preciso apresentar a relevância do tema, pois estamos tratando de uma questão de saúde.

Então, é necessário prover os jovens com informações relativas a métodos contraceptivos e as possíveis consequências de ações imprudentes. Atuando na prevenção será possível evitar lidar com uma gravidez indesejada ou contrair doenças sexualmente transmissíveis.

Como iniciar a conversa sobre sexo 

Iniciar uma conversa sobre sexo com os filhos é um desafio que muitos pais enfrentam, principalmente devido ao tabu cultural e às próprias inseguranças em relação ao assunto.

No entanto, é fundamental superar esses obstáculos para proporcionar aos filhos uma educação sexual adequada e empoderadora. Aqui estão algumas estratégias e considerações mais detalhadas para iniciar essa conversa de maneira eficaz:

Reflexão pessoal

Antes de iniciar a conversa, é útil refletir sobre suas próprias crenças, valores e experiências em relação ao sexo. Muitos pais foram criados em um ambiente onde o sexo era um assunto tabu, o que pode influenciar suas próprias hesitações em discuti-lo com os filhos. Reconhecer essas influências pessoais pode ajudá-lo a abordar o assunto de maneira mais aberta e honesta.

Enfrentando o tabu cultural

Em muitas culturas, o sexo é um tema delicado e muitas vezes evitado. No entanto, é importante reconhecer que a educação sexual é fundamental para a saúde e o bem-estar dos jovens. Discutir abertamente sobre sexualidade pode ser um ato de resistência contra o tabu cultural, promovendo uma abordagem mais saudável e informada para futuras gerações.

Escolha do momento e ambiente adequados

Opte por um momento tranquilo e privado para iniciar a conversa, longe de distrações e interrupções. Um ambiente seguro e confortável ajudará tanto você quanto seu filho a se sentirem mais à vontade para discutir um assunto tão íntimo e pessoal.

Utilize situações cotidianas como ponto de partida

Às vezes, uma forma natural de iniciar a conversa sobre sexo é aproveitar situações do dia a dia, como uma cena em um filme, uma notícia na TV ou uma pergunta que seu filho tenha feito sobre anatomia ou relacionamentos.

Seja direto e honesto

Inicie a conversa de maneira direta, utilizando uma linguagem clara e apropriada para a idade do seu filho. Evite rodeios ou linguagem ambígua, pois isso pode causar confusão e transmitir a mensagem de que o assunto é tabu.

Escute atentamente e responda às perguntas

Esteja preparado para ouvir as perguntas e preocupações do seu filho de maneira aberta e sem julgamentos. Responda honestamente às perguntas que ele fizer, adaptando as respostas ao nível de entendimento e à idade dele.

Enfatize valores e respeito

Durante a conversa, enfatize a importância do respeito próprio e do respeito pelos outros em todos os aspectos da sexualidade. Discuta valores familiares que são importantes para vocês, como o consentimento mútuo e a responsabilidade nas relações.

O psicólogo no auxílio de pais e mães

Um psicólogo desempenha um papel crucial em ajudar os pais a abordarem o tema da sexualidade com seus filhos de maneira saudável e construtiva.

Em primeiro lugar, ele pode educar os pais sobre o desenvolvimento sexual das crianças e adolescentes, proporcionando uma compreensão clara de quais informações são apropriadas para cada idade e estágio de maturidade. Isso inclui discutir temas como anatomia, consentimento e relacionamentos de maneira sensível e informativa.

Além disso, um psicólogo pode ajudar os pais a explorarem suas próprias atitudes e crenças em relação à sexualidade. Muitas vezes, os pais podem ter preocupações pessoais ou hesitações sobre como abordar o assunto com seus filhos.

O psicólogo pode oferecer um espaço seguro para discutir essas preocupações, ajudando os pais a compreenderem melhor seus próprios sentimentos e a desenvolverem uma abordagem mais confiante e aberta.

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