Primeiramente, alguns termos técnicos referentes àquilo que foi denominado de sexualidade humana, necessitam de alguns esclarecimentos. Esses termos são: sexo, gênero, identidade de gênero, modelos de gênero, papel social de gênero, expressão do papel social de gênero, orientação do desejo afetivo sexual, prática sexual e posição sexual. 

Esses termos, por sua vez, são muito utilizados na atualidade e muitas pessoas não sabem o que eles significam. Dessa forma, até mesmo confundem seus significados. A sexualidade humana tem se tornado um tema pertinente e de extrema importância, visto isso, precisamos saber nos referir com exatidão a essas palavras. 

O que cada termo referente a sexualidade humana significa?

A sexualidade humana tem ganhado espaço nas rodas de conversa e estamos nos deparando com a inclusão e diversidade em maior escala. É um grande avanço da sociedade, e precisamos acompanhá-lo. No entanto, saiba o que significa cada palavra:

Sexo

O termo “sexo”. Pode ser definido como sendo as características biológicas específicas dos caracteres sexuais primários, tais como: aparelhos reprodutores masculinos e femininos (sexo cromossômico, pênis, próstata, bolsa escrotal, testículos, vesícula seminal, vagina, útero, trompas e ovários), às suas funções e aos caracteres sexuais secundários ocasionados pelos hormônios. 

Nos homens, há presença de massa muscular maior que em mulheres, ombros largos (tórax e espáduas), maior crescimento de pelos no corpo e no rosto, quando comparado ao sexo feminino.

Nas mulheres, ocorre o crescimento dos seios, presença de pelos pubianos e axilares, alargamento da bacia, menstruação, acne, acúmulo de tecido adiposo, estes são exemplos de caracteres sexuais femininos secundários. 

No entanto, para além do binarismo masculino-feminino, há os intersexuais. Eles nascem com caracteres sexuais primários e secundários ambíguos. Antigamente eram chamados de hermafroditas.

Gênero

O “gênero” é outro termo que é muito confundido. Pode ser definido como um conceito pessoal, individual e subjetivo que pertence ao âmbito cultural e social. Logo, não é uma entidade biológica e natural. Mas sim, uma construção histórica social. 

É um empreendimento realizado pela sociedade para transformar o ser nascido com vagina ou pênis naquilo que se define como sendo mulher ou homem. Nesse sentido, gênero é uma construção social que organiza as estruturas de poder e o funcionamento da sociedade.

O conceito de “gênero” reúne aspectos biológicos, psicológicos, sociais e históricos associados àquilo que foi denominado de feminino, por um lado, e masculino, por outro. As concepções daquilo que é considerado masculino e feminino variam de cultura para cultura e de época para época.

Contudo, nossa sociedade é binária, masculino ou feminino. Porém, há aqueles que não se identificam nem com o feminino e nem com o masculino, são chamados de gêneros não binários ou não-bináries. Outros, transitam entre ambos, são denominados de gênero fluído. 

 Identidade de gênero e expressão social de gênero

A “identidade de gênero” refere-se ao quanto uma pessoa “se sente” e se vê como homem (masculino), mulher (feminino), as duas coisas ou nenhuma delas, ou seja, o quanto ela se identifica com os “modelos de gênero” (estereótipos) estabelecidos pela sociedade em que vive.

Já a “expressão do papel social de gênero” é a manifestação exterior da chamada “identidade de gênero”. Contudo, traduz-se pelo conjunto das formas, condutas e recursos sociais. São culturalmente sancionados para que uma pessoa expresse uma determinada identidade de gênero no mundo exterior.

Esse conjunto inclui uma gama muito variada de itens prescritos e convencionados socialmente. Vão desde vestuário, calçados e maquiagem até maneirismos, comportamentos, modo de andar, falar, pensar, ser, agir, viver, etc. 

Papel social de gênero

O “papel social de gênero” está ligado ao “modelo de gênero” e à “expressão do papel social de gênero”. Esta última se refere à adesão ao conjunto de comportamentos relacionados, ao que se convencionou chamar de masculino ou feminino, dentro de um grupo ou sistema social, em determinada época e local. 

Ou seja, é a forma como o indivíduo se mostra para as demais pessoas do ponto de vista do gênero, se com uma aparência dita masculina, feminina ou uma mistura de ambas. Sendo assim, todas as sociedades conhecidas possuem um sistema sexo/gênero, ainda que os componentes e funcionamento deste sistema variem bastante de sociedade para sociedade. 

Orientação do desejo afetivo sexual

A “orientação do desejo afetivo sexual” pode ser definida como a direção pela qual o desejo sexual é orientado fisicamente e/ou afetivamente. Logo, o desejo sexual desempenha um importante papel na formação da orientação sexual. 

Ele é um impulso subjetivo e comportamental em relação ao objeto de desejo. Este impulso visa obter como resposta uma grande sensação de prazer e satisfação sexual. É um fenômeno de grande complexidade, cuja manifestação ocorre pela interação simultânea de estímulos biológicos, psicológicos e sociais.

As ciências biomédicas as definem oficialmente como sendo de cinco tipos básicos: heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual e assexual. 

A Sapiossexualidade e a demissexualidade

Muito se fala sobre sapiossexualidade como orientação sexual. O termo “sapiossexual” é um neologismo advindo de sapiens do latim, isto é, uma atração sexual direcionada a pessoas inteligentes, sábias ou sapientes. 

 Há também o termo demissexualidade, que parte de um neologismo com a expressão “demi”, do francês que significa “outro”). Sendo assim, define aquelas pessoas que sentem atração sexual por outras pessoas se não houver conexão emocional.

Dessa forma, tanto a sapiossexualidade como a demissexualidade não são orientações sexuais determinadas pelas ciências biomédicas e psi (psicologia e psiquiatria). Elas são criadas pela dinâmica das relações sociais estudadas pela antropologia. São elementos formadores de aspectos subjetivos que também compõem o desejo afetivo-sexual.

Prática sexual e posição sexual

A “prática sexual” ou “comportamento sexual” é a realização de fato da atividade sexual. Por fim, a “posição sexual” diz respeito a como ele realiza a prática sexual, se é ativo (aquele que penetra seu pênis), passivo (aquele que é penetrado pelo pênis), versátil (penetra e/ou é penetrado) e por fim, não faz questão de penetrar ou ser penetrado.

O estigma em relação a sexualidade humana

O gênero, identidade de gênero, papel social de gênero, modelo de gênero, expressão do papel/modelo social de gênero, orientação do desejo afetivo sexual, prática sexual e posição sexual são elementos construídos sócio-historicamente. 

Portanto, eles formam o que chamamos de sexualidade e normas de gênero, são tão importantes na fundamentação, organização das estruturas de poder e funcionamento da nossa sociedade. Porém, ainda há certo preconceito em relação ao tema e muitas pessoas sofrem diariamente com o preconceito ainda enraizado na atualidade.

Se você conhece alguém que precisa de ajuda, ou mesmo, sinta que você precisa conversar sobre o assunto, faça ou indique a terapia online. Conversar com um psicólogo pode te ajudar a entender com mais clareza os processos e lidar com eles de forma mais leve.

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Desde que me formei em Psicologia em 2002, já iniciei meus atendimentos em consultório, onde estou até hoje. Logo em seguida fiz cursos na área clínica em Gestalt-Terapia e Psicoterapia Existencial. Dediquei-me também aos estudos de mestrado e doutorado voltados a Psicologia Social, Sexualidade e Envelhecimento. Além disso, sou plantonista voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) desde 1998, prestando apoio emocional, psíquico e prevenção do suicídio. É importante mencionar que atuei cinco anos como Psicólogo Clínico no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP. Quando solicitado, palestro em escolas, ONGs, etc. Em 2013 lancei o livro "Travestis Envelhecem?" e em 2017 o meu segundo, intitulado "Homofobia Internalizada: o preconceito do homossexual contra si mesmo" ambos pela editora Annablume. Atuo como Psicólogo voluntário em uma ONG que presta amparo ao LGBTQIAP + idoso dentre outras. Também leciono no Centro Universitário São Roque. Atendimento a partir dos 18 anos de idade.

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