Entenda como a síndrome de Procusto, inspirada no mito grego, pode afetar o seu ambiente de trabalho!

A mitologia grega foi o berço de diversas histórias ricas em imaginação e moral. Mesmo com deuses, sátiros e outros seres míticos, elas sempre conseguiram se aproximar do nosso mundo e trazer importantes valores. Com a história de Procusto não foi diferente. O mito, de tão forte e enraizado na cultura popular, acabou nomeando uma síndrome, a Síndrome de Procusto.

A mitologia

O mito de Procusto está longe de ter um final feliz, afinal, finais felizes são para contos de fadas. A tragédia sempre deu o tom das peças, mitos e histórias gregas, então, prepare-se pois Procusto não foi o mocinho desse conto.

Em muitas versões, Procusto era um gigante, dono de uma estalagem, que recebia hóspedes a todo o tempo. O homem, porém, era extremamente inseguro, invejoso e não gostava nada quando alguém o superava em força, estatura, inteligência ou qualquer outro aspecto, para falar a verdade. Sempre que um novo hóspede chegava, ele convidava o sujeito para passar uma noite em sua cama de ferro, estrutura que possuía o tamanho exato do gigante. Só que a pessoa deveria caber perfeitamente no leito, nem mais, nem menos, senão…

Já foi dito que o gigante não era lá tão bonzinho. Assim que alguém deitava na cama de Procusto, ele analisava se a pessoa cabia exatamente nela. Caso contrário, ele a torturava. Das pessoas altas, o gigante cortava as extremidades e, das baixas, ele as esticava até seus ossos quebrarem, daí a origem do nome do gigante, pois o significado de “procusto” é “o esticador”.

O que é a Síndrome de Procusto?

Vamos esquecer a tragédia grega e as torturas e analisar psicologicamente a figura do gigante: um homem egocêntrico, invejoso, inseguro e capaz de fazer mal à quem lhe oferece perigo ou que ameace a sua supremacia. Esse perfil pode ser encontrado em qualquer lugar, mas é no ambiente de trabalho que ele pode ser encontrado mais facilmente, já que a competitividade e a ganância facilitam essa síndrome de aparecer.

A síndrome de procusto não está catalogado no CID (Código Internacional de Doenças), portanto, não é considerada uma doença. Os estudos acerca da síndrome ainda são parcos, mas especialistas defendem a sua existência, mesmo que ainda tímida no âmbito científico.

Procusto no escritório

O mundo corporativo é desafiador e repleto de pessoas com pensamentos, hábitos e valores diferentes. Conviver nem sempre é fácil e há quem diga que a expressão “lobo em pele de cordeiro” pode fazer jus a alguns colegas de trabalho. É que, quando o indivíduo se vê ameaçado por outro colega de trabalho, ele pode passar a humilhar as pessoas, boicotar suas ações dentro da empresa, minimizar suas empreitadas e causar grande desmotivação profissional. Esse ambiente tóxico desestimula o processo de criação, produção e inovação.

Outro traço forte do perfil é o desejo de que os outros se encaixem perfeitamente no seu jeito de ver a vida, assim como o gigante procusto obrigava suas vítimas a caber no seu leito de ferro. A metáfora também pode ser aplicada aos chefes das empresas que esperam que seus funcionários sejam exatamente como eles. É claro que todo chefe tem expectativas acerca de quem contrata, mas o funcionário não deve ser uma cópia do chefe e nem mudar a sua personalidade para manter o emprego.

Uma das mensagens do mito de Procusto é justamente esse: ninguém se encaixará perfeitamente no molde de outra pessoa. Cada um existe com suas peculiaridades e especialidades, e são as diferenças que agregam e movem o mundo.

Sinais da Síndrome de Procusto

  • Competitividade excessiva;
  • Diminuição, humilhação e desvalorização do outro para se sentir melhor consigo mesmo;
  • Egocentrismo;
  • Insegurança;
  • Menosprezo pelas conquistas de colegas;
  • Resistência à opiniões divergentes;
  • Boicote de colegas;
  • Omissão de informações importantes a fim de tirar vantagem, consequentemente, prejudicando quem não sabe;
  • Medo de desafios;
  • Medo de ser superado;
  • Aversão à exposição em situações adversas;
  • Apreço pela desmotivação dos outros;
  • Agressividade e rispidez caso seja contrariado;
  • Desejo de ser sempre o melhor;
  • Não aceita as diferenças;
  • Não permite que outros progridam ou façam mais sucesso que ele;
  • Entre outros.

É preciso ficar muito atento pois o mundo corporativo atualmente exige um alto nível de competitividade, mas isso não significa que o indivíduo possua a síndrome. As grandes demandas e a conexão com o trabalho por maior tempo pode fazer com que muita gente se sinta sobrecarregada e sinta medo de ser ultrapassada após tanto trabalho duro. Esse perfil tem crescido cada vez mais e aberto portas para doenças psicológicas como Síndrome de Burnout, depressão e ansiedade.

De qualquer maneira, é preciso ficar de olhos abertos para os Procustos da vida para não sei deixar afetar por palavras de humilhação e expectativas de se encaixar em um padrão. O mito de Procusto é uma história antiga, mas seus valores e mensagens são mais atuais do que nunca.

1 COMENTÁRIO

  1. Me lembrou da Sindrome de Burnout. É tortura psicológica no local de trabalho, a ponto de fazer a pessoa se sentir alheio a própria história: não se identificando com ela! Não fosse a base religiosa que tenho, estaria ainda hoje, estagnado!

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