O ciúme patológico, também conhecido como ciúme doentio ou transtorno de ciúme patológico, é uma condição psicológica em que uma pessoa experimenta um ciúme excessivo e irracional em seus relacionamentos interpessoais.

Ao contrário do ciúme comum, que é considerado uma emoção normal e até mesmo saudável em certa medida, o ciúme patológico é caracterizado por intensidade extrema e impacto negativo significativo na vida do indivíduo e em seus relacionamentos.

Por que sentimos ciúmes?

O ciúme é uma emoção complexa e multifacetada que tem suas raízes em fatores psicológicos, sociais e evolutivos. No entanto, embora possa variar em intensidade e forma de expressão de uma pessoa para outra, existem algumas razões principais pelas quais sentimos ciúmes, como:

Medo de perda

O ciúme está frequentemente associado ao medo de perder uma pessoa que valorizamos, seja um parceiro romântico, amigo próximo ou membro da família. Sentimos ciúmes porque tememos que o relacionamento ou vínculo que temos com essa pessoa seja ameaçado por terceiros.

Insegurança e baixa autoestima

Sentimentos de inadequação, insegurança e baixa autoestima podem alimentar o ciúme. Logo, quando não nos sentimos seguros em nós mesmos ou duvidamos do nosso valor, podemos facilmente interpretar as ações ou a atenção direcionada a outras pessoas como um sinal de que não somos bons o suficiente ou que estamos em risco de ser substituídos.

Possessividade e controle

O ciúme muitas vezes está associado a uma necessidade de controle sobre o outro. Contudo, podemos desejar ter total posse ou influência sobre a pessoa amada, e o ciúme surge quando sentimos que esse controle está sendo ameaçado. Isso pode ser resultado de uma dependência emocional ou de uma visão distorcida do amor e dos relacionamentos.

Comparação social

Vivemos em uma sociedade onde as comparações são comuns e onde o valor pessoal muitas vezes é atribuído com base em realizações, aparência ou relacionamentos. Sendo assim, o ciúme pode surgir quando nos comparamos a outras pessoas e tememos que nosso parceiro ou parceira possa ser atraído por alguém mais atraente.

Evolução e proteção do vínculo

Do ponto de vista evolutivo, o ciúme pode ser entendido como um mecanismo de proteção do vínculo. Desse modo, ao sentirmos ciúmes, estamos expressando um desejo de manter a exclusividade e a fidelidade do nosso parceiro para garantir a continuidade dos nossos genes e a estabilidade do relacionamento.

É normal sentir ciúmes?

Em um relacionamento saudável, o ciúme moderado pode servir como um sinal de que valorizamos a pessoa amada e desejamos preservar a exclusividade e a conexão emocional.

No entanto, é importante ressaltar que existem diferentes graus de ciúme e que ele pode se tornar problemático quando é excessivo, irracional e prejudicial para o bem-estar pessoal e para os relacionamentos.

Portanto, é importante encontrar um equilíbrio saudável em relação ao ciúme. Reconhecer e validar os sentimentos de ciúme, comunicar de forma aberta e honesta com o parceiro e buscar apoio quando necessário são formas de lidar com o ciúme de maneira construtiva e promover relacionamentos saudáveis.

O ciúmes patológico 

Quando o ciúme se torna exagerado e desmedido, pode ser que ele se enquadre no que o MSD chama de “transtorno delirante”. Além disso, é descrito como uma série de “delírios divididos entre não bizarros (que envolvem situações que poderiam acontecer) ou bizarros (que envolvem situações implausíveis, como acreditar que alguém removeu os órgãos internos sem deixar cicatriz)”.

Por outro lado, o transtorno delirante pode se manifestar como um tipo específico, conhecido como “ciúmes”. Nesse sentido, esses indivíduos acreditam piamente de que seu cônjuge é infiel, baseando-se em crenças vazias, sem provas e sustentadas por fracas evidências. Portanto, quando há esse tipo de comportamento, podemos até dizer que a pessoa tem a Síndrome de Otelo.

O que é a Síndrome de Otelo?

A Síndrome de Otelo é o nome que damos para definir as pessoas que sofrem com o  cíumes patologico e possuem comportamentos específicos como ficar obcecados e constantemente vigilantes, monitorando as ações e os movimentos do parceiro.

Quem possui esta condição pode até tomar medidas drásticas para “provar” a traição, como invadir a privacidade da pessoa, contratar detetives ou confrontar o parceiro e acusá-lo diretamente. Logo, acreditam firmemente que estão sendo traídas, mesmo quando não há motivos reais para suspeitar de infidelidade.

Sintomas de que seu cíumes não é normal

O ciúme pode ser considerado normal em certa medida. No entanto, quando se torna excessivo, irracional e prejudicial para o bem-estar pessoal e para os relacionamentos, indica a presença de um ciúme patológico. Aqui estão alguns sintomas que podem indicar que o ciúme não é normal:

1. Desconfiança

Sair sozinho? Falar no celular à noite? Ir ao happy hour do pessoal do escritório? Nada disso entra na cabeça de quem tem ciúme patológico. Além disso, a desconfiança faz com que estejamos sempre em dúvida e à procura de pistas que incriminem nosso cônjuge. Nesse sentido, a possessividade vem junto da desconfiança e nunca nos sentimos bem quando nosso parceiro tem algum evento independente.

2. Ressentimento

O ciúme está sempre presente na vida do indivíduo com transtorno delirante. Todas as situações que o fizeram sentir ciúme e os sentimentos subjacentes como raiva, tristeza, impotência e angústia são guardados e trazidos à tona a qualquer momento. São indivíduos extremamente rancorosos e guardam todos os momentos no seu dossiê emocional da infidelidade que ele julga ter acontecido.

3. Situações interpretadas à seu modo

O Manual MSD aponta a “tendência a ler significados ameaçadores em observações ou eventos benignos” como um dos sinais de ciúme patológico. Eles enxergam qualquer frase com desconfiança e interpretam-na como uma prova concreta de que o(a) parceiro(a) o está traindo. Esse comportamento irracional, emocional e repleto de mania de perseguição o faz estar sempre alerta e pronto para se sentir ofendido e traído.

4. Raiva

Qualquer atitude suspeita pode despertar sua fúria, afinal, eles não sabem como controlar o ciúme. Por outro lado, quem sente ciúme de tudo está sempre à flor da pele e acaba estourando com os cônjuges frequentemente. Esse tipo de comportamento pode levar ao desgaste da relação e até a episódios mais graves em que o ciúme pode chegar ao ponto da agressão física.

5. Não respeitar a privacidade

O indivíduo com ciúmes patológico não confia em seu cônjuge e costuma vasculhar os pertences em busca de alguma prova que confirme a infidelidade. Nesse sentido, os hábitos mais comuns envolvem checar o celular do parceiro, perseguir, seguir, criar perfis fakes, entre outros comportamentos extremamente invasivos.

Outros sintomas também comuns são:

  • Impulsividade;
  • Suspeitar de um terceiro no casal sem provas;
  • Possuir incapacidade de controlar o ciúmes;
  • Justificar suas suspeitas com explicações infindáveis;
  • Interpretar as situações à seu modo;
  • Interrogar e investigar a pessoa de quem sente ciúmes constantemente;
  • Ignorar os fatos concretos que possam inocentar o outro das suspeitas;
  • Entre outros.

Tratamento para ciúme doentio

O tratamento psicológico para ciúmes é um dos melhores meios para identificar causas e oferecer técnicas para diminuir seus efeitos profundos na vida dos pacientes. Porém, existem casos extremos em que a intervenção medicamentosa se faz necessária.

”Em alguns pacientes a ideia de infidelidade é tão forte, tão recorrente no pensamento, que altera as relações com outras pessoas. Nesses casos, uma medicação pode atenuar a intensidade dessa ideia fixa”, aponta o psiquiatra Walter Ghedin em entrevista à BBC.

É essencial aprender como lidar com o ciúme, seja nos casos patológicos ou normais, pois a saúde psicológica tanto de quem sente o ciúme, ou de quem é afetado por ele, sofre. Portanto, caso esteja passando por algo parecido, converse com um de nosso psicólogos. A Telavita pode te ajudar, onde estiver e quando quiser.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Tenho quase certeza que meu namorado tem esse problema de ciúme patológico, mas não consigo fazer ele enxergar. Pedi pra fazermos terapia juntos mas ele é preconceituoso com essas idéias. Preciso de ajuda! Preciso falar com alguém, mas não tenho recursos pra bancar uma terapia infelizmente.

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