A reflexão sobre a solidão e solitude nos leva a compreender a importância de saber a diferença entre ambas. São conceitos que povoam a alma, moldam nossas relações com o mundo e convidam à exploração do nosso íntimo.

Solidão e solitude: duas palavras que ressoam com diferentes matizes emocionais, mas que compartilham um espaço próprio em nosso universo emocional.

O que é solidão?

A solidão é a desconexão; a ausência de pertencimento com o mundo e com os outros. Dessa forma, pessoas solitárias não conseguem sentir identificação com o meio e com quem está ao seu redor, causando isolamento.

No entanto, tristeza e solidão não são bons aliados. A psicologia aponta que os transtornos mentais são muito comuns nas pessoas que se sentem sós e, essa condição pode ser um gatilho para as crises de síndrome do pânico, ansiedade, estresse e depressão profunda.

De acordo com a Cruz Vermelha Britânica mais de 9 milhões de pessoas dizem viver permanentemente ou frequentemente sozinhas. Sendo assim, o Reino Unido percebeu as altas taxas de doenças psicológicas nas pessoas que vivem na solidão e tomou a atitude de criar um ministério dedicado a erradicar esse mal silencioso – o ministério da solidão.

O que é a solitude?

A solitude é o momento de solidão em que podemos desenvolver o autoconhecimento, de nos encontrar ao invés de tentar fugir e de nos aceitar como realmente somos independentemente da aprovação do outro.

Contudo, todos os dias, procure marcar um encontro com você mesmo. Pode ser uma caminhada, um almoço, praticar meditação ou ficar no quarto em silêncio por alguns minutos.

Reservar um tempinho para si mesmo ajuda no desenvolvimento do autoconhecimento e da inteligência emocional. Indivíduos com essa capacidade conseguem guiar a própria vida com mais destreza, pois sabem identificar seus pontos positivos, fraquezas e como as emoções que sentem o fazem interagir nos relacionamentos interpessoais.

Solidão e solitude: quais as diferenças?

A solidão e solitude possuem significados distintos. A solidão é o sentimento de se sentir sozinho,  já  a solitude é o sentimento de estar só e conseguir aproveitar da própria companhia, não se sentindo sozinho de fato. 

Todavia, enquanto sentir-se sozinho leva à angústia, reservar um pouquinho de tempo para ficar com os próprios pensamentos pode ser um grande aliado no desenvolvimento da inteligência emocional.

É importante apontar que, cada indivíduo é diferente. Alguns, sentem-se energizados após alguns momentos sozinho, enquanto outros, não conseguem nem almoçar sem ter companhia de outras pessoas. Logo, é preciso respeitar o espaço de cada um e também entender que a própria companhia pode ser um grande presente, mas se prolongada, o feitiço vira contra o feiticeiro.

A solidão e solitude para Clarice Lispector

“Que minha solidão me sirva de companhia

E eu tenha a coragem de me enfrentar

Que eu saiba ficar com o nada

E mesmo assim me sentir

Como se estivesse plena de tudo”.

As obras da escritora ucraniana naturalizada brasileira, Clarice Lispector, são marcadas por uma profunda introspecção e compreensão de si. Dessa forma, o autoconhecimento provocado pela quietude provam que ficar sozinho pode, muitas vezes, proporcionar alguns benefícios.  

Um estudo realizado pela Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, analisou 295 voluntários e classificou como “unsociable” (insociabilidade) aqueles que procuram estar sós voluntariamente de tempos em tempos. Sendo assim, eles relacionaram o quesito criatividade com esses indivíduos e que, em tempos curtos, optar pela reclusão é benéfico nesse sentido.

Para algumas pessoas, ficar só ajuda na criatividade, na organização das ideias, na conexão com a própria essência e na recarga de energia. Essas pessoas, que assim como Clarice Lispector, não se sentem mal ao ficarem sozinhas e conseguem ser feliz na própria companhia.

A terapia para quem não consegue ter momentos de solitude

Para aqueles que acham difícil encontrar momentos de solitude em meio à agitação da vida moderna, a terapia oferece um refúgio emocional e estratégias concretas para cultivar espaços de introspecção.

Os psicólogos podem auxiliar os indivíduos a explorar as raízes de sua aversão à solidão. Assim,  identificando padrões de pensamento ou experiências passadas que contribuem para essa dificuldade.

Logo, com o apoio adequado, é possível transformar a resistência à solidão em uma jornada de autodescobrimento, resiliência emocional e crescimento pessoal.

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