“Stalkear” é uma prática que pode ter consequências severas
Você já deu uma “stalkeada”? Não precisa responder essa pergunta, mas saiba que essa é uma atitude até que comum nos dias de hoje. Afinal, quem não quer saber um pouco mais sobre aquele pessoa que acabamos de conhecer? Trata-se de um instinto investigativo interessante e que as redes sociais propiciam.
Quando ela ocorre num grau baixo, como no caso apresentado acima, ela não apresenta nenhum problema. Porém, o significado de stalker ganha outra conotação quando realizada de forma intensa, afinal, pode representar um perigo muito grande.
Então, a questão principal não está sobre o que é stalking, mas como stalkear. Dessa forma, é necessário entender o assunto de forma aprofundada para compreender a complexidade do tema e os limites sobre o que é stalker ou não.
Sendo assim, acompanhe o artigo, pois iremos esclarecer diversas dúvidas sobre o universo do stalking. Vamos tratar sobre o significado de stalkear e aprender quando tal prática pode ter implicações legais.
O que é “stalkear”?
Stalkear. O que significa essa expressão, afinal? Bem, a origem da palavra vem do inglês e significa “perseguidor”, mas também é traduzido como “ato de perseguir” = stalkear (adaptação ao português).
Além disso, essa classificação de comportamento não é atual. Ainda na década de 1980, a expressão referia-se as perseguições que as celebridades sofriam. Já no contexto atual, ela é utilizada principalmente a partir das redes sociais, que facilitou (e muito) essas ações escondidas.
Porém, o que nem todos sabem é que o seu significado denota alguém que pratica um ato abusivo. Sendo assim, tal atividade tem capacidade de virar um grande problema psicológico sem que a própria pessoa perceba.
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Vale ressaltar que a sua prática não é considerada um crime ou problema psicológico até um certo limite. Nesse sentido, quando o indivíduo passa a ficar obcecado e começa a adotar atitudes compulsivas, pode-se, então, identificar problemas emocionais.
Ainda, por trás de um stalker compulsivo existem diversos problemas mal resolvidos, como: traumas, rejeições ou inseguranças. Muitas vezes, a pessoa começa aprendendo como investigar uma pessoa e depois torna-se um viciado em vasculhar a vida alheia. Em diversos casos, o indivíduo esquece de cuidar a própria vida e negligencia a sua saúde física e mental.
O que significa “stalkear” nas redes sociais
A palavra stalker é muito conhecida entre os participantes das redes sociais. Afinal, ela nasceu na internet como uma nomenclatura no sentido de espionar as atividades de outras pessoas.
Como dito antes, tal atitude é bem comum dentro do ambiente digital. Hoje em dia, é muito fácil pesquisar sobre dados e informações sobre qualquer indivíduo, por isso, torna-se uma prática recorrente.
Dessa forma, é comum stalkear o Facebook de alguém ou até ser o Instragam stalker de uma pessoa. Bisbilhotar a vida alheia com um pouco mais de afinco é o que concebe o stalker digital. Então, tal prática aparece quando observamos bastante o feed e stories de algum perfil.
Apesar de ser fácil aprender como investigar uma pessoa na internet, a pesquisa simples e sem profundidade não configura a atitude que caracteriza, de fato, o stalker. Aprender a diferença é fundamental na hora de configurar algum desvio psicológico.
Tipos de stalker
Agora que sabemos o que significa “stalker”, temos também que ter em mente algumas diferenciações importantes. Tal atividade pode ser fundamental na hora de compreender algum problema psicológico.
Dessa forma, podemos perceber que existem diferentes níveis dessa prática. Entender as peculiaridades de cada uma permite reconhecer o grau de problema da situação. Então, vamos conferir abaixo:
- Circunstanciais: possuem algum impacto emocional junto com fragilidades e, por isso, começam a perseguir a vida de alguém;
- Sociopatas ou psicopatas: não importa quem seja e qual a circunstância, eles assediam a vida de qualquer um. Não conseguem raciocinar direito e pensam nos modos que podem utilizar para stalkear pessoalmente também. Dessa forma, se atropelam nas regras sociais e utilizam da perseguição para amenizar o que sentem;
- Fixadores: possuem cisma com uma única pessoa e fazem da existência dela um motivo de viver. Sendo assim, procuram uma maneira de participar dos momentos e sentimentos dessa pessoa. Exemplo: fãs fanáticos por seus ídolos.
Stalker: causas psicológicas
Como percebemos, o que é stalkear uma pessoa pode ser definido como um comportamento extravagante e que foge do controle dos indivíduos, entretanto, as suas causas ainda estão sendo investigadas.
Conforme a psicologia explica, muitos stalkers não conseguem lidar com suas perdas e frustrações. Existe um certo desequilíbrio emocional, principalmente, diante à uma rejeição ou qualquer outro motivo que cause a insegurança, tristeza ou inferioridade.
Sendo assim, eles se sentem motivados a estarem próximos ao indivíduo que os causa essa reação, pois, assim, procuram entender o porquê de tudo isso que estão sentindo. Dessa forma, sempre visualizam como está a rotina e o dia a dia dessa pessoa.
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De acordo com um estudo de 2012, publicado na revista “Aggression and Violent Behavior“, “as motivações para perseguir incluem uma crença ilusória no destino romântico, um desejo de recuperar um relacionamento anterior, um desejo sádico de atormentar a vítima ou uma super identificação psicótica com o vítima e o desejo de substituí-lo”.
Além disso, vale ressaltar que para o perseguidor não importa a forma usada para contato com esse outro indivíduo. Então, ela pode acontecer pelas redes sociais ou até mesmo com presentes, declarações ou perseguições em público.
Como lidar com a mania de stalkear?
“Eu fico ‘estalkeando’ todo mundo. O que eu faço?”. Bem, se você realmente acha que possui algum problema conforme mencionado, o primeiro passo já foi realizado, pois, trata-se da assimilação da questão.
Então, uma vez que a pessoa compreende a gravidade da situação, é fundamental procurar acompanhamento psicológico. Dessa forma, o profissional conseguirá ajudar a pessoa a entender os motivos desse comportamento e trabalhar numa construção positiva.
O trabalho com o psicólogo indicará a origem dos problemas e atuará de forma a dar total suporte quanto aos traumas adquiridos. Sendo assim, o stalker conseguirá superar essas questões, evitando que a situação seja agravada.
O trabalho psicológico é muito importante, pois os perseguidores podem apresentar quadros de depressão, estresse traumático, síndromes, etc., os quais repercutem diretamente em sua vida social, familiar, amorosa e profissional.
Vale ressaltar que a ajudar psicológica não deve ser limitada somente aos stalkers. Conhecer na pele o que é stalkear uma pessoa é uma experiência muito intensa, por isso, é fundamental que a vítima também procure um profissional capacitado para conseguir lidar com todas as emoções que surgirem.
Quando stalkear torna-se um problema?
Conforme visto, a maioria dos stalkers estão interessados na vida de seus ex-companheiros ou no cotidiano de pessoas que não fazem mais parte do convívio, mas que já foram muito próximas delas, podendo ser alguém da família, amigo ou colegas.
Algumas hipóteses apontadas para esse tipo de atitude, mostra que esses indivíduos são inseguros ou possuem muito medo de discussões, por isso, querem investigar primeiro a vida pelas redes sociais e evitar o contato cara a cara.
Esse comportamento pode resultar em horas e horas do dia espiando alguém. O mais problemático, entretanto, é quando o perseguidor resolve, de fato, praticar alguma agressão, seja ela física ou psicológica.
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Porém, qual o limite dessa discussão? Quando stalkear vira um problema? Bem, o que vai definir se é ou não um problema a ser investigado é a frequência com que acontece as perseguições. Nesse sentido, o tempo dedicado a prática é fundamental, além disso, o nível de obsessão é um indicador razoável para a questão.
Dessa forma, o problema ocorre, geralmente, quando as pessoas não conseguem seguir em frente após um término de relacionamento ou quando acontecem discussões que envolvam conhecidos.
Sendo assim, os stalkers optam por observar detalhadamente a vida das vítimas com intuito, principalmente, de avaliar se os envolvidos estão se sentindo tão desapontados ou entristecidos quanto eles. Essa atitude é realizada com o intuito de se fortalecerem e enfrentarem a situação com mais calma e menos sofrimento.
Pessoas que gostam de ser controladoras e invasivas estão mais propensas a fazerem desse comportamento um hábito, porque só assim conseguem amenizar os sentimentos de tensão, tristeza e insegurança.
Stalkear: o que é crime nessa prática?
Curiosamente, o stalking como tratamos no artigo não é considerado crime no Brasil. “Então, quer dizer que posso perseguir quantas pessoas eu quiser?”. Bem, também não é por aí.
Para entender a situação, é interessante notar que não existe nenhuma previsão legal específica no Código Penal sobre a atitudes dos stalkers. Entretanto, os problemas que ocorrem hoje são tipificados para dar alguma punição à essas pessoas.
Muitas vezes, o stalking é considerado como uma contravenção penal, nos termos do artigo 65 da Lei de Contravenções Penais, Decreto-lei nº 3.688/41: “Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável”. Nesse contexto, o indivíduo pode ser preso e ainda há previsão de multa.
Além disso, quando o agressor é alguém da família, uma pessoa com quem a vítima se relacionava ou já se relacionou intimamente, o crime pode ser enquadrado dentro da Lei Maria da Penha. Nesse sentido, é até possível pedir uma medida protetiva para assegurar a integridade da pessoa.
Mesmo assim, já existem alguns Projetos de Lei que visão tipificar exatamente essa atitude do stalking. Dessa forma, não deverá levar muito tempo até que o problema seja devidamente reconhecido dentro do Código Penal.