O suicídio permanece encoberto nas conversas do cotidiano, persistindo como um tabu que evoca sentimentos de vergonha, condenação e está associado à loucura ou à covardia. No entanto, não podemos negar a presença desse tema em nossa realidade atual.
Contudo, é essencial reconhecer que nossos filhos, familiares e amigos podem estar necessitando de apoio psicológico, mesmo que enfrentem dificuldades para solicitar ajuda, movidos pelo receio ou constrangimento.
As estatísticas claramente evidenciam a gravidade do suicídio como um problema de saúde pública. Em 2012, um total de 804 mil indivíduos tiraram suas próprias vidas em âmbito global, correspondendo a uma taxa de 11,4 por cada mil habitantes, conforme atestado pelo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Casos com repercussão mundial
No ano de 2017, o mundo foi abalado pelas trágicas notícias do suicídio de Chris Cornell e Chester Bennington, ambos enforcando-se, conforme constatado em exames necroscópicos.
Um caso igualmente marcante é o do renomado ator Robin Williams. Sua esposa, Susan Schneider, foi testemunha direta das dificuldades enfrentadas por Williams, incluindo seus problemas de saúde mental. Além da depressão, o ator enfrentava também ansiedade e demência com corpúsculos de Lewy (DCL).
Vendo situações como estas, muitas pessoas pensam em relação ao caso com vários questionamentos: por que uma pessoa com tanta estabilidade financeira, com tantos fãs e uma vida artística incrível, chegaria ao ponto de deixar o sucesso, a família e cometer suicídio?
Entendendo mais sobre o suicídio
O suicídio não se revela por uma explicação objetiva e clara, mas, ao contrário, parece ser resultado da interseção complexa de fatores biológicos, emocionais, socioculturais, filosóficos e até religiosos, os quais, entrelaçados, culminam numa expressão extrema contra si mesmo.
Nesse contexto, a estabilidade psicológica se descontrola, levando o indivíduo a uma encruzilhada onde não vislumbra alternativa senão pôr um fim à própria trajetória e existência.
Contudo, é interessante entender que, aqueles que fazem ameaças de suicídio não estão meramente blasfemando ou buscando chamar atenção, eles realmente se encontram em um estágio crítico.
Essas pessoas possuem total compreensão de que os atos que planejam em relação à própria vida podem, de fato, ter êxito, e de certo modo, anseiam por esse desfecho.
A importância do apoio familiar
A presença e o apoio da família desempenham um papel vital quando se trata de lidar com pessoas que expressam o desejo de cometer suicídio. Em momentos de profundo desespero e vulnerabilidade, a conexão emocional e o suporte de entes queridos podem ter um impacto significativo na redução do risco de suicídio.
Além disso, a família pode desempenhar um papel fundamental ao encorajar a pessoa a procurar ajuda profissional. Ajudar a agendar consultas com psicólogos e psiquiatras pode ser um passo importante na direção de obter tratamento adequado para problemas de saúde mental.
Todavia, o apoio familiar pode também desempenhar um papel ativo na monitoração dos sinais de alerta e no fornecimento de intervenção precoce. Manter uma comunicação aberta e constante com a pessoa pode ajudar a identificar mudanças de comportamento e emoções, permitindo uma intervenção mais rápida.
Como monitorar o risco de suicídio em alguém
Monitorar o risco de suicídio em alguém é uma responsabilidade crucial e sensível, especialmente quando se suspeita que a pessoa possa estar em perigo. Abaixo estão algumas orientações sobre como realizar esse monitoramento de maneira eficaz e compassiva:
1. Observe as frases ditas pela pessoa
Existe um mito de que pessoas que falam em suicídio só o fazem para chamar a atenção dizendo diversas frases, como: “não aguento mais”, “eu queria sumir” e “eu quero morrer”.
A verdade é que essas frases em momentos de sofrimento particular, são as expressões da verdadeira vontade da pessoa, as quais darão à ela a motivação no momento em que achar a oportunidade de executar o que é desejado.
2. Evite deixar a pessoa sozinha
Evitar deixar a pessoa sozinha é uma medida de extrema importância quando se suspeita que ela esteja em risco iminente de suicídio. Ter alguém por perto não apenas proporciona um senso de companhia e apoio, mas também pode desempenhar um papel crítico na prevenção de ações impulsivas e potencialmente fatais.
3. Verifique se há o uso de drogas
É importante observar os comportamentos em relação à depressão e drogas, pois segundo os dados sobre suicídio, a maioria das pessoas que tomam essa atitude estão envolvidas com o uso de substâncias psicoativas. Lembrando que quando falamos de drogas, nos referimos também ao tão comum álcool.
Para essas pessoas, esse tipo de substância ameniza o peso dos problemas que enfrentam e as dão força de alguma maneira. Contudo, essa força pode ajudar a realizar de fato o que passar em sua mente, inclusive o suicídio.
4 . Desmistifique o mito da adolescência
Muitas vezes o comportamento dos adolescentes em relação à vida, pode parecer normal quando pensamos no senso comum. Entretanto, é fundamental estar atento a essas atitudes. O isolamento do mundo ou até mesmo a rebeldia podem indicar outras trajetórias além da crise própria dessa idade.
5. Observe atitudes e comportamento
A depressão ainda continua sendo a causa mais severa para o suicídio. Por isso é preciso prestar atenção em atitudes que demonstram pouca autoestima e desinteresse pela vida ou em relações com outras pessoas.
Ainda que a pessoa apresente melhoras, a observação sempre é válida, pois não sabemos se essa atitude não dará abertura para o suicídio.
A terapia é essencial na prevenção do suicídio
Muitas pessoas enfrentam problemas psicológicos, sociais, financeiros, religiosos, familiares e emocionais. Dessa forma, precisam de ajuda para que superem e consigam retornar a vida normalmente.
Todavia, se há o mínimo indício de que alguém querido está passando por esse momento de dificuldade, é de extrema importância uma avaliação psicológica. Se necessário, um tratamento deve ser considerado para resgatar o melhor dessa pessoa para a sua própria consciência.