Pessoas entram e saem dos seus respectivos trabalhos a todo o momento. Entretanto, quando alguém sai voluntariamente do seu emprego, geralmente, observamos esse fenômeno por uma perspectiva positiva. Porém, quais os efeitos negativos que isto causa para as organizações e para a trajetória profissional dos trabalhadores?
A retenção de talentos é um dos principais fatores de sucesso nas empresas, porém o turnover pode ter efeitos devastadores dentro da organização.
O turnover é um termo utilizado para tratar dos desligamentos e novas admissões. Basicamente, trata-se de uma taxa de rotatividade do quadro de funcionários e ela está sendo observada cada vez mais de perto pelo ambiente corporativo.
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Esse movimento está acontecendo, porque os prejuízos da rotatividade vão além do aspecto humano. Dessa forma, é possível observar um impacto direto no financeiro e na reputação das empresas no mercado. Nesse sentido, de acordo com a Bazz Consultoria em RH, os gastos com a rescisão do profissional e a consequente abertura de um novo processo seletivo podem custar entre três e 15 vezes o salário do cargo.
Isso ocorre, pois o turnover resulta num aumento significativo de custos de recrutamento, seleção e treinamento de cada novo colaborador. Além disso, a companhia precisa arcar com retrabalhos e improdutividades da vaga aberta, bem como com as rescisões contratuais e direitos trabalhistas da pessoa que está saindo.
A alta rotatividade também causa repercussão no capital intelectual da instituição. Sendo assim, quando tal prática é recorrente e realizada de maneira impiedosa, é possível perceber que o conhecimento geral da organização vai se perdendo, pois anos de processos e métodos do local não são transmitidos apropriadamente.
O que causa o turnover?
Sob a perspectiva objetiva, questões como insatisfação com a remuneração, falta de benefícios atrativos, mercado de trabalho aquecido e falta de diretriz em relação ao cargo exercido, já contam para a alta rotatividade nas empresas. Porém, isto pode ser minimizado com algumas pesquisas de clima organizacional e metodologias atualizadas para congruência nas políticas de cargos e salários.
Entretanto, a perspectiva subjetiva oferece uma visão mais profunda dos problemas que a organização está passando internamente. Tratam-se das demandas biopsicossociais que os funcionários gostariam de ver dentro do trabalho.
Motivos pelos quais os profissionais desejam se desligar das companhias
A impossibilidade de crescimento, a insatisfação com as tarefas realizadas no trabalho, o clima organizacional ruim, pouca experiência e/ou inadequação ao perfil da vaga, uma gestão impositiva que não promove autonomia e a falta de reconhecimento profissional e de qualidade nos feedbacks oferecidos.
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Assim a falta de acolhimento quanto às demandas emocionais e o excesso de exigências incompatíveis com a carga horária comum, levam ao adoecimento físico e psíquico das pessoas, promovendo de forma negativa uma alta rotatividade nas corporações.
E o custo desse turnover não é barato. Segundo um estudo realizado no Reino Unido, a rotatividade provocada por motivos de saúde mental custa 8,6 bilhões de libras aos empregadores por ano.
Como reduzir o turnover?
As gestões das companhias podem priorizar o que chamamos de “salário emocional” para reter os talentos nas empresas. Trata-se, basicamente, do conjunto de fatores subjetivos (emocionais e motivacionais), que estimulam o funcionário a realizar um bom e reconhecido trabalho e se manter na organização.
Sendo assim, as organizações que passam a considerar como benefício “padrão” o cuidado com a saúde mental dos seus colaboradores, não só favorecem o engajamento dos colaboradores e a diminuição do turnover, como também aumentam a boa reputação de suas culturas corporativas.
Inclusive, segundo o estudo “Tendências Globais de Capital Humano” de 2018, 60% das empresas entrevistadas afirmaram que programas de bem-estar oferecidos ajudam a reter funcionários dentro das organizações.
A importância do atendimento psicológico
Os benefícios do tratamento de saúde mental para os profissionais são nítidos, já que eles passam a ter a oportunidade de investir em autoconhecimento através do atendimento psicológico. Construir ao longo do tempo mais condições de melhorar os índices de produtividade geral em suas vidas, bem como impactar positivamente seus relacionamentos interpessoais.
A terapia também aparece como uma ferramenta fundamental para cuidar de problemas já presentes. Portanto, o trabalho do psicólogo é crucial para identificar as causas dessas questões e tratá-las.
Por conta disso, o tratamento ajuda o indivíduo a desenvolver a capacidade de criar oportunidades para resolução de conflitos emocionais e de produtividade. A pessoa, então, passa a reconhecer os fatores que motivam suas carreiras, trazendo felicidade e estabelecendo âncoras de bem-estar.
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Investir em saúde mental e autoconhecimento
Torna-se possível ao funcionário reconhecer cada vez mais suas fortalezas. Conseguir caminhar em direção à construção de seu propósito, negociar com seus líderes mudanças necessárias para suas atividades e desenvolver sua carreira profissional de forma engajada e contínua.
Promover um benefício tão importante como este, podem diminuir o turnover e aumentar o compromisso de seu colaborador, além de motivá-lo a construir sua identidade profissional ao longo do processo.
E essa é a tendência do futuro. De acordo com uma pesquisa da Mind Share Partners, SAP e Qualtrics, 75% da geração Z e 50% da geração Y já deixaram cargos de forma voluntária por conta de problemas psicológicos.
Tratar do aspecto emocional dentro do trabalho precisa ser uma realidade. Todos ganham com o investimento na saúde mental. Ganha a empresa, ganha o mercado, ganha o profissional.