O vício em sexo não é saudável, ao contrário do que muitos pensam. No entanto, sabemos que o sexo é uma das bases de nossos laços e relações humanas. Logo, é a partir dele que temos contato com os nossos desejos mais íntimos e experiências das mais diversas.
Falar sobre sexo ainda é um tabu. Porém, desde os tempo dos gregos, o estudo científico do sexo e da sexualidade já existia e ocupava a mente e os pergaminhos dos filósofos. Entretanto, a sexologia como ciência, assim como o termo “sexologia”, só foi consolidada no fim do século XIX. Sendo assim, falaremos um pouco mais sobre o vicio em sexo e temas que permeiam o tópico.
O que é o vício?
Quando pensamos em vício, a primeira coisa que passa na mente é o abuso do álcool e das drogas. Só que, o que muita gente esquece, é que vício não é só isso. Uma série de fatores fazem desse problema algo muito mais profundo do que pensamos.
A palavra vício vem do latim “vitium” e significa “falha ou defeito“. Para o dicionário Aurélio, a definição de vício é: tornar mau, pior, corrompido ou estragado; alterar para enganar; corromper-se, perverter-se, depravar-se. Já para a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma doença física e psicoemocional.
Em contrapartida, o vício para a psicologia é muito mais do que uma simples falha. A área investiga as consequências, motivações, origens e características do vício e de seus dependentes, A psicologia compreende o vício como um mecanismo de fuga emocional que visa a obtenção de prazer e extinção da dor.
O que é desejo sexual?
Os cientistas entendem o desejo sexual como um fenômeno bioquímico. Portanto, desencadeia inúmeros processos no organismo, como alterações hormonais, surgimento de emoções e descompasso.
Logo, seus efeitos podem ser observados na agitação física, como coração acelerado, pernas bambas e euforia. Além disso, quando esse desejo inflama e passa dos limites, entra em conflito com os fatores psicológicos também em disfunção. A união desses dos fatores cria o vício em sexo, representado por uma compulsão sexual fora do normal.
A origem da compulsão sexual
Na mitologia grega, as ninfas eram espíritos da natureza na forma de belas figuras femininas que, dentre outras coisas, representam a fertilidade e fecundidade da natureza. Já os sátiros, eram seres da natureza cuja forma era metade humana (sempre masculino) e a outra metade bode, representando grande potência sexual.
As ninfas e os sátiros frequentemente se relacionavam em cortejo de Dionísio (Baco), o deus grego do vinho, das festas, da fecundidade e libido. Resgatando as raízes gregas, a compulsão sexual dos homens é chamada de satiríase, em alusão aos sátiros, e ninfomania, às ninfas.
O vício em sexo
O que muita gente confunde é que a patologia não se resume a ter muitas relações sexuais por semana, e sim a dificuldade que o indivíduo tem de pensar em outra coisa que não seja sexo. Sendo assim, o desejo sexual passa a guiar a vida da pessoa, fazendo-a desfocar de tudo o mais que a cerca em prol da realização do desejo.
O desejo de sexo a todo tempo, conhecido como compulsão sexual, afeta o indivíduo em todos os aspectos de sua vida, seja em sua produtividade no trabalho ou na relações sociais, principalmente com o(a) parceiro(a), que também sofre muito com o distúrbio.
Tipos de vício em sexo
Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou o seu catálogo de doenças e reconheceu o comportamento sexual compulsivo como transtorno mental. Isso foi um grande passo para a divulgação de informação e, consequentemente, do diagnóstico e tratamento adequados para os viciados em sexo.
Satiríase
Esse transtorno psiquiátrico é caracterizado pelo excesso de apetite sexual sem alterações biológicas consideráveis para justificar os desejos e consequentes atos, ou seja, o distúrbio tem origem psicológica.
O comportamento do homem viciado em sexo, ou satiríaco, são obsessivos, impulsivos e compulsivos. Alguns sintomas recorrentes são:
- Excesso de masturbação durante o dia (mais de uma vez);
- Desejo e necessidade constante por relações sexuais;
- Relações sexuais nem sempre ligadas por laços afeitos;
- Recorre sempre à pornografia e objetos sexuais;
- Imensa dificuldade em estabelecer e manter laços emocionais;
- Sentimento de culpa depois do ato sexual;
- Uso compulsivo de aparelhos sexuais;
- Trocas frequentes de parceiros sexuais;
- Dificuldade para sentir prazer após a relação.
Ninfomania
Ninfomaníaca é a mulher viciada em sexo. Esse transtorno psicológico tem comportamento característico a compulsão sexual. Junto na bagagem, vem o sentimento de culpa após o ato sexual e, em muitos casos, pode surgir depressão e ansiedade. A compulsão por sexo nas mulheres pode apresentar os mesmos sintomas da satiríase.
Tratamento para quem é viciado em sexo
O acompanhamento psiquiátrico e psicológico é o tratamento adequado para os casos de vício sexual (satiríase e ninfomania). O excesso de líbido e pensamentos obsessivos são investigados e analisados quanto a suas origens e impactos na vida do compulsivo por sexo.
Existe a possibilidade da prescrição de medicamentos, como antidepressivos. Mas tudo depende do quadro do paciente e da análise do especialista.
O vício em sexo é um problema sério e precisa ser encarado não como algo normal da sexualidade humana, mas sim como um distúrbio. E, como todo distúrbio, ele precisa ser tratado de forma adequada.